Pessoas desaparecidas é tema de audiência pública

Vereador Suíca presidiu encontro na manhã desta quarta-feira (18), no auditório do Bahia Center

O vereador Luiz Carlos Suíca (PT), vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Salvador, presidiu uma audiência pública sobre as pessoas desaparecidas. O encontro ocorreu na manhã desta quarta-feira (18), no auditório do Bahia Center, anexo da Casa. A presidente da Comissão de Direitos Humanos, vereadora Marta Rodrigues (PT), também esteve presente.

“Quando eu tinha entre 8 e 10 anos, uma senhora chamada Júlia que ajudou a me criar teve o filho desaparecido. Já tenho 53 anos e o filho dela nunca apareceu. Então, fica uma angústia na família durante esse processo de tentar saber onde está, aonde foi, quem levou e o que está fazendo. Nós, enquanto parlamentares, sendo da Comissão de Direitos Humanos e como vereador, tenho feito essa audiência para dar visibilidade a esse assunto”, frisou Suíca.

A audiência reforça a proposta do vereador feita ao Executivo Estadual, por meio do Projeto de Indicação nº 279/13, que obriga as administrações do Estádio Arena Itaipava Fonte Nova e Estádio Roberto Santos a divulgar fotos e informações de crianças e adolescentes desaparecidos, nos telões ou placares eletrônicos, no início e intervalo dos eventos.

Visibilidade

De acordo com Suíca, as campanhas de pessoas desaparecidas são feitas apenas por equipamentos privados como as TVs. Ele acredita que “o Governo pode fazer muito mais”. O vereador justificou sua afirmação ao citar a questão do suicídio onde “antigamente, as pessoas diziam que era uma questão individual e, hoje, sabe-se que esse ato pode ser consequência de uma doença, uma depressão, falta de emprego, entre outros fatores. E o Estado tem a obrigação em relação a isso”, informou.

Marta Rodrigues afirmou que, segundo a Delegacia de Proteção à Pessoa, no ano passado, houve mais de 345 pessoas desaparecidas. “Esses são dados alarmantes”, disse. A vereadora acredita que a audiência vai dar visibilidade ao assunto e chamar a atenção de outras organizações envolvidas em campanhas que defendem a mesma causa. “Muitos jovens, de 12 a 19 anos, desapareceram e esses são dados que estão nas estatísticas, assim como as pessoas idosas. Isso nos preocupa. Enquanto Casa Legislativa e representante do povo, nós podemos também contribuir com esses encontros para amenizar esses dados”, destacou.

Estratégias

A exemplo de novos mecanismos, Suíca exemplificou o sistema de reconhecimento facial, usado pela Secretaria de Segurança Pública para identificar suspeitos e disse que o Governo pode criar o mesmo sistema para identificar pessoas desaparecidas, assim como desenvolver outras estratégias. “Se o governo tiver a relação dessas pessoas, vai ser mais fácil, por exemplo, identificar uma pessoa que pede comida na rua e que pode estar desaparecida. Se o Governo tiver um mapa e fotografias dessas pessoas e distribuir na cidade, a comunidade poderia identificar com mais facilidade”, exemplificou.

Segundo a delegada Geisa Feitosa, da Delegacia de Proteção à Pessoa (DHPP), ligada ao departamento de homicídios que trabalha com situações não delituosas, é preciso haver um apoio e integração do Conselho Tutelar e dos hospitais. “Existem pessoas que saem de casa e passam mal, estas são encaminhadas para os hospitais e não temos o contato de quem entrou sem identificação”, explicou.

Para ela, se os hospitais trabalhassem em conjunto com a delegacia, poderiam informar quais pessoas deram entrada sem identificação e encaminhar imagens. “Se uma família está procurando essa pessoa e temos a identificação dela, podemos fazer uma comparação e verificar. Isso iria acelerar o processo”.

Sobre o Conselho Tutelar, Geisa Feitosa, falou que falta recursos para haver integração com a delegacia: “O Conselho Tutelar está nos bairros e mais próximo das famílias que procuram a pessoa desaparecida, mas não tem as condições materiais e humanas que deveria porque não tem um psicólogo, nem um direcionamento técnico mais adequado”, finalizou.

A subcoordenadora do Centro de Defesa da Criança e Adolescente (CEDECA), Luciana Reis, e Nadjane Cristina dos Santos, da organização de jovens do Coletivo Incomode, que desenvolve um trabalho no combate ao genocídio e extermínio da juventude negra, também fizeram parte da audiência pública.