Após 11 meses de medidas restritivas e de muitos esforços municipal e estadual para impedir que o coronavírus continue se espalhando, os índices da pandemia em Salvador seguem preocupando e a pressão sobre o sistema de saúde continua. A ocupação de leitos de UTI exclusivos para o tratamento da doença, por exemplo, tem ficado na faixa dos 70%, mesmo com as recentes reaberturas de vagas contratualizadas para atender à demanda.
Um dos principais fatores para esse cenário tem sido o relaxamento da população. Por exemplo, tem sido cada vez mais comum encontrar pessoas utilizando a máscara facial de forma inadequada ou mesmo sem o item, ou promovendo aglomerações em festas e eventos irregulares, como os “paredões”.
A infectologista da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Adielma Nizarala, explica que o relaxamento de parte da população no que tange à prática dos protocolos para frear a infecção do coronavírus é fruto de um somatório de fatores. Um deles é a falsa percepção de que, com a chegada da vacina, tudo está resolvido.
“Muitas pessoas não entendem que as flexibilizações das atividades econômicas não significam um ‘liberou geral’, mas, sim, que a rotina da vida poderá ser retomada aos poucos. Portanto, isso não quer dizer que dá para abandonar as medidas preventivas ainda em vigor e ir à praia de galera, passear na orla sem máscara, se reunir em paredões, festas”, explica.
Quanto à vacina, ela acrescenta que o imunizante não impede, completamente, a circulação do vírus. “Sabemos que, à medida que mais pessoas forem vacinadas, menos pessoas suscetíveis o vírus encontrará para infectar. Mas isso não acontecerá da noite para o dia. Exige que uma parcela significativa da população esteja imunizada. Assim, temos que ver a vacina como um grande reforço que se somará às medidas sanitárias já praticadas”, diz.
Máscara – Usar máscaras de proteção no rosto ao sair de casa é uma ferramenta simples, porém é das mais eficazes contra a transmissão do novo coronavírus. Neste caso, há diversos estudos que comprovam a eficácia desses equipamentos de proteção individual. Uma pesquisa feita na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, por exemplo, concluiu que máscaras caseiras se tornaram essenciais na luta para conter proliferação da doença.
Durante simulações em laboratório, os pesquisadores fizeram uso de uma máquina para simular os diferentes tamanhos de gotículas que saem da boca de uma pessoa quando ela fala, tosse ou espirra. Os acessórios feitos de algodão apresentaram melhor resultado e chegaram a filtrar, em média, 64% das gotículas expelidas menores e 82% das maiores.
Higienização – A Covid-19 é causada pelo vírus SARS-CoV-2 e algumas formas de transmissão estão justamente ligadas ao contato com superfícies contaminadas. Desse modo, a lavagem correta das mãos é uma das medidas de proteção mais eficientes contra a doença.
Na prática, a higiene com água e sabão é importante, pois provoca o rompimento da membrana lipídica do vírus, fazendo com que as proteínas e fragmentos virais sejam levados pela água. Já o álcool gel 70% é capaz de matar o vírus porque age em suas membranas e proteínas de forma rápida.
A higienização deve ser feita por pelo menos 20 segundos e precisa ser realizada nas palmas e nos dorsos das mãos, nas partes internas, externas, bem como nas pontas dos dedos e unhas.
Cuidados domésticos – É fundamental, também, que os protocolos de higiene também sejam cumpridos dentro de casa. Limpar e desinfetar superfícies que são muito tocadas regularmente (maçanetas, mesas, cadeiras, corrimãos, torneiras, vasos sanitários, interruptores de luz, telefones celulares, computadores, tablets, teclados, controles remotos) é uma precaução importante para reduzir o risco de contaminação.
Essas superfícies podem ser limpas com sabão ou detergente e água. Também é possível usar produto desinfetante contendo álcool na composição 70% ou água sanitária diluída (vale dar uma conferida nas instruções no rótulo do produto).
O ideal é que embalagens como latas, sacos plásticos (feijão, arroz, etc.) e caixas de leite sejam limpas antes de abertas ou armazenadas. Deixar os sapatos na entrada de casa, se possível, e colocar as roupas usadas do dia direto para lavar são outras dicas que podem ser praticadas.
Números – Só neste início de 2021, mais 40 leitos passaram a funcionar sob a gestão municipal. Foram 10 unidades de terapia intensiva e 10 de enfermaria instalados no Hospital Sagrada Família, no Bonfim. Outros 20 de UTI estão em operação no Hospital Santa Clara, no Itaigara.
De acordo com a SMS, até a quarta-feira (16), Salvador registrou 136.953 casos de Covid-19, com 131.560 recuperados e 3.503 mortes por complicações do novo coronavírus. A ocupação da taxa de leitos de UTI está em 74%.
Foto: Jefferson Peixoto/Secom