O evento voltado para ex-funcionários da unidade de saúde debateu também os direitos trabalhistas dos profissionais
Palavras de ordem como “queremos solução” entoaram na tarde desta quinta-feira (29), no auditório do Centro de Cultura da Câmara Municipal, durante a audiência pública intitulada “SOS Saúde, o Hospital Espanhol pede socorro”, proposto pelo vereador Odiosvaldo Vigas (PDT). O evento teve por objetivo discutir a situação do hospital e dos ex-funcionários da unidade de saúde que fechou há cerca de cinco anos, sem pagar direitos trabalhistas.
Para a representante dos ex-funcionários, a técnica em enfermagem, Claudia Souza, a audiência é de grande importância. “Chegar até aqui no Centro de Cultura e ter apoio de um vereador como Odiosvaldo, me faz acreditar que possamos despertar a atenção de quem tem como nos ajudar”, conta. Ela trabalhou no hospital por 8 anos e, quando a unidade fechou, a profissional estava em tratamento contra um câncer. “Doença na qual fiquei com sequelas e hoje não posso trabalhar. Tem muitos outros colegas meus que estão na mesma situação. Saí de lá sem direitos, estou sem plano de saúde para cuidar de mim. Tem colegas que estão morrendo sem receber”, relatou.
Segundo o vereador Odiosvaldo o intuito do evento foi fazer a comunidade participar do debate sobre a situação lamentável em que se encontra o Hospital Espanhol e propõe uma solução para a volta do funcionamento. “Agora a unidade está fechada, aguardando demanda de um leilão, mas saúde não é leilão! A sociedade quer o hospital em funcionamento e uma nova gestão também. Por isso eu proponho que haja a federalização do hospital com a chamada gestão tripartite, em que envolva os governos Federal, Estadual e Municipal. Na proposta, os funcionários poderão constituir uma cooperativa, para que eles obtenham os ganhos necessários, enquanto vamos alavancar o funcionamento da unidade de saúde.
O solicitante da audiência, Clarindo Silva disse que a volta do funcionamento do hospital poderia ser mais um milagre da Santa Irmã Dulce. “ O Hospital Espanhol está ligado na minha vida. Precisamos fazer uma grande mobilização na cidade, para que o local não se torne um empreendimento imobiliário. Nesse momento é preciso que as autoridades abram os olhos, porque ali a nossa santa Irmã Dulce começou a carreira profissional como enfermeira do hospital. A Bahia dá para o mundo uma santa e não podemos perder a oportunidade de reabrir o hospital que deu luz a muitas vidas”, afirmou.
Compuseram a mesa, a assessora jurídica da vereadora Aladilce Souza (PCdoB), Cláudia Bezerra, que representou a vereadora no evento; o solicitante da audiência pública e proprietário da Cantina da Lua, Clarindo Silva; o diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado da Bahia (Sindisaúde) Jamilton Góes; a presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado da Bahia (SEEB), Lúcia Duque; a conselheira do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb), Maria Gravatá; e o conselheiro do Cremeb, Evandro Sobrinho.
Questões trabalhistas
A unidade foi fechada em setembro de 2014 com dívidas de R$ 450 milhões, das quais R$ 180 milhões sendo trabalhistas. Em maio de 2018 o Superior Tribunal de Justiça repassou o caso da justiça trabalhista para a comum e desde então o processo não teve novos desdobramentos. O vereador salienta que os funcionários do Hospital Espanhol não podem ficar sem solução do problema, “que atinge diretamente suas vidas, pois não tiveram seus direitos respeitados”, finaliza.