Ireuda Silva alerta para desigualdade salarial relacionada a gênero

“A mulher negra continua sendo a base esquecida da pirâmide”, diz vereadora

Os dados do Relatório de Transparência Salarial e Igualdade divulgados pelo governo federal revelam um cenário persistente de desigualdade de gênero e raça no mercado de trabalho brasileiro. A remuneração média das mulheres negras foi de R$ 2.864,39 em 2024, valor 47,5% inferior ao dos homens não negros, que recebem, em média, R$ 4.745,53. A observação é da presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e vice-presidente da Comissão de Reparação, vereadora Ireuda Silva (Republicanos), que comentou os dados com indignação e preocupação. 

Segundo Ireuda, embora o percentual tenha caído ligeiramente em relação ao ano anterior (quando era de 50,3%), a disparidade continua sendo um retrato cruel do racismo estrutural e do machismo institucionalizado. “A mulher negra continua sendo a base esquecida da pirâmide social. Mesmo sendo maioria nos lares chefiados por mulheres, mesmo estando entre as que mais empreendem e batalham todos os dias, ela ainda recebe quase metade do que ganha um homem branco”, afirmou.

O relatório analisou informações de 53.014 estabelecimentos com 100 ou mais empregados, com base nos dados da Rais (Relatório Anual de Informações Sociais) de 2024. O levantamento mostra também que, em geral, as mulheres recebem 20,9% a menos que os homens. A média salarial das mulheres foi de R$3.755,01, enquanto a dos homens chegou a R$ 4.745,53. O Distrito Federal aparece como a unidade da federação com a maior média salarial para mulheres (R$ 5.656,33) e Roraima como a pior (R$ 2.167,97).

“Esses dados não são apenas estatísticas, são retratos de vidas reais, de mães que lutam para sustentar seus filhos, de profissionais capacitadas que são invisibilizadas e subvalorizadas. Precisamos de leis mais firmes, fiscalização séria e um compromisso institucional com a reparação histórica que as mulheres negras merecem”, completou.

A vereadora também reforçou que o combate à desigualdade salarial passa pela valorização do trabalho feminino e negro em todas as esferas, pública e privada: “É preciso garantir não só oportunidades, mas também respeito, reconhecimento e justiça. Esse relatório precisa servir como um chamado à ação para governos, empresas e toda a sociedade”.