O bairro de Itapuã ganhou nesta terça-feira (16) uma importante iniciativa de fomento ao desenvolvimento artístico e cultural com a inauguração da Escola Criativa Boca de Brasa Polo Itapuã, na sede do Malê Debalê. A inauguração contou com a apresentação de crianças do projeto Malezinho e com a participação do rei e rainha do Malezinho, Kailla Louise e Ivan Lucas Cardoso, além da presença de Fernando Guerreiro, presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM) e da coordenadora-geral das Escolas Criativas Boca de Brasa ICEAFRO, Fabíola Aquino.
Este ano, o programa artístico-cultural Escolas Criativas Boca de Brasa mantém dois focos de atuação: a inauguração e início das atividades nos novos polos criativos (Boca de Brasa Barra-Pituba no Centro Cultural Mãe Carmen de Gantois e Boca de Brasa itapuã) e o programa de aceleração de iniciativas culturais e criativas Boca de Brasa. O programa é realizado pela FGM e conta com a parceria da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda (Semdec) e do Instituto Aliança.
Fernando Guerreiro ressaltou que o programa está entrando numa fase muito interessante: “Desde o ano passado, estamos potencializando as iniciativas que já existem nos bairros, porque é interessante a gente perceber que não precisa inventar a roda. Os movimentos já existem, principalmente quando a gente vem para um lugar como o Malê Debalê, que já tem um trabalho de décadas. Então a gente chega aqui e já encontra um terreno prospectado e trabalhado, o qual iremos reforçar”, disse.
O Boca de Brasa Polo Itapuã já começa as atividades esta semana. Segundo Fabíola Aquino, no local serão realizados cursos de Música Percussiva, Sonorização, Dança Afro, Turismo Cultural e Comunitário, além de Figurinos e Adereços, com muita diversidade técnica, envolvendo toda a área de economia criativa. A estimativa é de que 90 alunos, com idade a partir de 18 anos, participem das atividades formativas ao longo deste ano, com uma média de distribuição de 20 pessoas por turma.
“Os alunos daqui são, na verdade, pessoas interessadas em prosperar e crescer profissionalmente dentro desse âmbito das artes e da economia da cultura. São esses os serviços culturais cujo saber está sendo oportunizado nessa escola ao longo deste ano. E além dos conteúdos específicos, os alunos terão também aulas sobre grupo e identidade, mídias sociais, empreendedorismo e gestão cultural. Alguém que faça Dança Afro, por exemplo, terá um aprendizado que não será restrito às técnicas de dança, mas também sobre como ela pode ter ganhos e visibilidade nos seus saberes e fazeres”, destacou Fabíola.
Capacitação – Diretor da Salvador Tech, que oferta cursos gratuitos em diversas áreas, fomentando a cultura inovadora, tecnológica e empreendedora no município, Vinicius Mariano contou que a Semdec vê no Movimento Boca de Brasa uma possibilidade de potencializar talentos que já existem em todos os bairros.
“Os polos descentralizados no território de Salvador auxiliam nesse processo de empregabilidade e empreendedorismo, que são os dois focos que a gente vislumbra para a geração de renda. A gente foca no conteúdo de posicionamento de mercado, de marketing, empreendedorismo, gestão financeira, tudo aquilo que vai além e complementa a parte artística. Também fazemos todo o fomento para tentar aproximar o mercado e as empresas contratantes desses talentos que estão sendo criados, desenvolvidos e acelerados dentro do movimento”, destacou.
Ele explica que os cursos voltados para a área de gestão, mídias sociais e empreendedorismo são oferecidos também de maneira presencial. Além disso, os alunos passam a ter acesso a diversos outros programas da Semdec tanto de maneira on-line como híbrida e presencial.
“Nós, da Semdec, vislumbramos que a economia da cultura e a economia criativa têm um potencial enorme dentro da capital. Viemos trabalhando no primeiro ciclo apenas o processo de incubação. Neste segundo ano, entendendo que a gente tem que dar apoio também àqueles que já estão em uma fase de maturidade, a gente incluiu o processo de aceleração. Então, a gente vai ter iniciativas sendo incubadas, em um processo mais novo, mais inicial e acelerado, contemplando aquelas que já passaram pelo primeiro ciclo do Boca de Brasa”, afirmou Vinícius Mariano.
Outros polos – No dia 2 de abril, a Escola Boca de Brasa ICEAFRO Polo Barra-Pituba foi inaugurada no Centro Cultural Mãe Carmen de Gantois, no bairro da Federação. A inauguração foi marcada por apresentações artísticas e culturais, além da exibição do curta-metragem Boca de Brasa – Potência da Periferia.
No polo Barra-Pituba, estão sendo realizadas formações em audiovisual e fotografia, gastronomia, música percussiva, sonorização e contrarregragem. Os cursos oferecidos são destinados a jovens e adultos, com idade a partir de 18 anos, e interessados no campo da cultura e da economia criativa.
Até o final do ano, estão previstas, ainda, as inaugurações dos polos na Escola Municipal Clériston Andrade, em São Marcos; na Escola Municipal Nossa Senhora dos Anjos, em Brotas; na Organização de Auxílio Fraterno, na Liberdade e na Fábrica Cultural, na Ribeira.
Aceleração – Além dos cursos das novas Escolas Criativas, a FGM, por meio da Associação Conexões Criativas, está analisando propostas para o Programa de Aceleração de Iniciativas Culturais e Criativa, que visa estimular e fortalecer diversas formas de expressões artísticas e culturais. A aceleração contempla iniciativas artístico-culturais, individuais ou coletivas, que já tenham participado de atividades formativas oferecidas pelo Boca de Brasa entre os anos de 2013 e 2023 e que sejam vinculadas às regiões de Cajazeiras, Centro/Brotas, Cidade Baixa, Subúrbio/Ilhas e Valéria.
Quinze propostas serão selecionadas e receberão um total de R$ 30 mil para custeio de participação e execução de planos, contabilizando um investimento público direto total de R$ 450 mil.
“A parceria com o Instituto Aliança e com a Semdec vem com essa iniciativa da empregabilidade. Esse é o objetivo principal: mostrar cada vez mais que a cultura tem uma relação direta com a economia. Não adianta a gente fazer um trabalho no bairro e não empregar as pessoas, não abrir as portas no mercado. Então, esse é o objetivo principal: descobrir as iniciativas, estimular e fazer com que essas iniciativas se transformem em iniciativas rentáveis, que possam gerar sustentabilidade e uma vida melhor para essas pessoas”, conclui Guerreiro.