Quando falamos de mulheres negras, falamos  “de uma dupla opressão”, diz Ireuda Silva

No Novembro Negro, vereadora reafirma combate ao racismo e ao machismo  

No Brasil, as mulheres negras enfrentam uma batalha cotidiana contra duas formas de discriminação: o racismo e o machismo. Embora as questões que envolvem as mulheres em geral sejam urgentes, para as mulheres negras, as dificuldades são ainda mais profundas e complexas. A reflexão é da vereadora Ireuda Silva (Republicanos), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e vice-presidente da Comissão de Reparação da Câmara de Salvador. 

Ela afirma que a mulher negra tem um papel fundamental na resistência e transformação social: “Quando falamos de mulheres negras, falamos de uma dupla opressão. O racismo nos marginaliza, enquanto o machismo tenta silenciar nossas vozes. No entanto, apesar dessas barreiras, a mulher negra tem mostrado, ao longo da história, uma enorme capacidade de resistência e protagonismo”, diz.

Ireuda relembrou figuras históricas que foram pioneiras na luta contra a opressão, como Dandara, uma das lideranças do Quilombo dos Palmares, e a baiana Maria Felipa, que lutou na Independência da Bahia. Para ela, essas mulheres, assim como tantas outras anônimas, representam a força e o espírito de luta que ainda inspiram as mulheres negras de hoje.

Desafios

A vereadora destaca dados do IBGE e de diversas organizações sociais, segundo os quais as mulheres negras no Brasil enfrentam desafios adicionais no mercado de trabalho, com salários menores, menos oportunidades e maior exposição a formas de violência. A desigualdade racial é ainda mais evidente quando se analisa a taxa de homicídios, onde a juventude negra, principalmente a feminina, é a maior vítima.

“É importante lembrar que a mulher negra não é só a que sofre discriminação pelo fato de ser mulher, mas também pela cor da sua pele. É preciso que a sociedade brasileira reconheça essa realidade e promova políticas públicas que enfrentem essa desigualdade. Não podemos continuar ignorando que a opressão sobre a mulher negra é muito mais cruel”, destaca Ireuda.

A vereadora aponta ainda que a educação e a inclusão são instrumentos poderosos na luta contra o racismo e o machismo. “A educação de qualidade, voltada para a valorização da cultura negra e o empoderamento das mulheres negras, é essencial para quebrar as correntes dessa dupla discriminação”, reforça.