Papa acolhe renúncia de dom Murilo Krieger e nomeia novo arcebispo para Salvador

O Papa Francisco acolheu, nesta quarta-feira, 11 de março, o pedido de renúncia apresentado por dom Murilo Sebastião Ramos Krieger ao governo pastoral da arquidiocese São Salvador da Bahia, a Sé Primacial do Brasil. No mesmo ato, o Santo Padre nomeou arcebispo para a mesma arquidiocese o cardeal Sergio da Rocha, atualmente arcebispo de Brasília (DF). A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) enviou agradecimento a dom Murilo Krieger. Confira abaixo as biografias e o agradecimento.

Novo bispo emérito

Com a decisão do Papa, dom Murilo torna-se agora bispo emérito. O procedimento está previsto no Código de Direito Canônico, que define que “ao bispo diocesano que tiver completado 75 anos de idade, é solicitado apresentar a renúncia do ofício ao Sumo Pontífice, que, ponderando todas as circunstâncias, tomará providências”. Com a aceitação da renúncia pelo Papa, o bispo emérito fica, então, desobrigado das funções concernentes ao governo de sua diocese, mas permanece no exercício de seu ministério durante toda a vida.

Dom Murilo apresentou sua carta de renúncia, em outubro de 2018, após completar 75 anos. Ele é o 27º arcebispo da capital baiana, cargo que assumiu em 2011, após substituir dom Geraldo Majella. Sua ordenação presbiteral foi em 7 de dezembro de 1969. Sagrou-se bispo em 28 de abril de 1985 adotando como lema episcopal a frase: “Deus é amor”. Sua posse como arcebispo de Salvador da Bahia e primaz do Brasil aconteceu dia 25 de março de 2011.

Catarinense de Brusque, onde nasceu a 19 de setembro de 1943, dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, scj, teve a vocação sacerdotal despertada ainda quando criança. Realizou os estudos de primeiro e segundo graus no seminário de Corupá (SC), na Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. Após receber a ordenação episcopal, trabalhou com dom Afonso até março de 1991 e com dom Eusébio Oscar Scheid de março a junho de 1991. Nesse ano, no dia 22 de julho, assumiu a diocese de Ponta Grossa (PR).

No dia 11 de julho de 1997, assumiu a arquidiocese de Maringá, no Paraná. Dom Murilo foi nomeado arcebispo de Florianópolis em 20 de fevereiro de 2002, assumindo essa arquidiocese no dia 27 de abril de 2002. A posse na Arquidiocese de Salvador aconteceu em 25 de março de 2011. De 2005 a 2018, dom Murilo Krieger foi vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e coordenou o processo de beatificação de Santa Dulce dos Pobres, o anjo bom da Bahia, cuja canonização aconteceu em 16 de outubro de 2019.

Dom Murilo é autor de vários livros, escreve em revistas e jornais e tem programas na televisão e na Rádio Excelsior da Bahia, sempre com o intuito de evangelizar. Dentre as obras publicadas, destacam-se: Shalom: A Paz ao Alcance da Juventude (Loyola); O Primeiro, o Último, o Único Natal (Loyola); Com Maria, a Mãe de Jesus (Paulinas); Um mês com Maria (Paulinas); Anunciai a Boa Nova (Canção Nova); Dai-lhes vós mesmos de comer (CNBB) e Se eu tivesse uma câmera digital… (Paulinas).

Novo arcebispo de Salvador e primaz do Brasil

Dom Sergio da Rocha nasceu em Dobrada, no estado de São Paulo, aos 17 de outubro de 1959. Foi ordenado diácono na Igreja de Santa Cruz de Matão (SP), aos 18 de agosto de 1984 e presbítero na matriz do Senhor Bom Jesus de Matão (SP), na diocese de São Carlos, dia 14 de dezembro de 1984.

É mestre em Teologia Moral pela pontifícia faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, de São Paulo, e obteve o doutorado na Academia Alfonsiana da pontifícia universidade Lateranense, em Roma, em 1997.

Trabalhou como diretor espiritual, professor e reitor do seminário diocesano de Filosofia de São Carlos, exercendo as mesmas funções também no seminário de Teologia da diocese. Desempenhou, também, na diocese de São Carlos, as seguintes funções pastorais: assessor da Pastoral da Juventude, coordenador Diocesano de Pastoral, da Pastoral Vocacional, da Escola de Agentes de Pastoral. Foi vigário paroquial das paróquias Nossa Senhora de Fátima e Catedral, reitor da Igreja São Judas Tadeu e pároco de Água Vermelha e de Santa Eudóxia.

Foi ainda professor de Teologia Moral na pontifícia universidade Católica de Campinas (1989-2001) e colaborou em Porto Velho (RO), no Projeto Missionário Sul I / Norte I e na Escola de Teologia Pastoral de São Luiz de Montes Belos (GO), Igreja Irmã da Diocese de São Carlos.

Atividades no episcopado

Foi nomeado pelo Papa João Paulo II bispo Auxiliar em Fortaleza (CE) e titular de Alba aos 13 de junho de 2001. Sua ordenação se deu em 11 de agosto de 2001, na catedral de São Carlos (SP). Aos 31 de janeiro de 2007, foi nomeado pelo Papa Bento XVI, como arcebispo coadjutor da arquidiocese de Teresina (PI). Iniciou seu trabalho na arquidiocese de Teresina, como arcebispo coadjutor dia 30 de março de 2007 e um pouco mais de um ano depois, em 3 de setembro de 2008, assumiu a mesma na mesma Igreja como arcebispo metropolitano.

Dia 15 de junho de 2011 foi nomeado pelo Papa Bento XVI, arcebispo metropolitano de Brasília, tendo sido acolhido na catedral metropolitana de Brasília aos 6 de agosto de 2011. Seu lema episcopal é: “Omnia in Caritate” (1Cor 16,14) – “Tudo na caridade”.

Entre suas atividades se destacam a sua atuação como membro da Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, de 2007 a 2011, como presidente da Comissão Episcopal para Doutrina da Fé, de 2011 a 2015. Dom Sérgio também foi presidente do departamento de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal Latino-americano (Celam) de 2007 a 2011. Ele representou a CNBB na XIII Assembleia do Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização de 2012 e na XIV Assembleia do Sínodo dos Bispos sobre a Família.

Foi criado cardeal pelo Papa Francisco no consistório realizado, na basílica de São Pedro, aos 19 de novembro de 2016, recebendo o título da basílica de Santa Cruz na Via Flaminia, em Roma. O cardeal foi presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil de 2015 a 2019 e Relator geral da XV Assembléia dos Bispos, de 2018, que tratou do tema da juventude. Atualmente é arcebispo de Brasília, membro do Conselho da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos (Vaticano) e da Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL) e da Congregação para o Clero (Vaticano).

Agradecimento da CNBB a dom Murilo Krieger
Brasília-DF, 11 de março de 2020

Estimado irmão, Murilo Sebastião Ramos Krieger, saúde e paz!

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) manifesta agradecimento a Deus por sua trajetória episcopal, especialmente sua dedicação à Igreja no Brasil e na arquidiocese de São Salvador da Bahia, primaz do Brasil.

É grande nossa gratidão ao recordar a sua contribuição para a caminhada da Igreja no Brasil, especialmente por sua atuação na CNBB, onde exerceu a função de vice-presidente de 2015 a 2019 e na Igreja particular de Salvador da Bahia, como primaz do Brasil, onde empenhou-se, como missionário, para fortalecer o anúncio da Palavra, sobretudo, por meio do investimento em comunicação.

No espírito da vivência da Quarema, tempo litúrgico no qual a Igreja refaz o caminho da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, estendemos ao senhor nossos sinceros agradecimentos pela sua vida doada à obra da Evangelização e ao anúncio da Páscoa de Cristo junto aos mais pobres, seus preferidos.

Desejamos que este tempo de emeritude, como afirmou o presidente da Comissão Especial para os Bispos Eméritos da CNBB, dom Francisco Biasin, seja um momento de um renascimento diante da Igreja à qual continua sendo convidado a sempre servir com sua experiência e sabedoria.

Rogamos a proteção de Maria, nesta prece cheia de gratidão.

Em Cristo,

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da CNBB

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Primeiro Vice-Presidente da CNBB

Dom Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima (RR)
Segundo Vice-Presidente da CNBB

Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Secretário-geral da CNBB

Foto: Divulgação