Com grande experiência na organização de eventos nacionais e internacionais, o empresário Roberto Duran foi eleito para presidência da Salvador Destination em dezembro de 2017. Duran substituiu Paulo Gaudenzi, que comandou a entidade entre 2013 e 2017. Roberto recebeu a reportagem do Bahia Sem Fronteiras em seu escritório. Sempre solicito e sem “papas na língua” respondeu pacientemente a todas as nossas perguntas. Falou de política, negócios, e é claro, turismo.
Apaixonado pela cidade, o empresário costuma dizer que “Salvador é uma cidade privilegiada pelo criador”, por ser, segundo ele, um dos poucos destinos do mundo que reúne dentro do segmento do turismo várias qualificações. “Nós temos a Baía de Todos os Santos, que é um diamante bruto, com grande potencial para o turismo náutico, embora muito pouco explorado ainda. Temos uma situação gastronômica privilegiadíssima. A Bahia é o berço da gastronomia brasileira, pois foi aqui onde começou toda influência Afro Portuguesa na culinária baiana e brasileira. Temos também todo desenvolvimento da parte cultural e histórica. E por fim, o sol e mar, que também são as grandes bandeiras do turismo de lazer. Nenhum lugar tem todo esse conjunto de atrativos em um só lugar. É isso que apavora alguns outros destinos em relação à Bahia”, justifica.
Entretanto, esses fatores não foram suficientes para evitar a crise no setor de turismo de negócios de Salvador. A falta de um espaço adequado na cidade para a realização de eventos de grande porte fez ruir o segmento. “O turismo de negócio em Salvador praticamente acabou em 2013. Viemos sobrevivendo aos trancos e barrancos. Dos 404 meios de hospedagem (albergues, pousadas, hotéis e etc), de Salvador, 401 operam no vermelho. O que dá economicidade e paga as contas é o turismo de negócios. O Centro de Convenções é a mola propulsora para que se possa trazer todo esse processo de eventos, de qualificação e infraestrutura para que um destino se qualifique a estar atuante e concorrendo de igual a igual com diversos outros destinos”, explica Duran.
O presidente da Salvador Destination salienta que recebeu com entusiasmo a notícia da construção do Centro de Convenções por parte da Prefeitura de Salvador, com previsão de inauguração para dezembro deste ano, mas faz uma ressalva quanto à recuperação do setor, que para ele não será sentida de imediato. O experiente gestor ressalta que, sobretudo, no caso dos eventos de grande porte, requer um tempo de maturação para que Salvador volte a fazer parte das principais agendas e rotas: “Existem vários perfis de eventos. Existe o evento de produção que são os shows musicais e similares que tem uma maturação menor. Existem as feiras comerciais que não é o perfil de salvador, mas que podem ser retomadas com esse novo espaço. Já o grande negócio do ramo são os congressos e esses têm um período de maturação maior. Os regionais tem uma maturação de um a dois anos. Depois você passa para os nacionais, que para trazer eles você precisa de 3 a 5 anos. Isso você sendo um baita profissional. E por fim dos internacionais, com um prazo de 5 a 7 anos. Um congresso nacional para retornar a uma região demora de 11 a 12 anos. Já no caso dos interamericanos e mundiais demoram de 33 a 38 anos”.
A gestão do turismo em âmbito municipal e estadual também foi pauta da entrevista. Roberto não hesitou em criticar a forma como o turismo vem sendo conduzido pelo governador Rui Costa, que de acordo, com ele, não dá o valor merecido pelo segmento. “o governador em duas oportunidades já disse claramente que o turismo não é prioridade na gestão dele. E um dos reflexos dessa falta de prioridade é o pífio orçamento da Secretaria de Turismo que vem sendo reduzido sistematicamente nos últimos 12 anos ”, frisa. Perguntado se o pouco caso do petista reflete na escolha do secretário, Duran emenda: “Talvez até sim. Qualquer pessoa que ele escolha para ser secretário, mas não dê condição para que essa pessoa faça um trabalho minimamente decente ele está obviamente dizendo que só tem uma marionete sentada naquela cadeira”.
O empresário, entretanto, enaltece o trabalho do prefeito ACM Neto e sua equipe, que de acordo com ele, vem constantemente dando apoio para o trade. “A gestão municipal nos ultimo cinco ou seis anos tivemos a grata experiencia de sentir que o prefeito teve a sensibilidade de entender a importância desse segmento econômico para a cidade. E vem fazendo um trabalho belíssimo de apoio ao turismo. Espero que o prefeito renove e consiga eleger alguém do seu grupo na próxima eleição para a garantia de continuidade na retomada do turismo local”.
Por fim, Roberto Duran sugere que nos próximos dias ou semanas deverá surgir algumas modificações no parque hoteleiro da cidade. Após muita insistência, Roberto revelou: “A venda do Pestana deverá ser formalizada nos próximos 15 ou 20 dias. Ainda não posso dizer quem é… Já vem acontecendo há uns dois ou três meses, mas ainda está em processo de finalização da venda”.