Diversidade, identidade, ancestralidade foram algumas das temáticas que nortearam o seminário de devolução do processo de formação étnico-racial do projeto Pró-Semiárido, da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR). O evento online reuniu cerca de 130 pessoas entre técnicas e técnicos, agricultoras e agricultoras, Agentes Comunitárias/os Rurais (ACRs), organizações da sociedade civil, professores universitários e outros parceiros.
“Hoje a gente realiza este sonho de trazer a discussão étnico-racial e a valorização de questões que são invisibilizadas. Num projeto de desenvolvimento rural que trabalha por direitos, por justiça social, não dava pra gente não ter mergulhado nessas questões. Foi um desafio, a pandemia nos atrapalhou e a gente vai poder avaliar isso, mas também possibilitou, por outro lado, trazer pessoas de outras áreas. O sonho não acabou a gente está terminando uma ação conjunta, mas o sonho tem que continuar”, salienta a assessora de gênero do projeto, Elizabeth Siqueira.
Na programação do seminário, realizado em parceria com a Cáritas Regional Nordeste 03, entidade de apoio do Pró-Semiárido nas formações acerca da temática étnico-racial e de gênero, estiveram presentes representantes dos mais diversos povos que compõem a população do Semiárido da Bahia. No espaço intitulado “Vozes da Comunidade”, a palavra foi facultada a Ioná Pereira, liderança dos povos de terreiro; João de Deus, liderança indígena do povo Tumbalalá, do município baiano de Curaçá; e a Evanice Lopes, membro do Conselho Estadual de Cultura.
As falas permearam diversos temas como fortalecimento da cultura, religiosidade, intolerância religiosa, acesso a terra e ao território e racismo estrutural. Durante o evento, as/os participantes puderam compartilhar as suas vivências em comunidade, a partir dos relatos dos enfrentamentos que ainda são obstáculos para o bem viver.
A professora doutora em geografia, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Guiomar Germani, participou da mesa intitulada “Por um Semiárido que afirma suas entidades, valoriza o território e seu povo”. Sobre o tema, ela destacou que: “afirmar as identidades de gênero e de etnia de mulheres, negros, indígenas, fundo de pasto, geraizeiros, povo de santo significa assumir uma posição da escuta pela afirmação do poder, gerir sua vida e seu destino, e esse movimento é um salto político qualitativo, mas implica também numa grande dose de coragem, que significa romper com as relações de poder já estabelecidas, que aparentemente os protegem”.
O Pró-Semiárido é um projeto do Governo do Estado, executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento rural (SDR), com cofinanciamento do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida).