Para driblar essa dificuldade de interação entre os estudantes, grupo escolar baiano cria programa personalizado para auxiliar no processo de ensino e adaptação durante a retomada às classes presenciais
Estar dentro de casa pode parecer seguro e até confortável para uma grande parte dos adultos, mas no caso das crianças, o efeito sentido no retorno às atividades presenciais têm mostrado a grande necessidade dos estudantes de estarem interagindo com os colegas e professores no ambiente escolar. Algumas crianças apresentaram alterações de comportamento durante a crise sanitária, somadas às questões emocionais e dificuldade de concentração durante as aulas remotas, o que têm dificultado o processo de aprendizagem.
A coordenadora pedagógica da Escola Mais Perfil, Joelma Figueredo, conta que os estudantes da faixa etária entre 06 e 08 anos precisaram de uma atenção especial por estarem passando pelo processo de consolidação da alfabetização, etapa importante para o desenvolvimento de habilidades essenciais para a conquista de novos desafios.
Diante deste cenário, a forma encontrada para auxiliar os estudantes do 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental foi a criação de um Plano de Acompanhamento Personalizado (PAP), que presta assistência às crianças no que diz respeito às habilidades de práticas de leitura, escrita e oralidade, além de desenvolver as habilidades essenciais da matemática e orientação na organização dos estudos nos demais componentes curriculares.
Recém chegada a Salvador, Maria Eduarda, de 8 anos, encontrou dificuldade na adaptação da escola. O que era para ser novidade, trouxe um desinteresse potencializado pela pandemia. De acordo com sua mãe, Cynthia Oliveira, a menina tinha muita dificuldade de aprendizado por meio da tela, não assistia aula e não se sentia integrada.
O reforço para melhorar esse quadro da estudante veio com o PAP e agora ela parece ter aprendido a maior lição. “Depois que ela começou o ensino personalizado é uma outra criança, vai feliz para escola. Eu vi uma mudança de postura. Agora ela faz questão de mostrar que está aprendendo e tem vínculo com os colegas. Todo dia faz um novo amigo”, celebra Cynthia.
Em meio a processos como o de Maria Eduarda, a educadora relata que os ganhos obtidos pelos educadores não estão nos livros, mas na atenção e escuta ativa que é dada à saúde emocional dos pequenos. “Foi necessário buscar novas estratégias com múltiplas linguagens e metodologias ativas para promover engajamento, interação e aprendizagens significativas, superando as perdas durante esses meses longe da escola. O PAP surge com a ideia de dar um atendimento personalizado, mas também pelo viés socioemocional, por isso, durante toda a pandemia, nós fizemos um trabalho de acolhimento não só com as crianças, mas com as famílias”, declara Joelma.
A coordenadora explica ainda que esse projeto está sendo fundamental para engajar os estudantes na volta das aulas semipresenciais, sendo uma forma de acompanhar de perto a evolução deles e adequação ao novo momento. Uma escala de visitação e acolhimento por uma hora, com turmas de até 10 alunos, foi montada com o intuito de readaptá-los e passar os novos protocolos antes do retorno às atividades no formato presencial, além de informar as boas práticas de convívio diante deste momento de escuta ativa e assertiva.
Foto-Thyago-Almeida