Mercado do Rio Vermelho, 50 anos: da feira livre à ‘gourmetização’

Cinquentenário é comemorado com a reabertura de bares e restaurantes contemplados na fase 2 da retomada econômica da capital

De uma simples feira livre, com quitandas coloridas, nos idos de 1970, para um espaço gourmet, repleto de sabores, texturas, cores, cheiros e diversidade. Assim, como os melhores vinhos, o tempo favoreceu o Mercado do Rio Vermelho, que completa 50 anos de histórias. O local tem mais um motivo para comemorar, nesta segunda-feira (10), seus bares e restaurantes, que desde o dia 25 de março estavam funcionando somente pelos serviços de delivery, drive thru ou entrega na porta dos estabelecimentos, podem reabrir com a ativação da fase 2 da retomada econômica da capital. 

A variedade, tradição e qualidade ainda são as grandes atrações do local, que atrai baianos e turistas. Mas também é palco para redescobertas. Engana-se quem acha que apenas compras podem ser realizadas por lá, o equipamento tornou-se lugar de encontros, passeios e comemorações. As 120 mil pessoas que transitam pelo local mensalmente são responsáveis pelo tom, alegria e burburinho que dão vida ao mercado cinquentenário. 

“Estamos em festa, um dos nossos cartões-postais chegou a meio século. A vocação do local vem do comércio popular, que ganhou ares de mercado cultural e tem um enorme potencial turístico com o jeito acolhedor baiano. Além da transformação, década à década, o mercado é um centro econômico da capital e, em meio à pandemia do Covid-19, se reinventou para continuar atendendo ao público, com segurança”, afirma o vice-governador, João Leão, secretário de Desenvolvimento Econômico – o MRV administrado pela Enashopp, devido a uma concessão, mas é ligado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE). 

No Mercado do Rio Vermelho, o cliente pode saborear os melhores quitutes do Estado ou encontrar os ingredientes certos para uma tradicional moqueca, especiarias ou chocolate orgânico feito com amêndoas de cacau vindas do Sul da Bahia. Pode encerrar a visita tomando um cafezinho da Chapada ou desfrutando de um saboroso picolé. Há ainda a chance de desfrutar de uma gastronomia diversificada, com sabores da culinária regional e até internacional. 

O centro de compras é bem dividido e os boxes são setorizados: açougue e peixaria, artesanato e petshop, empório bazar e gourmet, floricultura e serviços, hortifruti, restaurante e lanchonete. O mercado tem 138 boxes, praça de alimentação, área gourmet, que funciona com horário diferenciado, e 240 vagas de estacionamento. 

Com a pandemia do novo coronavírus, o mercado passou por adaptações. Os boxes de hortifrutigranjeiros, cereais e demais itens essenciais para alimentação da população estão funcionando em horário especial, de segunda a sábado, das 8h às 16h. Até às 9h, com entrada exclusiva para idosos acima de 60 anos. Aos domingos, o local é fechado. Os bares e restaurantes podem optar pelos serviços de delivery, drive thru ou entrega na porta dos estabelecimentos. O espaço já passou por uma desinfecção total no mês de junho como prevenção contra o Covid-19. A ação foi promovida pela SDE em parceria com o Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBMBA) e a Secretaria do Planejamento (Seplan). 

Uma história e vários capítulos 

Em 1970, o local abrigava a feira da Chapada do Rio Vermelho, com comércio de frutas, verduras, peixes, carnes e alguns restaurantes. Em 1979, foi inaugurado o Centro de Abastecimento Alimentar do Rio Vermelho. Sete anos depois, o local foi reinaugurado. Em 2004, a Central de Abastecimento passou por uma grande reforma, com reparação dos sistemas elétrico, hidráulico e de todas as áreas de circulação do mercado. Em 2012, as velhas estruturas foram demolidas e o local começou a ser reconstruído. Dois anos depois, na véspera do aniversário de 465 anos de Salvador, os comerciantes receberam as chaves dos novíssimos empreendimentos. A abertura ao público ocorreu em maio de 2014. 

E se você algum dia já foi ao Mercado do Rio Vermelho, com certeza conhece o Bar do Edinho e pode ser um dos milhares de sócios deste famoso permissionário do sorriso largo e risada inconfundível. “Quando cheguei 47 anos atrás, tinha apenas um mercado que estava instalado há três anos. Hoje é tudo muito diferente e digo que o Mercado do Rio Vermelho é o melhor de Salvador. Neste período todo que estou lá, nunca recebi um cheque sem fundo, essa é a razão de eu chamar o pessoal de sócio. Vou em todas as mesas, sirvo a Gabriela. Ninguém sabe a receita, é segredo de estado”, conta aos risos Edson Elípio. A bebida é preparada por ele com uma raiz indígena e leva oito dias em infusão.  

Segundo Frederico Teixeira, da Oxe É de Minas, instalado no mercado desde janeiro de 2018, o equipamento, que faz parte da vida do soteropolitano, representa baianidade, tempero, sabor e cultura. “É um prazer para a gente fazer parte de uma comemoração tão importante para cidade de Salvador. Apostamos muito no potencial do mercado, pela localização, ele está no meio da cidade e conseguimos atender todos os públicos; por fazemos parte de um conglomerado de empresários, onde você acha de tudo com muita qualidade; por suas instalações, que favorecem a parte de carga e descarga e facilita para a gente que trabalha com volume”, afirma. 

Ascom/SDE