Salvador: Operação Chuva 2021 é marcada por vidas salvas

Entre março e junho, período das atividades coordenadas pela Codesal, não foram registradas ocorrências fatais em áreas de risco, o que atesta a eficácia das ações preventivas e de respostas realizadas pela Prefeitura de Salvador

A Operação Chuva 2021, realizada anualmente entre março e junho, se encerra sem registro de ocorrências graves, atestando a eficácia das ações preventivas e emergenciais adotadas pela Prefeitura de Salvador, por meio da Codesal, para eliminar e minimizar os efeitos causados pelas precipitações em Salvador. Este trabalho permanente vem deixando a cidade mais preparada para enfrentar deslizamentos de terra e desabamentos, sem perdas de vidas.

Como política prioritária da administração de ACM Neto e continuada pelo prefeito Bruno Reis e pela vice-prefeita Ana Paula Matos, nos últimos oito anos já foram destinados mais de R$220 milhões para proteção de áreas de risco, além dos aportes em tecnologia voltados à modernização da Codesal, que hoje conta com o moderno Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil (Cemadec), além pluviômetros, estações hidrológicas e sistemas de alerta e alarme.

Estes são alguns dos principais destaques que constam do balanço final da Operação Chuva divulgado pela Defesa Civil de Salvador (Codesal) nesta sexta-feira (02/07). No decorrer do período, o mais chuvoso na capital baiana, são intensificadas as ações preventivas e de resposta nas áreas de risco. Vistorias são realizadas diariamente a partir de demandas dos moradores ou de solicitações feitas por meio dos órgãos parceiros da Operação Chuva, buscando eliminar ou minimizar os efeitos do mau tempo.

Histórico de precipitação

O acumulado de chuvas em Salvador entre março a junho foi de 614,4mm, 37,17% inferior à normal climatológica (média histórica) do período, que é de 977,9mm, segundo dados aferidos pela estação pluviométrica de Ondina, operada pelo Inmet, e pelo o Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil (Cemadec). Em 2020, a mesma estação registrou 1.540,5 mm, cerca de 58% acima da normal climatológica.
O mês de maio foi o menos chuvoso dos últimos 29 anos em Salvador, contrastando com abril que apresentou um expressivo volume de chuvas. A expectativa, com base no histórico de precipitação de chuvas dos últimos 30 anos na capital, era de que chovesse 279,8 mm durante todo o mês de maio. Em 2020, o índice registrado neste mesmo período foi de 454,2 mm. Este ano choveu apenas 119,0 mm.
Segundo o Cemadec, abril foi marcado por períodos de intensas chuvas na capital que ultrapassaram em quase o dobro a normal climatológica para o mês (295,7mm), como o registrado na estação da Base Naval de Aratu (533,2 mm).

Os maiores acumulados em abril foram contabilizados nas seguintes localidades: Base Naval de Aratu – 533,2 mm; São Tomé de Paripe – 492,8 mm; Palestina – 467,2 mm; Mirante de Periperi – 427,4 mm; Periperi – 410 mm; Valéria – 409,3 mm; Mussurunga – 408,2 mm e Praia Grande – 403 mm. Nesse período, a estação de Ondina registrou 286,6 mm, 97% da normal climatológica.

Com base nos dados gerados pela estação de Ondina, todos os meses que englobam a Operação ficaram abaixo da normal climatológica: março – 62,8 mm; abril – 286,6 mm; maio- 119,0 mm e junho – 146,0 mm.

As Normais Climatológicas são médias de parâmetros meteorológicos computadas em um período de 30 anos consecutivos, obedecendo a critérios recomendados pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM). No caso de Salvador, este padrão é determinado por medições realizadas nos últimos 30 anos pelo pluviômetro de Ondina, então o único existente na cidade.

Ações articuladas

A Operação Chuva é feita em duas etapas, sendo uma delas preparatória – que ocorre durante o mês de março e corresponde à intensificação das ações preventivas. A outra etapa é de alerta, realizada nos meses de abril a junho, com medidas de monitoramento e resposta às situações de risco ou desastre.
A participação articulada de todos os órgãos integrantes do Sistema Municipal de Proteção e Defesa Civil (SMPDC), coordenados pela Codesal, é que possibilitou a prontidão na resposta às ocorrências de emergências em áreas de risco de deslizamento de terra e alagamentos.

Realização de vistorias

Ainda segundo o balanço, entre 01 de março e 30 de junho, a Defesa Civil realizou 4.925 vistorias em áreas de risco da capital. As principais se referem a orientação técnica -1.356; ameaça de deslizamento – 1.277; ameaça de desabamento – 1.038; e deslizamento de terra – 3.650. O maior volume de ocorrências foi registrado nas áreas pertencentes às Prefeituras-Bairro Centro/Brotas (1.756); Liberdade/São Caetano (1.016); Subúrbio Ilhas (990); Cabula/Tancredo Neves (716) e Pau da Lima (694).
Ao longo do ano, a Defesa Civil de Salvador realiza ações preventivas nas áreas de risco da capital baiana, entre as quais as vistorias integrantes do Projeto Casarões, que já contabilizam 1.536 imóveis. Visando preservar vidas, as vistorias técnicas são realizadas a partir da avaliação de risco geológico ou construtivo, de forma a prevenir, proteger e preservar o bem-estar dos cidadãos. O processo se inicia por meio de solicitação pelo telefone 199.

Atendimento às comunidades

O setor de Atendimento à Comunidade em Áreas de Risco (Sacar) prestou assistência à população atingida por fenômenos adversos durante a Operação, realizando os encaminhamentos de demandas relativas às situações resultantes de alagamentos, deslizamentos de terra e desabamentos.
Entre o período de 01 de março a 30 de junho de 2021, foram feitos 1.454 cadastros de atendimento que são encaminhados para a Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) para a análise dos pedidos de benefícios eventuais, a exemplo de auxílio-moradia ou auxílio-emergência.

Programas Educativos

Buscando capacitar comunidades onde há maior risco, a Codesal tem promovido programas educativos como o de formação de Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil (Nupdecs) e o Nupdec Mirim, que contemplam capacitação em defesa civil e percepção de risco para demandas emergenciais, de modo que os moradores saibam lidar com eventuais perigos decorrentes de fatores climatológicos.
Ao longo do primeiro semestre, foram realizados oito Nupdecs Mirins nas comunidades de Nova Direta (Boa Vista do Lobato), Arraial do Retiro, Mamede (Alto da Terezinha), Bosque Real (Sete de Abril), Baixa do Cacau (Lobato), Voluntários da Pátria (Lobato), Daniel Lisboa (Brotas) e Vila Sabiá (Calçada), além de Nupdec para adultos em Dom Lucas (Castelo Branco).

Os investimentos feitos pela Prefeitura de Salvador em projetos preventivos, tecnológicos e às frequentes atividades educativas realizadas nas comunidades e escolas têm contribuído para a redução de ocorrências graves.

Proteção de encostas

Entre as ações preventivas, está a aplicação de geomantas para evitar deslizamentos de terra em áreas de risco. A cidade já conta com 210 proteções desse tipo, sendo que outras estão em execução. Em acréscimo, desde 2013, a capital baiana foi contemplada com 120 contenções de encostas, de acordo com a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra).

Com parte das ações preventivas, a Codesal aplicou 132.770 m2 de lona plástica em 693 áreas entre 01/01 e 30/06, para a impermeabilização de terrenos de encostas. Além da colocação de lona, as equipes da Limpurb realizaram serviços de capinação, roçagem, retirada de entulho, remoção de terra, lixo e limpeza de valetas. A manutenção da rede de micro e macrodrenagem, realizadas pela Secretaria de Manutenção da Cidade (Seman), também integra o escopo de ações contínuas.

Monitoramento de risco

O acompanhamento de risco climático, realizado pelo Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil (Cemadec), está entre as inovações tecnológicas que vêm sendo empregadas nas políticas de redução de desastres. Há 69 pluviômetros automáticos em diferentes regiões da capital, 11 Sistemas de Alerta e Alarme em dez áreas de risco, além de duas estações meteorológicas instaladas no Parque da Cidade e Monte Serrat, quatro estações hidrológicas no Retiro (Rio Camarajipe), Caminho das Árvores (Rio Camarajipe), Boca do Rio (Rio das Pedras/Pituaçu) e Piatã (Rio Jaguaribe).

Somando-se aos esforços desenvolvidos, técnicos da Codesal em parceria com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) instalaram, entre abril e maio, 15 Plataformas de Coleta de Dados Geotécnicos (PCD Geotécnica), compostas por pluviômetros e sensor de umidade em diferentes áreas da cidade. Com isso, amplia-se a precisão na emissão de alertas de risco de deslizamentos e antecipação das ações de prevenção dos impactos socioambientais.

Como parte da etapa de Alerta da Operação Chuva 2021, foi realizado o cadastro gratuito de qualquer cidadão que deseja receber informações e avisos meteorológicos. A ação terá continuidade, bastando que o interessado envie SMS para o número 40199, informando apenas o seu CEP.

Evacuação de áreas

Em abril, o mais chuvoso da Operação Chuva, foram acionadas nove sirenes do Sistema de Alerta e Alarme em oito localidades. Em 09/04, foram acionadas sirenes em cinco localidades: Alto da Terezinha/Mamede (01h15), Castelo Branco/Moscou (12h45), Sete de Abril/Bosque Real (14h30), Calabetão (19h10) e Bom Juá (21h).  Já no dia 10/04, às 11h13, foram acionadas simultaneamente sirenes em três localidades: Lobato/Voluntários da Pátria, Capelinha/Vila Picasso e São Caetano/Baixa do Cacau.

As sirenes integram o Sistema de Alerta e Alarme da Codesal que é acionado quando o acumulado de chuvas atinge 150 mm em 72h e há previsão de continuidade, com o objetivo de alertar os moradores sobre os riscos de deslizamento de terra e orientá-los a procurar um local seguro, seja a casa de um parente ou um dos abrigos provisórios mantidos pela Prefeitura.

Naquele período, 155 pessoas foram evacuadas de suas casas e conduzidas à abrigos instalados em nove escolas municipais das regiões atingidas. As Gerências Regionais de Educação (GREs), da Secretaria Municipal de Educação, e os gestores das Prefeituras-Bairro colaboraram no abrigamento nas escolas municipais. Passado o período de risco, a desmobilização ocorreu com o acionamento de todas as sirenes, em 23/04, às 15h49, emitindo avisos de retorno à normalidade. Os abrigos foram desocupados paulatinamente, processo que se encerrou no dia 28/04.

Lideranças das comunidades que participaram da capacitação dos Nupdecs auxiliaram a Codesal no processo de evacuação, ajudando a convencer as pessoas sobre os riscos que corriam e sobre a necessidade de deixarem suas casas e irem para um local seguro.
Como serviço essencial da Prefeitura de Salvador, a Defesa Civil, que tem como prioridade preservar vidas, mantém plantão 24 horas e atende as demandas da população pelo telefone gratuito 199.

Foto: Alexandre Galvão/ Metropress/Arquvo