Dispositivos aumentam em mais de quatro vezes o risco de migrar para o cigarro convencional, principal fator de risco para o câncer de pulmão
Quando se trata de controle do tabagismo, o Brasil é referência mundial: o país conseguiu, através de políticas públicas, reduzir de 35% para menos de 10% a prevalência de fumantes no total da população. No entanto, o consumo dos Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), também conhecidos como cigarro eletrônico ou vape, desponta como um desafio à saúde pública e representa uma ameaça às conquistas da luta antitabaco. De acordo com estudo do Ipec, publicado pela Agência Brasil, o consumo dos DEFs aumentou 600% no país nos últimos seis anos.
“Esses dispositivos são altamente viciantes e podem ser um caminho rápido para o cigarro tradicional, responsável por 90% dos casos de câncer de pulmão”, pontua a oncologista Clarissa Mathias, da Oncoclínicas na Bahia. A médica destaca que os cigarros eletrônicos possuem muitos aromas e sabores que costumam atrair os mais jovens, mas não são nem seguros nem inofensivos, ao contrário do que muitos acham. “Não existe nenhum controle sobre sua composição e, geralmente, o usuário não sabe o que está inalando. Alguns estudos apontam que esses dispositivos usam solventes, aditivos, substâncias químicas cancerígenas, algumas, inclusive, desconhecidas, e extremamente tóxicas”, afirma.
Mesmo proibido no país, muitos ainda conseguem “dar um jeitinho” e adquirem o dispositivo através de compras on-line ou viagens ao exterior. Cerca de 3 milhões de brasileiros são usuários de cigarro eletrônico e mais de 6 milhões já experimentaram, de acordo com o estudo do Ipec. Em abril, a Anvisa publicou nova resolução que manteve a proibição do cigarro eletrônico no país. Ela proíbe a fabricação, importação, comercialização, distribuição, armazenamento, transporte e propaganda dos DEFs.
“O Brasil é reconhecido internacionalmente por suas políticas de controle do tabaco, mas precisamos também de um trabalho de conscientização da população sobre os riscos do uso desses dispositivos eletrônicos, caso contrário, vamos retroceder a passos largos”, afirma Clarissa, que também chama atenção para importância do diálogo dos pais com seus filhos. “O vape se apresenta de forma muito atraente para os jovens”, acrescenta.
Cigarro eletrônico e tabagismo
Em formatos e modelos variados e com muitas opções de aromas e sabores, o cigarro eletrônico ou vape é um símbolo de status social e mania entre os jovens nos grandes centros urbanos. O dispositivo foi criado como uma alternativa ao cigarro de papel e uma suposta forma para apoiar a cessação do tabagismo, mas o que ocorre é exatamente o contrário. De acordo com o estudo “Risco de iniciação ao tabagismo com o uso de cigarros eletrônicos”, elaborado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) e publicado na Revista Ciência e Saúde Coletiva, o uso de cigarros eletrônicos aumenta em quase três vezes e meia o risco de experimentar o cigarro convencional, e em mais de quatro o risco de passar a fumar. “Muitas pessoas começam com o cigarro eletrônico e depois migram para o convencional, que é muito mais barato e acessível, já que o vape é proibido no país. Em alguns casos, a pessoa passa até mesmo a usar o cigarro convencional e o vape”, alerta Clarissa Mathias.
De acordo com o INCA, o cigarro eletrônico pode ser tão prejudicial quanto o cigarro tradicional, pois combina nicotina com outras substâncias tóxicas e, além de doenças respiratórias graves, pode causar vários tipos de câncer e doenças cardiovasculares.
Além da nicotina, muitos produtos químicos têm sido adicionados junto com aromatizantes e conservantes, aditivos tóxicos, como álcool benzílico, benzaldeído, vanilina, acroleína, diacetil e substâncias psicoativas, como o tetrahidrocanabinol, que, por si só, já podem causar inúmeros danos à saúde e dependência. “Um único vape pode equivaler a um maço com vinte unidades do cigarro convencional”, explica a oncologista.
Câncer de pulmão: avanços no tratamento
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o cigarro é responsável por 25% de todas as mortes por câncer no mundo.
O tratamento dos tumores de pulmão conta com um arsenal de terapias cada vez mais avançadas e se baseia em cirurgia, tratamento sistêmico (quimioterapia, terapia alvo e imunoterapia) e radioterapia. “As cirurgias para retiradas dos tumores torácicos também têm tido avanços enormes e com as técnicas minimamente invasivas já é possível a retirada do tumor com cada vez menos tempo de internação e retorno mais rápido do paciente às suas atividades”, esclarece a oncologista.
A especialista explica ainda que, muitas vezes, a quimioterapia é indicada após a cirurgia para destruir células tumorais microscópicas residuais ou que estejam circulando pelo sangue. Em alguns casos, a terapia-alvo também é indicada após o procedimento cirúrgico. Essa terapia, que também representa um grande avanço na oncologia, usa drogas para atacar especificamente as células cancerígenas, preservando as saudáveis.
A combinação de terapia sistêmica e radioterapia também pode ser administrada no início do procedimento para reduzir o tumor antes da cirurgia, ou mesmo como tratamento definitivo, quando a remoção cirúrgica está contraindicada. A radioterapia isolada é utilizada algumas vezes para diminuir sintomas como falta de ar e dor.
Um dos grandes avanços da ciência na luta contra o câncer é a imunoterapia, que tem revolucionado o tratamento dos tumores de pulmão e proporcionado mais qualidade de vida e maior sobrevida aos pacientes. “A imunoterapia ativa o sistema imunológico através de uma combinação de medicamentos biológicos para lutar contra o tumor”, finaliza Clarissa Mathias.
Sobre a Oncoclínicas&Co
A Oncoclínicas&Co. – maior grupo dedicado ao tratamento do câncer na América Latina – tem um modelo especializado e inovador focado em toda a jornada do tratamento oncológico, aliando eficiência operacional, atendimento humanizado e especialização, por meio de um corpo clínico composto por mais de 2.700 médicos especialistas com ênfase em oncologia. Com a missão de democratizar o tratamento oncológico no país, oferece um sistema completo de atuação composto por clínicas ambulatoriais integradas a cancer centers de alta complexidade. Atualmente possui 145 unidades em 39 cidades brasileiras, permitindo acesso ao tratamento oncológico em todas as regiões que atua, com padrão de qualidade dos melhores centros de referência mundiais no tratamento do câncer.
Com tecnologia, medicina de precisão e genômica, a Oncoclínicas traz resultados efetivos e acesso ao tratamento oncológico, realizando aproximadamente 635 mil tratamentos nos últimos 12 meses. É parceira exclusiva no Brasil do Dana-Farber Cancer Institute, afiliado à Faculdade de Medicina de Harvard, um dos mais reconhecidos centros de pesquisa e tratamento de câncer no mundo. Possui a Boston Lighthouse Innovation, empresa especializada em bioinformática, sediada em Cambridge, Estados Unidos, e participação societária na MedSir, empresa espanhola dedicada ao desenvolvimento e gestão de ensaios clínicos para pesquisas independentes sobre o câncer. A companhia também desenvolve projetos em colaboração com o Weizmann Institute of Science, em Israel, uma das mais prestigiadas instituições multidisciplinares de ciência e de pesquisa do mundo, tendo Bruno Ferrari, fundador e CEO da Oncoclínicas, como membro de seu board internacional. Além disso, a Oncoclínicas passou a integrar a carteira do IDIVERSA, índice recém lançado pela B3, a bolsa de valores do Brasil, que destaca o desempenho de empresas comprometidas com a diversidade de gênero e raça.
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