Enxurrada Casa Preta III encerra programação com shows que reúnem diversidade musical, artística e de gênero

O projeto Enxurrada Casa Preta III finaliza as ações com diversidade musical, artística e de gênero, em um final de semana de shows exibidos nos canais do Youtube e Facebook da Casa Preta Espaço de Cultura. As apresentações acontecem dia 07, 08 e 09 de maio e conectam a ancestralidade e a arte em três dias de reflexões sobre a folclorização, colonização, aculturação e desprezo pela história afro-ameríndia, em um retorno a todas contribuições, direitos básicos, lutas e referências das raízes que forjaram o país.

No dia 07 de maio, ás 19h, a programação começa com protagonismo negro e feminino, com as ricas rimas que conectam poesias à perspectiva de cura,  a narração falada e corpórea de situações cotidianas, com o Slam das Minas, grupo formado por mulheres nascidas e viventes de bairros periféricos de Salvador. Singa (São Caetano) e NegaFya (Sussuarana) trazem suas poesias protestos para refletir sobre corpos dissidentes através das experiências dos corpos negros e periféricos. 

“No slam as nossas poesias trazem muito a denúncia. Falamos da solidão da mulher negra, genocídio da juventude negra, da violência contra a mulher e abandono, mas numa perspectiva de mulheres pretas em comunidade”, trouxe Singa.

Em seguida, às 20h, o público tem encontro marcado com Cabokaji, banda premiada pelo Natura Musical para a produção do seu primeiro disco, bem como vencedora na categoria “Melhor Arranjo para Música com Letra” do 18° Festival de Música da Educadora FM,  formada pelo trio soteropolitano Caboclo de Cobre, ator, compositor fundador do Aldeia Coletivo, ISSA, cantor, compositor e pesquisador, e Ejigbo, músico multi instrumentista e arranjador. Um show que promete um universo não conhecido pela sociedade contemporânea e eurocêntrica,  dotado de saberes, costumes, belezas e mistérios, em conexão com o rap de MC tipo A que expõe as arapucas do sistema contra o povo negro e periférico. 

Já no sábado, dia 08 de maio, às 20h, o encontro será regado a um mergulho dançante pelas vertentes da música negra, periférica e diaspórica através do mete dança baiano de DJ Nai Kiese, primeira DJ mulher a orquestrar batalhas de freestyle no mundo, Cabôco Experiência, que evidencia em sua apresentação a riqueza das heranças vivas e presentes no cotidiano brasileiro, expondo o duro processo de embranquecimento, higienização racial e inviabilização das culturas tradicionais, junto a MC Coscarque, que potencializa o show com rimas improvisadas, a influência no Hip Hop, cultura urbana e arte negra.

Quem fecha o festival e sintetiza a formação e resistências do povo brasileiro, dia 09 de maio, às 18h, é a banda Los Pesos, formada por Donna Liu, o multi-instrumentistas Mr. Dko, e Dj Tau Brasil. Às 20h, o Coletivo Liliths e DiCerqueira , finalizam as apresentações com referências nas narrativas dissidentes, míticas e afro diaspóricas, em uma experiência sonora que celebra também as vidas LGBTQIA+.

O projeto é contemplado pelo Prêmio Anselmo Serrat de Linguagens Artísticas, da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura Municipal de Salvador, por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, com recursos oriundo da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal.