Campo Alegre de Lourdes – PT raiz: é agora ou nunca

Em Campo Alegre de Lourdes, a estrela do Partido dos Trabalhadores brilha nas eleições municipais desde 1982, quando a sigla surpreendeu o Brasil ao eleger dois vereadores no sertão baiano. Em quase 40 anos de uma história construída com afinco,  porém, agora, em 2024,  o PT está vivendo um drama existencial. Pode ter um candidato laranja, de fachada, que caiu de paraquedas no partido. Ou pode ter um candidato raiz, fundador do partido e sua mais reluzente estrela local. 
A história é bem conhecida. O PT municipal se organizou e cresceu na luta contra a seca, a pobreza e o analfabetismo. Apoiado por líderes católicos, reunindo gente simples, de mãos calejadas pela enxada e de pele queimada pelo sol, o partido foi somando forças, obtendo respeito e ganhando projeção. Tornou-se peça-chave no tabuleiro da política municipal.
Os trabalhadores se organizavam e iam aprendendo na luta de cada passo e no passo de cada luta. Sabiam que a luta seria longa e árdua. Sabiam principalmente que os poderosos costumavam se apresentar como lobos em pele de cordeiro. Muitas lutas foram travadas nos últimos 40 anos. A primeira delas seria a disputa pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais, controlado pelas velhas oligarquias.
Conduzidos por Armínio de Deus Braga, fundador do PT e seu grande líder, os trabalhadores, em disputa histórica e emocionante, venceram a eleição. Instalados no sindicato, transformado na casa dos trabalhadores, o passo seguinte foi fortalecer e ampliar a luta política. A meta era a conquista da prefeitura, para por em prática um governo dos trabalhadores. 
Concorrendo com reais chances de vitória, Armínio foi candidato a prefeito nas eleições de 1996, 2000 e 2004. Por poucos votos, não conseguiu vencer. Em 2012, foi candidato a vice e perdeu. Nos pleitos de 2016 e 2020, compôs com Enilson Marcelo Rodrigues da Silva, atual prefeito de Campo Alegre de Lourdes, entregando-lhe a cabeça de chapa. Em troca, recebeu a promessa de que seria o seu candidato à sucessão. 
O prefeito Enilson Marcelo já assume publicamente que não honrará o compromisso. Parece que nunca levou a sério a ideia. Desde cedo começou a esvaziar a liderança de Armínio. Uma das estratégias foi avançar no controle do partido, infiltrando apadrinhados no diretório. O prefeito já articula para impor como candidato o primo Tadeu Dias, que nada tem a ver com a bela história de lutas do PT campoalegrense. 
O jogo ainda não acabou. Novos lances serão jogados. Com muitos serviços prestados ao partido, Armínio conta com grande prestígio junto às lideranças petistas em Salvador e em Brasília.  Articulando na base e na cúpula partidária, pode, sim, reunir forças para garantir a homologação de seu nome na convenção do partido. Se vai conseguir, só o futuro vai dizer. Mas para Armínio, um PT raiz, é agora ou nunca.