Tiago Queiróz*
O ano de 2020 definitivamente não é para amadores. A pandemia do novo Coronavírus trouxe significativas mudanças sociais. Os reflexos podem ser sentidos nas mais diferentes instancias da nossa vida. Muito são os desafios nesse novo mundo pós-pandemia. Na política não poderia ser diferente. Em ano de eleição, esse novo contexto impõe novos desafios aos nossos políticos.
Se reinventar em face à nova realidade. Essa será talvez a principal batalha a ser enfrentada por aqueles que vão disputar as eleições deste ano. A arte de fazer política sofrerá, sem dúvidas, mudanças significativas. As limitações impostas por essa doença que já vitimou cerca de 25 mil brasileiros, vão demandar criatividade por parte dos candidatos, que não mais terão, pelo menos como em outrora, a possibilidade do contato físico com os eleitores. Aquele político eternizado na figura da “Candidato caô caô”, do samba de Bezerra da Silva, não mais terá espaço. “Ele subiu o morro sem gravata/ Dizendo que gostava da raça, foi lá/ Na tendinha, bebeu cachaça e até/ Bagulho fumou”, diz a canção do velho malandro dos morros carioca. Pois bem, esse político estará, pelo menos a curto prazo, em vias de extinção.
Se em 2018, a eleição ficou marcada pelo decisivo papel das redes sociais, em 2020 as mídias sociais ou social media, pode ser tornar uma arma de calibre ainda mais potente. Será através das redes que o candidato poderá se mostrar ao eleitor. É por ali que o mesmo poderá vender seu peixe e o conquistar os corações e mentes do eleitorado. A forma de utilização das redes e é determinará o sucesso dessa comunicação e que possivelmente garantirá o sucesso de determinada campanha.
Uma rápida incursão às redes durante a quarentena já nos permite algumas prévias conclusões. O que não falta é pretenso candidato a prefeito e vereador perdido em meio à avalanche de informações. Têm aqueles que comentam sobre tudo e sobre todos, acendendo vela para deus e o diabo, numa verdadeira metamorfose identitária. “Quem não comunica, se trumbica”, dizia o Velho Guerreiro Chacrinha, pois bem.
Vamos ao próximo: a pandemia e esse novo contexto, acabou por deixar desnudos aqueles que viviam de faixada. São os políticos medíocres e sem conteúdo, que construíram sua trajetória na aba de “a” ou “b”, e que diante da necessidade de mostrar que é muito além de “um rostinho bonito”, acabam tropeçando. Se furtam em comentar qualquer tipo de assunto e conduzem sua imagem de forma burocrática. Tática arriscada que se não é garantia de sucesso também não é argumento decisivo para um possível fracasso.
Cansados, desesperançosos e abatidos pelos efeitos devastadores da pandemia, os eleitores demandarão criatividade dos candidatos. Será preciso sair da mesmice, e de fato, mostrar soluções e conteúdo. Aqueles que costumeiramente tendem a ficar em cima do muro serão desafiados à mostrar sua cara. E você é Bahia ou Vitória, afro?
*Tiago Queiróz é jornalista
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