Audiência virtual apresentou posicionamentos de vereadores, gestores públicos e médicos
Uma audiência pública foi realizada na manhã de sexta-feira (19) para discutir o retorno às aulas presenciais em meio à pandemia da Covid-19, bem como as alternativas para um ensino híbrido. O debate foi promovido pela Ouvidoria da Câmara Municipal de Salvador (CMS) em conjunto com a Comissão de Educação, Esporte e Lazer. A mediação foi feita pelo ouvidor-geral da CMS, o vereador Augusto Vasconcelos (PCdoB), e pela presidente da Comissão de Educação, a vereadora Cris Correia (PSDB).
“A audiência foi muito rica com a participação de vários segmentos da cidade. Não posso deixar de reafirmar que tudo isso está acontecendo em razão do nosso país estar enfrentando a pandemia da pior maneira possível, graças a um governo federal irresponsável que não se planejou adequadamente para a compra das vacinas e tem gerado essa aflição para pais, mães, profissionais da educação e a sociedade em geral que clama pela volta às aulas”, disse o ouvidor-geral da CMS, Augusto Vasconcelos.
“Todo mundo quer que as aulas voltem, mas precisam voltar em segurança, preservando vidas e com mecanismos pedagógicos que incluam as pessoas e não deixem ninguém de fora”, completou Augusto, que defende um amplo processo de modernização pública, com investimentos para a ampliação da banda larga, possibilitando que mais pessoas tenham acesso às aulas.
“A iniciativa cumpriu com seu papel, que é o do diálogo, do debate, de ouvir as diversas representatividades da sociedade, dos segmentos envolvidos com essa questão da educação e da volta às aulas. Houve pluralidade de posicionamentos e nos discursos. E isso, na verdade, é o que enriquece o debate, que fortalece esse diálogo”, relatou a vereadora Cris Correia.
A presidente do colegiado de Educação comemorou o anúncio da antecipação da data de inclusão dos professores no plano de imunização: “Encerramos a audiência com a informação muito importante de que houve uma antecipação no programa de vacinação para os profissionais de educação. A informação é importante para a retomada das aulas presenciais e abre uma nova perspectiva, tanto do diálogo, quanto também do próprio movimento de retomada”.
Além dos vereadores, participaram como debatedores o superintendente de Planejamento Operacional da Rede Escolar/Secretaria de Educação do Estado da Bahia, Manoel Calazans; o secretário municipal de Educação, Marcelo Oliveira; o presidente da Associação dos Professores Licenciados da Bahia (APLB-Sindicato), Rui Oliveira; a vice-presidente do Conselho Municipal de Educação, Rita de Cássia; o promotor de Justiça do Ministério Público da Bahia e coordenador do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Educação (Seduc), Adalvo Nunes; e a médica infectologista Fabiana Bahia.
O debate
O presidente da APLB-Sindicato, Rui Oliveira, defendeu o ensino híbrido e afirmou que não é possível discutir a retomada presencial: “Precisamos discutir a vida e a vida neste momento é com a vacina”. Para o superintendente de Planejamento Operacional da Rede Escolar, Manoel Calazans, no momento também não há condições sanitárias para o retorno presencial.
A infectologista Fabiana Bahia ressaltou que os pilares básicos para evitar a contaminação do coronavírus são uso da máscara, higienização das mãos e distanciamento social. Para Fabiana, a educação precisa ser colocada em prioridade no mesmo patamar das atividades que já foram retomadas e que, havendo um treinamento adequado para os alunos de como aplicar corretamente esses protocolos, é possível retomar as aulas presenciais de uma forma segura.
Para o secretário municipal de Educação, Marcelo Oliveira, é preciso avançar na discussão e buscar formas de resolver esta questão e que é necessário retornar às aulas presenciais: “Não consigo imaginar uma educação fundamental exclusiva à distância”. Ele diz, no entanto, que agora, numa nova onda crescente da pandemia, ainda não é o momento. Segundo Marcelo, o primeiro passo para a volta às aulas foi dado a partir da elaboração de um plano de retomada físico-sanitário, de como garantir a segurança dos alunos.
Rita de Cássia, vice-presidente do Conselho Municipal de Educação, também disse que não há condições de retornar às aulas presenciais sem a vacina para toda a população. “Defender a educação neste momento é substituir o grito de guerra do retorno presencial por ‘vacinação, já’, por ‘preservação da vida, já’. Educação neste momento é defender o ensino remoto”, disse.
“Precisamos discutir a educação para além desse momento pandêmico que nos aflige. É preciso discutir em sua plenitude. Também não podemos pensar nessas mortes como números. Precisamos pensar como seres humanos que abandonaram as suas profissões e famílias precocemente”, pontuou o coordenador do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Educação, Adalvo Nunes.
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