Na Bahia, nova variedade pode melhorar produtividade do guaraná no estado

Lançado em 2021, programa de melhoramento genético do guaraná, da Embrapa Amazônia Ocidental, levou 20 anos para ser implementado

Originalmente do estado do Amazonas, é da Bahia que sai a maior produção de guaraná do Brasil. Há mais de 30 anos produzindo a fruta, as fazendas Karina e Jacarandá, na zona rural de Ituberá, no sul da Bahia, participam de uma pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com uma nova variedade, a BRS Noçoquém, que promete maior produtividade e qualidade genética.

As fazendas são herança dos pais do jovem agricultor Leonardo Araújo, 26 anos, e do irmão, de 35, Paulo Vitor Araújo. As lavouras produzem guaraná 100% orgânico em uma área de 72 hectares.

A expectativa para a safra 2023 é que juntas, as duas propriedades produzam cerca de 10 toneladas. A floração começa em setembro e depois de 2 meses, a colheita dos frutos iniciando no final de novembro, sendo concluída em março.

De acordo com Leonardo Araújo, as fazendas possuem certificação IBD (Instituto Biodinâmico) de produto 100% orgânico, para o mercado brasileiro, americano e europeu.

Uma das características da produção do guaraná nas propriedades, é o manejo por sementes, que apesar do tempo maior para comercialização – em média 5 anos para a geração de frutos, na comparação do plantio por estaca que gira em torno de 2 a 3 anos – promove a fortificação do solo, prodominantemente irregular na Bahia.

O objetivo é de que em 6 anos, as propriedades passem a registrar uma produção de 50 toneladas por ano, graças a uma parceria de desenvolvimento e aperfeiçoamento promovido pela Embrapa.

O produtor explica que a planta precisa de muitos cuidados para ter uma boa produtividade, principalmente por conta das características da planta.

“Uma planta com boa genética e bom cuidado vai atingir um quilo por pé, mas há plantas excepcionais que batem três, quatro quilos, isso com muito cuidado. Numa média geral, é muito menor do que isso, porque o guaraná requer muitos cuidados ao longo do ano que se não forem feitos podem cair com a produção pela metade, como por exemplo, a poda que precisa ser feita anualmente porque o guaraná só dá em ramificações nova”, conta.

Pesquisa

A parceria da Embrapa com a Guaraná do Brasil, empresa criada pelos irmãos, foi iniciada pelo falecido pai, Luciano Araújo e antigo proprietário das fazendas no ano de 2000.

Atualmente, buscam em conjunto a melhoria de preços no mercado, aperfeiçoamento e melhoramento genético da cultura.

De acordo com André Luiz Atroch, pesquisador da Embrapa, lançado em dezembro de 2021, o desenvolvimento da BRS Noçoquém foi feito dentro do programa de melhoramento genético do guaraná, da Embrapa Amazônia Ocidental e levou 20 anos de estudos.

Além da Bahia, o projeto abrange os estados de Pernanbumco, Piauí e Sergipe no nordeste, e Amazonas e Acre, no norte do país.

Mais produtividade

A expectativa entre a Embrapa e agricultores é uma melhor produtividade com a BRS Noçoquém, uma vez que, esta é a primeira espécie de guaraná com propagação por sementes do mundo, com uma média 2,3 kg podendo alcançar 3 kg por pé.

“A diferença da BRS Noçoquém para as variedades usadas pelos produtores na Bahia é justamente o seu alto padrão genético, que vai proporcionar melhores produções”, pontua o pesquisador, André Luiz Atroch.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a Bahia é o estado que em 2022, produziu 63,2% de todo o guaraná colhido no Brasil, com uma safra que alcançou a marca de 1.555 toneladas.

No entanto, alguns problemas ainda precisam de estudos e soluções que estão sendo desenvolvidas pela Embrapa.

Esses estudos, liderados pelo pesquisador, Lucio Santos, envolvem o manejo geral da cultura, desde a criação de mudas até beneficiamento. Com o jovem agricultor, Leonardo Araújo, o projeto envolve a pesquisa do guaraná orgânico e a criação de uma solução para o controle de mato na agricultura orgênica.

Fonte:Foto:Canal Rural/Leonardo Araújo/Guaraná do Brasil