O diretor da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Waldeck Pinto de Araújo Júnior, visitou o oeste baiano, entre os dias 16 e 18 de junho, para avaliar áreas implantadas com cultivo de cacau e estabelecer convênio de cooperação técnica que vai viabilizar o apoio institucional da Ceplac às ações de validação de tecnologias. Diretores da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) e o secretário da Agricultura de Riachão das Neves, Antelmo Pinto, acompanharam a comitiva composta, também, pelo pesquisador Paulo Marrocos (Cepec/Ceplac) e o diretor de Desenvolvimento das Cadeias produtivas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Alexandre Barcellos.
O vice-presidente da Aiba, Moisés Schmidt, apresentou aos visitantes o panorama da cacauicultura na região, inclusive, com uma explanação sobre as tecnologias empregadas nos processos de gestão, rastreabilidade, mecanização e bioquímicos nas lavouras cacaueiras oestinas. “A fruticultura, por aqui, começou há pouco tempo, com banana, maracujá e mamão. O cacau surgiu devido à verticalização dessa atividade e, hoje, está demonstrando grande potencial de produção, com altas produtividades, entre 150 e 200 arrobas por hectare”, afirma. “Por conta da não perecividade da amêndoa, como em outras frutas, o cacau leva vantagem, também, no processo produtivo de subprodutos”, explica.
“Encontramos no oeste da Bahia um exemplo de excelência no agro, com alto uso de irrigação, tecnologia e mecanização. Com características próprias do bioma cerrado, essa região certamente ocupará uma posição de destaque no cultivo do cacau e na produção de chocolate, destacando-se pela produtividade e qualidade”, disse Waldeck. Ele elogiou o profissionalismo dos produtores, associações e cooperativas, a exemplo da Aiba e da Fundação Bahia. O diretor disse, ainda, que o foco na pesquisa, forma a base para o desenvolvimento e o sucesso de um polo de produção de cacau.
O cacau na região oeste
Com trabalho intenso e investimentos em tecnologia e manejo durante as últimas décadas, a região oeste da Bahia passou a ser reconhecida, nacionalmente, pela produção de grãos e fibra. A partir da consolidação das três principais culturas – soja, milho e algodão – os produtores começaram a abrir espaço para a diversificação da matriz produtiva, o que permitiu à fruticultura avançar pelos campos produtivos do oeste baiano.
Após alcançar o posto de maior produtor de bananas do Brasil, a Bahia, impulsionada, mais uma vez, pela produção da região oeste, incrementa o volume produzido de cacau. “A cacauicultura começou, na região, há aproximadamente sete anos, quando os técnicos da Ceplac, Milton Conceição, Basílio Leite e Edivar Oliveira vieram à região e constataram que as pequenas áreas plantadas, mesmo sem nenhum trato mostravam excelente desenvolvimento, concluindo assim que essa região estava apta para a produção de cacau”, conta Schmidt. No início, era o plantio de apenas três hectares, no perímetro irrigado da Codevasf, em Riacho Grande, a 20 quilômetros de Barreiras, no município de Riachão das Neves. “Em seguida, adquirimos a área e implantamos a mecanização e a irrigação que usávamos na soja e no milho e, assim, estamos com a cultura do cacau em plena expansão no oeste da Bahia”, acrescenta.
A insuficiência na oferta de mudas implicou em um lento processo de ampliação das áreas plantadas de cacau. No início, mudas foram trazidas do sul da Bahia, mas a logística se mostrou ineficiente, por isso, foi necessário desenvolver as primeiras mudas nativas da região, em parceria com a BioBrasil. Cultivando, atualmente, 31 hectares da fruta, Antelmo Pinto vem aumentando a área gradativamente. “Está sendo concluída a primeira estufa com várias parcerias. Essa é a primeira, das 20 projetadas, que vão resultar em mais de 100 mil mudas de cacau com alta tecnologia. Até 2022 serão 2 milhões de mudas produzidas por ano”, destaca.
Otimismo dos produtores está baseado no conjunto: alta produtividade, a partir do manejo tecnológico e sustentável. “O cacau é uma fruta muito bem aceita pelos fruticultores da região. Ainda estamos fazendo os ajustes finos, desde a questão do plantio, que mudou das tradicionais covas para sulcos, a questão da fertilidade da planta, os manejos de irrigação e dos tratos culturais, tendo em vista que não temos aqui algumas doenças comuns no sul da Bahia e no Pará. Esses pontos positivos estão sendo observados e mapeados, para tentar alcançar uma produtividade ainda maior”, finaliza Schmidt.
Fonte/Fotos:Site AIBA/Divulgação