O vereador Luiz Carlos Suíca (PT), vice-líder da oposição na Câmara de Salvador, criticou duramente projeto do democrata Alexandre Aleluia que retirou o nome de Paulo Freire de escola municipal da capital baiana. Suíca não poupou críticas e disse que a proposta “beira a insanidade” e “reflete a mesma ideologia do presidente Bolsonaro”, que recentemente chamou o educador brasileiro de “energúmeno”.
O petista frisa que “não foi a Câmara que aprovou o projeto”, mas sim a maioria da Casa, que é situação. Ele também faz um apelo e pede que a peça seja vetada pelo prefeito ACM Neto (DEM). Suíca aponta que o gestor tem declarado que não é de direita. “Não é possível apagar das memórias das pessoas uma figura tão importante para a educação e para o país que foi Paulo Freire”.
Para o vereador oposicionista, não é justo que a Câmara seja massacrada por um projeto individual. “Foram aprovados alguns projetos de vereadores e esses projetos não foram votados individualmente. Acaba que eles [da bancada de situação] têm a maioria e a maioria conta com Aleluia. E está errado dizer que foi a Câmara de Vereadores que aprovou retirar o nome de Paulo Freire da escola. Não foi a Casa, foi um grupo de vereadores da base de ACM Neto. Como é um sistema corporativista de aliança com o autor do projeto, Alexandre Aleluia, que se declara bolsonarista, seguiu os mesmos ideais do seu mentor. Isso beira a insanidade. Não saber ou não entender o legado de Paulo Freire é não enxergar que a educação é um processo de revolução social”, frisa Suíca.
Ainda de acordo com o petista, “a educação é de suma importância para a população ter senso crítico e voz ativa dentro de uma sociedade preconceituosa e dominada por uma elite opressora”. Suíca diz que defender Paulo Freire, que na sua pedagogia do oprimido aponta o caminho de abertura para que várias pessoas pudessem ter acesso à educação, é defender os professores e o método brasileiro de ensino.
“Ele mostrou que é possível educar, ensinar com custo baixo e ser um país desenvolvido via educação. Não podemos generalizar, a Câmara é composta de pessoas com diferentes ideologias. Infelizmente a ideologia de Aleluia é de Bolsonaro”. A escola Paulo Freire pode se chamar José Bonifácio, em homenagem a um dos patronos da Independência do Brasil, caso o prefeito sancione o projeto de Aleluia.