Com a queda abrupta do preço da gasolina, abastecer o tanque com etanol hidratado só é vantajoso hoje em São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Nas outras 24 unidades da federação, o litro do biocombustível custa nos postos mais que 70% do preço da gasolina.
O limite de 70% é uma referência utilizada no mercado, baseada em testes de rendimento dos dois combustíveis. Estudos recentes, porém, apontam que o valor pode chegar a 75% e depende também de outros fatores, como o modelo do veículo e tecnologias embarcadas.
Considerando o teto de 75%, o Paraná entra na lista dos estados onde vale a pena usar etanol, de acordo com a pesquisa de preços da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) sobre os preços médios praticados pelos postos na semana passada.
A perda de competitividade do etanol mesmo em estados produtores, como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, é fruto dos repasses às bombas dos sucessivos cortes no preço da gasolina promovidos pela Petrobras em 2020, em resposta à queda das cotações internacionais do petróleo.
Considerando a correção dos valores históricos pela inflação, pela primeira vez desde ao menos 2005, o litro de gasolina está sendo vendido nas refinarias da estatal por menos de R$ 1. De acordo com a ANP, o preço da gasolina nas bombas brasileiras já caiu 10% em 2020, para um valor médio de R$ 4,095 por litro.
O preço do etanol também despenca nas usinas: na semana passada, segundo o Cepea (Centro de Estudos e Economia Aplicada), da Esalq/USP, o litro de hidratado custava R$ 1,4545. Nas bombas, o produto é vendido no país a um preço médio de R$ 2,796 por litro, 11% a menos do que no fim de 2019.
O cenário levou usineiros a pedirem socorro ao governo federal e provocou reações da Petrobras, para quem propostas de cortes de impostos ao biocombustível podem impactar a produção de gasolina e, consequentemente, a oferta de gás de cozinha, já que os dois combustíveis são produzidos em conjunto.
Folhapress