Há uma expressão popular, muito antiga, que diz: “A cavalo dado, não se olha os dentes”. O termo – que provavelmente você já tenha ouvido por aí – é utilizado para enfatizar que ao receber um presente, deve-se sempre demonstrar satisfação e faz referência a um antigo hábito dos negociadores em olhar os dentes dos equinos no momento de negociação para tomar conhecimento sobre a idade e saúde do animal.
Mas tenha certeza do contrário. Sim, a cavalo dado também se olha os dentes, já que a saúde bucal interfere diretamente na qualidade de vida e no desempenho do animal. Por isso, existe um ramo da Medicina Veterinária, voltado, especificamente, para este tema, descobriu-se, ao longo do tempo, que os dentes não eram apenas uma estimativa para avaliação de idade, eles também exerciam importante função para a alimentação, nutrição e, ainda, a equitação do indivíduo.
A odontologia equina estuda e trata o sistema estomatognático dos cavalos, área que abrange ossos, musculaturas mastigatorias, articulações, dentes e tecidos relacionados. Em sua vida selvagem, os equinos se alimentavam de gramíneas e capins de fibras longas que promoviam um desgaste homogêneo dos dentes. Hoje, com a alteração da dieta natural, pode-se notar a presença de problemas que refletem diretamente na saúde e performance dos cavalos.
Durante o manejo diário, criadores e tratadores precisam ficar atentos aos sinais apresentados pelos animais (eles próprios dão indícios da necessidade de um tratamento odontológico). Estes indicativos são percebidos, tanto pela leitura do comportamento do animal, quanto pela observação do ambiente em que ele vive. Fique alerta aos seguintes sinais:
- Escore corporal baixo.
- Mau hálito.
- Aumento de volume na região das bochechas.
- Dificuldade para mastigar (realiza movimentos com a cabeça durante a mastigação).
- Derrubar ração durante a mastigação.
- Demora na alimentação.
- Alteração no “som” da mastigação.
- Cocho de água sempre sujo.
- Presença de partículas maiores nas fezes.
- Reações e relutância aos comandos do cavaleiro.
- Dificuldade em apoiar na embocadura.
- Assimetrias.
Ao notar algum destes sintomas é importante que seja feita a avaliação profissional do caso, pois eles, provavelmente são consequências de alguma das seguintes patologias:
- Excesso de pontas de esmalte dentário.
- Lacerações na bochecha ou língua.
- Retenção de dentes decíduos (mudas dentárias).
- Ganchos dentários.
- Rampas dentárias.
- Ondas na oclusão dentária.
- Dente de lobo.
- Fraturas.
- Doenças periodontal (cárie).
Observação
A observação do comportamento natural do Marchador, principalmente durante a sua alimentação é essencial, pois neste momento, pode-se perceber alertas mais claros de que algo não vai bem e que, portanto, necessitam de ajuda.
Uma boa dica de prevenção para os criadores é incluir, na rotina de suas propriedades, a visita periódica de um especialista em Odontologia Equina. O seu Marchador agradecerá o cuidado!
*_Fonte – ABCCMM
- Colaborou nesta matéria: Lucas Fernando Augusto, Médico Veterinário; Especialista em Equinocultura: Raças Marchadoras; Área de atuação: Odontologia Equina; Árbitro da ABCCMM.
Foto: Fernando Uchoa