Com a produção melhorando e crescendo a cada dia, a jovem agricultora familiar Beatriz de Jesus, de 33 anos, moradora na zona rural do município de Irará, Território Portal do Sertão, acredita que em pouco tempo a sua renda vai aumentar. Em sua propriedade, alface, coentro, entre outras hortaliças, além de mandioca e aipim, estão vistosas e se multiplicando.
O resultado vem do trabalho que está sendo executado pela Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), por meio Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater), com a chamada pública ATER Mulheres, que atende 5.400 agricultoras, em comunidades rurais de 60 municípios, de 11 Territórios de Identidade da Bahia.
A ATER Mulheres é uma das ações estratégicas da Bahiater, de assessoria técnica, que dá apoio diferenciado ao trabalho e à produção das mulheres rurais. A superintendente da Bahiater, Celia Watanabe, explica os impactos da ATER na realidade de vida das agricultoras familiares: “A ATER Mulheres visa atender as especificidades do trabalho que elas desenvolvem, considera a visão das agricultoras sobre a unidade produtiva familiar, o cuidado com os recursos naturais e a produção de alimentos saudáveis. É uma assistência técnica que apoia a diversificação da produção, que busca fortalecer a autonomia econômica, com base no reconhecimento e na valorização do trabalho das mulheres rurais”.
No Território do Portal do Sertão, são 540 mulheres atendidas pela ATER Mulheres. Somente em Irará, são 90. A agricultora Beatriz é uma delas: “Aprendi a trabalhar na roça com meus pais, desde cedo eu ajudava eles a capinar, e depois a plantar. Hoje, com a assistência técnica que venho recebendo, cada dia eu vou aprendendo algo novo que eu não sabia, pra fazer na minha roça”.
Beatriz vende seus produtos na própria comunidade: “Pego minha bicicleta e vou vendendo pela vizinhança. Eu ganhava uns R$10 por semana, com pouco tempo desse apoio, estou tirando R$40 a R$50, mas com as melhorias que venho fazendo, em pouco tempo vou tirar uns R$200. A minha mãe recebeu assistência técnica e vi a importância. Antes, tinha uma plantação seca, dava pra ver que faltava alguma coisa. Agora, é a minha vez de ter uma plantação bonitona igual à dela”.
A assistente técnica que acompanha a comunidade Quebra-Fogo, Adriana de Oliveira, conta que o trabalho de ATER Mulheres vai além da roça, pois significa o empoderamento dessas mulheres: “Comecei o trabalho nessa comunidade faz pouco tempo, mas venho me surpreendendo com a quantidade de mulheres e jovens envolvidos com o trabalho que eles executam e como acreditam na agricultura familiar”.
Cadernetas Agroecológicas
Faz parte da ATER Mulheres a Caderneta Agroecológica, um instrumento político-pedagógico idealizado pelo Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM), com o objetivo de mensurar e dar visibilidade ao trabalho das mulheres agricultoras, ao mesmo tempo que contribui para a promoção da sua autonomia.
Na caderneta são registradas as informações de venda, consumo, doação e troca. Isso permite que as mulheres possam anotar e ter o controle de tudo o que é cultivado nos espaços de seu domínio nas unidades produtivas da agricultura familiar, ou o que foi produzido por elas. O preenchimento das cadernetas possibilita às agricultoras mensurar a renda monetária e não monetária gerada a partir do seu trabalho.