Na Bahia, famílias indígenas de diversas etnias, distribuídas no estado, têm motivos a mais para comemorar o Dia do Índio. Essas famílias, organizadas em associações selecionadas a partir de editais de chamada pública do Governo do Estado, passaram a contar com uma série de investimentos nos últimos anos. Esses recursos específicos foram destinados a ações como as de infraestrutura para produção, aquisição de insumos, apoio à gestão de empreendimentos e assistência técnica e extensão rural (Ater), dentre outras.
Além de valorizar a cultura e a tradição desses povos, o Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), vem apoiando sistemas produtivos estratégicos, para a melhoria da qualidade de vida de mais de 1.600 famílias indígenas, dentro dos seus territórios. No total, estão sendo aplicados mais R$21,9 milhões, destinados a ações socioambientais e de preservação da biodiversidade, de apicultura e meliponicultura, bovinocultura de leite, aquicultura, fruticultura e qualificação de agroindústrias. Os recursos são dos projetos Bahia Produtiva e Pró-Semiárido, ambos da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR/SDR).
Por meio do Pró-Semiárido, a etnia Tumbalalá, do município de Curaçá, vem sendo apoiada pelo Governo do Estado, com ações que incluem a implantação de canteiros telados, para quintais agroecológicos, de kits de irrigação para produção orgânica, para a preservação da agrobiodiversidade, de tanques-redes para a piscicultura e equipamentos para o fortalecimento da caprinocultura.
A aldeia indígena da etnia Tuxá Kionahá (Aldeia do Rio de Cima), do município Muquém de São Francisco, é uma das contempladas. Na aldeia, a produção de alimentos se baseia na alternância de culturas, com uma produção feita em harmonia com o meio ambiente, também com utilização de tecnologia, como a do sistema de irrigação por meio da instalação de uma usina de energia solar, que está em fase em implantação. A ação vai permitir a economia com a energia elétrica e garantir regularidade na produção e, consequentemente, a melhoria na renda das famílias.
O Cacique Giba Tuxá ressalta que cada família trabalha nas suas propriedades individuais, mas as decisões e a busca pelo desenvolvimento são feitos de forma coletiva. Ele observa que uma cultura vai sustentando a outra, de forma rotativa, e que de cada uma dessas culturas, seja fruticultura ou piscicultura, que passam a ser qualificadas com os investimentos do Estado, vem garantindo a sobrevivência da aldeia: “Projetos, como o Bahia Produtiva, têm trazido muito desenvolvimento para as aldeias, inclusive com um edital só para indígenas, com quase 50 aldeias beneficiadas”.
A Associação de Pequenos Produtores Fulni-ô, da Aldeia Indualhá, na Agrovila 05, em Serra do Ramalho, além da sua cultura marcante, que se perpetua nas novas gerações, com a dança, o artesanato, a pintura e o dialeto Yaathe, preservados, já possui uma área com o Sistema de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS), e está recebendo investimentos para o fortalecimento da bovinocultura leiteira.
A cacique e liderança indígena da Aldeia Indualhá, Marina Marcia, com nome indígena Yoko, salienta que os investimentos possibilitam o acompanhamento técnico por um Agente Comunitário Rural (ACR), da própria aldeia, com orientações para o manejo adequado da terra, respeitando a mata, fauna e flora, para dessa terra tirar o sustento, inclusive para os jovens, que não estão mais precisando sair da aldeia, e conseguem tirar da sua própria terra o sustento: “Está sendo muito importante essa transformação da nossa comunidade com a chegada do Bahia Produtiva. Só temos a agradecer ao Governo do Estado”.
O Bahia Produtiva e o Pró-Semiárido são projetos do Governo do Estado, executados pela CAR/SDR e contam com o cofinanciamento do Banco Mundial e Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), respectivamente.
Ater e acesso à água para produção
A Aldeia Pankararé, localizada no Povoado Caraíbas, município de Glória, também passa por um processo de transformação, a partir da implantação de 20 cisternas de produção, por meio do programa da CAR/SDR, Água para todos. Na aldeia, também é ofertada assistência técnica e extensão rural (Ater), por meio da organização Assessoria e Gestão em Estudos da Natureza e Desenvolvimento Humano e Agroecologia (Agendha), selecionada para prestar esse serviço, via edital de Chamada Pública da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater/SDR). Alcione Araújo Silva, da Aldeia Pankararé, afirma que, a partir da implantação das cisternas, foi possível começar a produzir alimentos, com segurança hídrica e regularidade. Ela lembra também que o acompanhamento técnico contribui para que o trabalho na comunidade seja qualificado e tenha assegurada, tanto a segurança alimentar e nutricional, quanto abriu a possibilidade de uma renda extra para essas famílias: “Hoje em dia, além da goiabeira e do mamoeiro, que já está dando frutos no quintal, tem de tudo um pouco. Sempre tenho meu feijão verde, cebolinha, alface, coentro, para o meu uso e de minha família e também para vender”.