Na estrada, os caminhões percorrem pouco mais de 70 km até chegar ao povoado de Tanque Novo, Distrito de Pinhões. Na carroceria, eles carregam 20 mil litros de água potável e o seu destino é apenas uma das comunidades abastecidas pela Prefeitura de Juazeiro, através da Defesa Civil. A iniciativa visa minimizar os efeitos da estiagem na zona rural do município.
O trajeto dos caminhões-pipa é longo, antes de partir para o povoado precisam abastecer a carroceria com a água que é tratada pelo Serviço de Água e Saneamento Ambiental (SAAE). Em seguida, viajam cerca de uma hora até Tanque Novo, onde a carga preenche as cisternas dos apontadores, responsáveis pela partilha da água nas comunidades. No povoado vivem cerca de 100 famílias e cada apontador atende em média cinco grupos familiares.
O serviço, realizado hoje pela Prefeitura de Juazeiro, é, na verdade, uma responsabilidade do Exército, que coordena a Operação Carro-Pipa. Financiado pelo Governo Federal, o programa está suspenso oficialmente desde o início de março. “Água é vida e diante da interrupção da operação, não podíamos deixar essas localidades sem água. Não temos a mesma força financeira da União, mas a prefeita Suzana Ramos pediu atenção especial para a população da zona rural e está executando esse serviço com recursos próprios do município”, conta o coordenador da Defesa Civil, Ramiro Cordeiro.
Cisternas vazias
Em Tanque Novo, sem a operação do Exército e sem chuvas, alguns moradores estavam com suas cisternas vazias há três meses, como a Dona Jucilene da Silva Medrado. “A gente estava passando muita dificuldade. Meu esposo pegava água no poço quando podia, quando não conseguia trazer, a gente ficava com sede ou ia pedir uma lata d’água da cisterna de quem ainda tinha água”, diz ela. O líquido precioso que chegou ao seu reservatório será partilhado com outras três famílias.
O transtorno da falta d’água bateu também na porta do comerciante José Wilson Rocha da Silva. “Nós agradecemos muito à prefeita Suzana por trazer essa água. Sem água ninguém vive. Minha sogra teve um derrame há pouco tempo e a gente não tinha uma gota de água para beber. Ia pegar na cisterna dos outros. Porque aqui, quando a gente não tem água é assim, mas quando ninguém tem, a gente tem que pegar uma água que não é tratada”, relata.
Os caminhões-pipa fazem duas viagens por dia para garantir que todos os apontadores das comunidades sejam abastecidos. “Atualmente, estamos trabalhando com dois pipas, mas nos próximos dias deveremos habilitar mais um. Cada carro tem capacidade para 10 mil litros e as cisternas têm, em média, o mesmo volume. Por isso, dependendo do número de apontadores do povoado, os caminhões precisam retornar à localidade no dia seguinte conseguir atender a todos”, explica Ramiro Cordeiro. Além de Pinhões, a prefeitura já atendeu os moradores do Salitre, Massaroca e Itamotinga.
Desde a suspensão da Operação Carro-Pipa, o Munícipio vem buscando contato com o Governo Federal a fim de solicitar a retomada do programa.