No município de Inhambupe, a Cooperativa Agropecuária Mista da Região de Alagoinhas (Coopera) realizou a primeira colheita de Plantas Alimentícias Não Convencionais (Panc), com foco na reprodução dos quintais produtivos. A iniciativa proporcionou a criação de um banco de sementes que está sendo implantado em quatro municípios do Território de Identidade Litoral Norte e Agreste Baiano.
A ação é resultado do Plano de Ação sobre Segurança Alimentar e Nutricional, do projeto Bahia Produtiva, da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), que visa tornar o estado referência em soberania alimentar. Foram capacitados mais de 80 técnicos de assistência técnica e extensão rural (Ater) e 176 Agentes Comunitários Rurais (ACRs), que serão multiplicadores para mais de oito mil agricultores familiares de comunidades tradicionais baianas dos 27 Territórios de Identidade da Bahia.
No Litoral Norte, cinco empreendimentos da agricultura familiar, contemplados pelo edital Socioambiental do Bahia Produtiva, estão trabalhando com a temática de Segurança Alimentar e Nutricional e estão diversificando a alimentação: a Associação do Tombador em Alagoinhas, Associação de Mocambinho em Rio Real, Associação do Riachão do Pereira em Catu e as Associações Calçada Nova e Catana no município de Entre Rios.
De acordo com o coordenador de campo do Bahia Produtiva no Território do Litoral Norte e Agreste Baiano, José Ivo Oliveira, a ação com PANC beneficia diretamente 100 famílias e indiretamente 800: “Acompanhamos e levamos o tema de Segurança Alimentar e Nutricional como um assunto muito importante para esse público”. Ele destaca a importância das plantas como alternativa para enriquecer a alimentação com baixo custo: “Com a introdução dessas plantas nas comunidades busca-se melhor a segurança alimentar das famílias com alimentos baratos e que podem ser produzidos por eles mesmos, com qualidade”.
O orientador pedagógico do Bahia Produtiva, Nélio Conceição Costa, que atua na Coopera, salientou que o resgate das tradições com alimentos saudáveis e ricos em nutrição é uma das ações desse projeto, além da preocupação com a sustentabilidade ambiental e segurança alimentar. “Ou seja, não basta as pessoas comerem, precisamos de fato nos alimentar e saber o que estamos comendo e isso nos traz segurança”, destacou Nélio.
A Agente Comunitária Rural (ACR) e beneficiária do Bahia Produtiva, Gilmara Lima Borges, da Comunidade de Tombador, município de Alagoinhas, destacou que na sua comunidade 20 famílias são contempladas pelo projeto e estão desenvolvendo o trabalho com as panc: “Os beneficiários aqui na comunidade consideravam as Panc como mato e, a partir das orientações que foram passada sobre como essas plantas são nutritivas, eles passaram a ter uma visão diferente e começaram a consumir”.
Gilmara recebeu algumas sementes de Panc na capacitação promovida pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), em parceria com a VP Centro de Nutrição Funcional, em 2019. Ela passou a cultivar no seu quintal e vai distribuir mudas para toda a comunidade. A partir da colheita e do banco de sementes implantado na Coopera, a ACR e beneficiária do Bahia Produtiva espera aumentar a produção de Panc na sua comunidade: “Estamos na expectativa de receber mais sementes e mudas para ter mais variedades dessas plantas e complementar a alimentação dos agricultores da nossa associação”.
O projeto
O Bahia Produtiva é executado pela CAR, empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), financiado pelo Banco Mundial.