“Quem foi o servidor público que avalizou a nota técnica? Quem foi o servidor que adulterou o parecer da Procuradoria Geral do estado?”, questiona Paulo Câmara sobre compra frustrada de respiradores

“Uma atrocidade”. Assim define o deputado estadual Paulo Câmara a compra fracassada de 300 respiradores feita pelo Consórcio Nordeste, então presidido pelo governador Rui Costa (PT), em abril do ano passado. Batizada de Operação Ragnarock, as investigações sobre a suposta fraude na aquisição dos equipamentos segam no Superior Tribunal de Justiça.

“Tenho acompanhado bastante esse caso dos respiradores. Aliás, fui o único deputado da Bahia que vem cobrando insistentemente esse assunto que é assustador por conta do montante de R$100 milhões que foi pago pelo Governado do Estado de maneira irresponsável. Você vê que a primeira empresa, a HempCare Pharma, trabalha hoje com medicamentos de maconha sem nunca ter prestado nenhum tipo de serviço de compra nacional ou internacional na área de saúde. Pelo próprio depoimento da dona da empresa, Cristiana Prestes, o ex-secretário Bruno Dauster quis estuprar o Estado majorando o preço de R$22 mil para R$32 mil. Nessa compra quase 13 milhões foram pagos de comissão ou propina, mas ai é avaliação de cada um”, afirmou Câmara em entrevista exclusiva ao Bahia Sem Fronteiras.

Segundo o deputado, falta transparência na forma como o caso vem sendo conduzido pelo governador Rui Costa. Ainda de acordo com ele foi apresentado à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) um requerimento para abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, mas que não foi acatado.

“É um assunto bastante desagradável porque você não ouve uma palavra do governador no sentido da transparência. Quem foi o servidor público que avalizou a nota técnica? Quem foi o servidor que adulterou o parecer da Procuradoria Geral do estado? O governo sabe…Só que se você acessar hoje o processo encontra-se em sigilo. É o único processo do Estado que está sob sigilo, você não pode ter acesso. É uma vergonha, e eu como deputado estadual tenho que cobrar esclarecimentos. Não estou apontando o dedo para ninguém, mas tenho obrigação de cumprir o meu papel. Venho acompanhando, denunciando e cobrando o esclarecimento desses fatos”, explica.

“O processo se encontra no Ministério Público Federal e o último parecer do Tribunal de Contas do Estado informa que o Estado cometeu uma atrocidade causando um prejuízo enorme aos cofres públicos. Tenho certeza que agora no STJ as pessoas que fizeram esse mal à Bahia vão aparecer logo, logo. Inclusive apresentei à Mesa Diretora da Alba um requerimento para cobrar esclarecimentos para que o governador viesse de maneira democrática prestar esses esclarecimentos, mas foi negado pela Mesa. Nós da oposição somos dezesseis parlamentares sendo que são necessários 21 deputados para que seja aberto o requerimento de CPI. Precisaríamos do apoio da bancada governista e sabemos que isso não vai acontecer. O que não vou deixar acontecer é que o tempo apague isso da memória”, completou.

Foto:Acervo/BSF