Comissão de Educação avalia impactos da pandemia

Atividade conduzida pela vereadora Cris Correia contou com a participação de Claudia Costin, da FGV

Após quase dois anos sem aula presencial em função da pandemia da Covid-19, aos poucos os estudantes voltam às aulas de modo semipresencial em quase todo o país. Apesar do retorno, fica a incógnita: como recuperar o tempo perdido? Com esse tema, a Comissão de Educação, Esporte e Lazer da Câmara Municipal de Salvador promoveu, na terça-feira, 10, um debate tendo a participação de educadores, alunos e Cláudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A atividade virtual foi conduzida pela presidente da Comissão de Educação, a vereadora Cris Correia (PSDB), e contou também com a participação dos vereadores Téo Senna (PSDB), Marta Rodrigues (PT), Sílvio Humberto (PSB) e Emerson Penalva (Podemos).

Uma das respostas aos questionamentos sobre os impactos apresentada no debate serve não apenas a esse período de retomada, mas se configura como uma das chances de qualificar o ensino público: a escola em tempo integral. Como foi comentado na discussão, em vários países, o turno único já é uma realidade.

Além do turno único, outras alternativas propostas são a criação de um sistema de recuperação de aprendizagem; trabalho colaborativo dentro de cada escola e entre escolas; criação de um currículo claro.

Para a presidente a vereadora Cris Correia, a escola em tempo integral, com o aluno tendo aula curricular num turno e reforço no outro, além de atividades extracurriculares, precisa ser perseguida pelo poder público. “Essa é uma das saídas para diminuirmos o fosso existente entre a educação pública e a privada. Outros países adotaram esse modelo na perspectiva de melhorarem a educação, que é única porta para um futuro digno e promissor”, assinalou.

Dados

Em sua explanação, Cláudia Costin trouxe dados sobre a educação no período anterior à pandemia. De acordo com a Avaliação Nacional de Aprendizado, quase 55% dos alunos do 3º ano do ensino público, com idades entre 8 e 9 anos, não se alfabetizaram.
Como ela comenta, os números refletem o pouco caso com a educação. “Apenas na primeira década do século 21, o Brasil universalizou o ensino fundamental”, destacou.

No entanto, em alguns estados é possível observar mudanças positivas que refletem uma melhor qualidade no ensino. Um exemplo citado por Cláudia Costin é a cidade de Sobral, no Ceará. Há anos, o município apresenta o melhor Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

No sistema empregado em Sobral todas as escolas da rede municipal devem apresentar o mesmo resultado. Além disso, a cada dois meses os alunos são submetidos avaliações diagnósticas.

“Estamos vivendo um negacionismo não ciência da saúde. É bom ter cuidado para que não tenhamos o negacionismo na educação. A educação não é para amadores. Não é uma coisa apenas poética, bonita. Não é apenas para ter a criança feliz. É para estar feliz, mas também construindo o futuro”, alerta a educadora.

Foto:Divulgação/CMS