Em três décadas, a principal entidade da classe agrícola alcançou várias vitórias nas áreas institucional, ambiental, jurídica e social
A Aiba celebrou, no último dia 22 de junho, 30 anos de fundação, com o reconhecimento dos setores produtivos e da sociedade sobre sua ampla atuação em defesa dos produtores rurais e do desenvolvimento regional. A Associação, que teve início em 1990, com a união de 16 agricultores radicados no Cerrado baiano, se consolidou ao longo dessas três décadas como a principal entidade de classe do Estado. O esforço diário para a construção de um agro mais forte, com representatividade e articulação, atraiu, ao longo do tempo, outros interessados, o que contribuiu para a formação do quadro de associados atual, com cerca de 1.300 pessoas físicas e jurídicas.
O desenvolvimento da agricultura no oeste baiano começou no final da década de 1970, com a chegada dos primeiros produtores, originários do sul do País. Após as primeiras safras, com crescimento exponencial da produção, o volume regional chegou, em 1986, a 163.090 toneladas de grãos. Um cenário de progresso econômico, com a chegada contínua de produtores, comerciantes, fornecedores, técnicos e trabalhadores, que migravam para a região por conta das oportunidades.
A grande carência de suporte aos produtores rurais, nos planos jurídico, ambiental e social, marcou o início da expansão da agricultora oestina. A percepção dessas lacunas levou os pioneiros a organizar a classe para buscar, com mais respaldo, melhorias para que o setor pudesse se expandir. “A história da Associação se mistura à própria história da agricultura de alto rendimento aqui no Oeste da Bahia. A Aiba passou a existir por necessidade, pela busca por infraestrutura, segurança e para coordenar as ações e demandas dos produtores. Se cada um tivesse agido por conta própria, isoladamente, jamais alcançaríamos a pujança e a representatividade que o setor agrícola tem hoje”, afirma Celestino Zanella, presidente da instituição.
Com o diálogo entre os produtores, promovido pela criação da Aiba, novas metas foram estabelecidas. Era chegada a hora de ampliar os horizontes e avançar no debate sobre meio ambiente, responsabilidade social, segurança jurídica e patrimonial.
Conquistas
Meio Ambiente – Para intermediar as discussões sobre meio ambiente e produção – uso e oferta de recursos hídricos e licenciamentos ambientais – foi criada a Diretoria de Meio Ambiente e Irrigação. O departamento, desde então, vem promovendo, junto ao produtor, boas práticas relacionadas ao uso consciente e sustentável dos recursos naturais (solo e água) na atividade agrossilvipastoril. Por outro lado, promove ações informativas, buscando mostrar à sociedade que o produtor é um grande aliado na preservação dos mananciais, com claro interesse de que haja disponibilidade de água, em abundância, para humanos, plantas e animais.
“O Centro Ambiental da Aiba presta atendimento individualizado aos produtores, fomentando práticas conservacionistas na agricultura, tudo baseado na nossa legislação ambiental, uma das mais severas do mundo. Por isso, sem medo de errar, digo que o produtor brasileiro, sobretudo do Oeste da Bahia, é quem mais conserva o meio ambiente. Nosso modelo de produção inspira outros países. E essa base de informação e orientação é mais uma importante conquista da Aiba, que aposta em seus técnicos e incentiva boas iniciativas. Bom para o produtor, para o meio ambiente e para toda população”, acrescentou o Conselheiro Convidado da Aiba, Luiz Pradella.
Segurança Jurídica – Neste âmbito, a Aiba também acumula vitórias. Entre as principais causas acolhidas estão: a questão das divisas, que trata da reivindicação de parte do território do oeste baiano por estados vizinhos, com implicações na regularização tributária e ambiental dos empreendimentos; e a cobrança do passivo do Funrural, questão que tem ações judiciais coletivas, dos produtores, movidas e acompanhadas pela entidade desde 2007.
“Eu mesmo acompanhei de perto as lutas da Associação nestas duas causas. Perdi as contas de quantas viagens eu fiz a Salvador e a Brasília para representar os interesses dos agricultores em solucionar esses dois passivos. E saímos vitoriosos graças a incansável atuação da Aiba. Aliás, se não fosse o respaldo institucional para sentarmos em negociação com órgãos estadual e federal não teríamos êxito”, pontuou Odacil Ranzi, atual vice-presidente da Aiba.
Responsabilidade Social – Consciente do seu papel social e da importância em contribuir com o crescimento da região, a Associação criou o Fundo para o Desenvolvimento Integrado e Sustentável da Bahia (Fundesis), promovendo melhorias e financiando o trabalho de entidades sociais, sem deixar de fora o lazer, esportes, saúde, educação e geração de renda. Em 14 anos de atuação, o Fundo já destinou mais de R$ 7,3 milhões, contemplando mais de 100 projetos sociais em 13 municípios da região.
Com o intuito de ampliar ainda mais o seu raio de atuação nesta área, a Associação foi muito além. Nasceu, em 2014, o Instituto Aiba (Iaiba), braço social da entidade, cuja missão é melhorar a qualidade de vida das pessoas, através do desenvolvimento da agricultura. O Iaiba se dedica a execução direta de projetos, programas, planos de ação, captação e repasse de verbas para execução própria e terceirizada de projetos, inclusive através da doação de recursos físicos, humanos e financeiros, e, ainda, da prestação de serviços, diretos ou intermediários de apoio a outras organizações sem fins lucrativos e a órgãos do setor público e privados que atuam em áreas afins.
“Quando eu estive presidente da Associação e, consequentemente, do Instituto e do Fundo, eu ia às inaugurações das obras e ficava impressionado como é que conseguíamos fazer tanto com tão pouco. Na verdade, a soma dos poucos se torna muito, pois generosidade gera generosidade. Através do Fundesis, nós conseguimos devolver a dignidade das pessoas e multiplicar sorrisos, atendendo crianças, jovens e idosos em situação de vulnerabilidade social. É fato que fizemos bem às famílias atendidas, mas, sobretudo, a nós e a região que escolhemos viver”, declarou o produtor rural Júlio Busato.
Estudos e Pesquisas – Sempre respaldada por dados confiáveis, a Aiba apoia e incentiva pesquisas científicas relacionadas ao agronegócio. A Associação, ao lado de outras entidades do agronegócio e do governo do Estado da Bahia, financia o estudo do potencial hídrico do Oeste da Bahia, que visa monitorar e quantificar as águas superficiais (rios) e subterrâneas (Sistema Aquífero Urucuia) da região.
Nesse meio tempo, muitos outros projetos passaram a integrar o portfólio da Aiba, a exemplo da Operação Safra, que proporciona mais segurança aos produtores, por meio de rondas policiais nas áreas produtivas, em parceria com o Governo do Estado; A construção de estradas, pontes e outros projetos de infraestrutura, frutos de cooperação com a Abapa, Fundeagro, Prodeagro e municípios; Construção do Grupamento Aéreo (GRAER), que possibilitou a operação de aeronaves da Polícia Militar para o monitoramento de cidades e propriedades rurais.
Os números da produção de grãos mostravam, ainda na safra 2001/2002, o grande êxito alcançado pelo setor. O volume do produto agrícola regional atingiu 2,619 milhões de toneladas, compostos por arroz, soja, milho, feijão, algodão e café. Barreiras, a maior cidade da região, que registrava pouco mais de 20 mil habitantes nos anos 80, chegou, no início do século XXI, à soma de 130 mil residentes e uma grande população flutuante influenciada pelo desenvolvimento econômico gerado pela agricultura. Nesta época, a cidade de Luís Eduardo Magalhães, impulsionada pela força do campo, dava seus primeiros passos, para se transformar na capital baiana do agronegócio.
Atualmente, a Aiba continua na vanguarda do desenvolvimento socioeconômico do oeste baiano, promovendo eventos como a Bahia Farm Show, que traz para perto do produtor o que há de mais moderno em tecnologia agrícola e atrai grandes somas de recursos para movimentar a economia local. Esse e outros fatores supracitados são os grandes responsáveis pelas frequentes supersafras, como a de 2019/20, que resultou na colheita de 6.026.400 toneladas de soja, 194.400 toneladas a mais que o ciclo anterior, com produtividade de 62 sacas/ha e 1,5 milhão de toneladas de milho.
A história da Aiba é um dos maiores exemplos de onde se pode chegar com a união de forças e a multiplicação de ideias. É o caminho natural, que faz 16 desbravadores se transformarem em 1300 promotores de boas ações e geradores de bens imprescindíveis. Nesta edição comemorativa dos 30 anos da Aiba, homenageamos todos os associados, com destaque para aqueles que começaram essa grandiosa jornada: Iris Olímpio Basso (in memorian), Adelar José Capelesso, Antonio Miasaki, Armindo Brugnera, Cornélio de Piero (in memorian), Eder da Silva Nunes, Francisco Paim, Helmuth Rieger. Humberto Santa Cruz Filho, José Mitsuro Zenin, Kozo Hirata, Marcos Antonio Cassol, Nelson Astor Pooter, Paulo Rogério Costa, Pedro Callegari e Ricardo Hidecazu Uemura.
Ascom Aiba