O prefeito de Juazeiro, Paulo Bomfim, prorrogou na última segunda-feira (30), por mais duas semanas o decreto com medidas de prevenção e combate ao Covid-19 e o H1N1. Com o intuito de conscientizar o público acerca dos perigos de propagação do vírus em cerimônias religiosas, o isolamento social e a busca de alternativas de celebração de cultos são orientações propostas pela Secretaria de Desenvolvimento Social, Mulher e Diversidade (SEDES) do município. Em Juazeiro, religiões de matriz africana, igrejas católicas e evangélicas já adotaram tais estratégias, a exemplo da apropriação das mídias digitais.
O Domingo de Ramos, celebração tradicional da Igreja Católica, este ano será em formato alternativo às missas presenciais com transmissão através de plataformas digitais e demais meios de comunicação – estratégia sugerida aos párocos pelo bispo diocesano de Juazeiro, Dom Beto Breis. “Algo significativo em nossa Diocese tem sido a formação e o empenho das equipes paroquiais da PASCOM (Pastoral da Comunicação), particularmente nestes tempos excepcionais”, ressaltou o líder religioso por meio de nota divulgada ontem, dia 31 de março.
As alternativas também foram adotadas por Igrejas Evangélicas, que optaram pelas mídias digitais para evitar aglomeração de pessoas e, ainda assim, manter os cultos religiosos. A Igreja Batista Restauração, localizada no bairro Argemiro, tem celebrado as cerimônias por meio de redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas. “Além disso, transmitimos todos os dias ao vivo, às 18h, pregações e orações através de uma rádio web que nós produzimos”, explica o pastor Samael Alves. A medida, de acordo com ele, surge para incentivar a permanência dos fiéis em casa: “mesmo com as dificuldades, optamos por fechar o templo, pois priorizamos a saúde e o bem-estar dos irmãos e de seus familiares”.
No artigo 7º do Decreto Municipal 278/2020, o prefeito recomenda que “não sejam realizadas cerimônias e cultos religiosos de forma presencial, devendo sua realização ser feita preferencialmente por meios eletrônicos”. Diante desta determinação, tem sido uma recomendação constante da SEDES.
Segundo a Diretora de Diversidade do município, Luana Rodrigues, “é muito importante que os líderes religiosos ajudem as autoridades competentes a minimizar os impactos que o Covid-19 pode causar. Então, é fundamental a participação das igrejas, bem como escolas e universidades. Assim como valorizamos as ações de conscientização propostas pelos terreiros de religiões de matriz africana sobre prevenção ao Coronavírus e H1N1”.
Casas de Candomblé em Juazeiro também tomaram medidas referentes aos cuidados contra o Coronavírus e o vírus H1N1. Uma delas é o Ylê Àsé Omynkayode, no bairro Palmares I. Em nota através do babalorixá Erivaldo Rosa, a casa se manifestou publicamente sobre a necessidade do isolamento social e atenção às orientações dos poderes municipais e estaduais. “Compreendemos que neste momento o mais valioso é a garantia do controle da pandemia em nossa região”, afirmou o líder religioso no documento, que suspendeu a realização de cerimônias públicas.
De acordo com a servidora pública e membro do Ylê Àsé Omynkayode, Iuana Louise, a decisão foi importante devido ao grande fluxo de pessoas presentes nos Xirês, festas de culto aos orixás que acontecem nas Casas de Candomblé. “Priorizamos a responsabilidade em tomar medidas necessárias para a proteção da nossa comunidade e também de nossa cidade”, comenta.
Os cultos privados, contudo, continuarão a acontecer. Entretanto, Iuana ressalta que essas celebrações são realizadas somente para as pessoas que moram no Ylê e que já estão em isolamento social no templo. “Temos a nossa forma de cuidar do outro e de se cuidar, e convidamos os demais líderes de religiões de matriz africana a seguir as orientações de cuidados”, finalizou.