Cristina Camargo / Folhapress
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), reagiu na noite de segunda-feira (17) à divulgação acompanhada de ofensas de um vídeo em que aparece dançando Carnaval de rua com o pai. O vídeo é compartilhado nas redes sociais por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro com mensagens homofóbicas.
“Uma crescente onda de intolerância, preconceito e desrespeito toma conta das redes sociais”, escreveu. “É inacreditável que algumas pessoas sejam tão desrespeitosas que se sintam no direito de agredirem, sem mais nem menos, a imagem de um pai feliz em um momento de descontração com o filho”. Em sua reação, o presidente do Senado disse que o mundo não precisa das ofensas nas redes sociais e prometeu a busca pelo Congresso Nacional de caminhos para a criminalização dos atos de ódio e intolerância.
Em nota divulgada pelo Senado, Alcolumbre afirmou considerar um avanço o marco civil da internet, aprovado em 2014 pelo Congresso, mas que é preciso continuar trabalhando para combater a intolerância no meio virtual. Para ele, todos perdem quando um “pequeno grupo” acredita seguir impune para atacar e ofender. A reação do presidente do Senado foi interpretada por bolsonaristas como uma ameaça de censura na internet. Alcolumbre disse sentir a obrigação de defender o pai, o mecânico José Tobelem, conhecido como Samuca.
O vídeo dançando Carnaval foi publicado pelo próprio presidente do Senado em uma rede social, no sábado (15), como uma lembrança do Carnaval do ano passado no Amapá. No texto que acompanha as imagens, Alcolumbre afirma que seu pai é o seu amor de todos os carnavais. “Te amo, pai!”, escreveu. Segundo ele, após a publicação, o vídeo foi editado e compartilhado com mensagens ofensivas. Entre os bolsonaristas que divulgaram os ataques ao presidente do Senado está Allan dos Santos, do canal Terça Livre.
“Que encouchada (sic) é essa? A coisa tá animada, hein!”, escreveu. O vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente e conhecido por comandar influenciadores digitais conservadores, não divulgou o vídeo, mas compartilhou mensagem em que um internauta rebate Alcolumbre dizendo que Bolsonaro “sofre com isso a (sic) mais de 5 anos” e não pensou em criminalizar a situação. Na semana passada, o coletivo Jornalistas Contra o Assédio lançou um abaixo-assinado para pedir ao Twitter explicações sobre o que a plataforma “entende por discurso de ódio”. O principal motivo foram postagens que difamam a repórter da Folha de S.Paulo Patrícia Campos Mello. O coletivo cobrou a exclusão das postagens ofensivas.
Foto: Alan Santos/PR