O programa Algodão Brasileiro Responsável para as Unidades de Beneficiamento de Algodão (ABR-UBA) está entrando no segundo ano, com resultados considerados animadores na Bahia. Das 40 algodoeiras (UBA) ativas no estado, na safra 2020/2021, 20 já estão em fase de diagnóstico para certificação. Isso significa que estas unidades estão sendo submetidas a parâmetros de sustentabilidade e ao crivo de auditorias independentes para atestar a implementação dos procedimentos, a eventual adequação – inclusive estrutural – das usinas, e o cumprimento estrito dos oito critérios fundamentais do programa, que são os mesmos aplicados nas fazendas: contrato de trabalho; proibição do trabalho infantil; proibição de trabalho análogo a escravo ou em condições degradantes ou indignas; liberdade de associação sindical; proibição de discriminação de pessoas; segurança, saúde ocupacional, e meio ambiente do trabalho; desempenho ambiental e boas práticas, além de 170 itens de verificação e certificação.
Para a UBA que aderiu nesta safra, o programa já está rodando, na fase de diagnóstico. Entre setembro e outubro, acontece a etapa de certificação. A diferença fundamental entre o ABR voltado às fazendas e o das Unidades de Beneficiamento de Algodão é a Norma Regulamentadora à qual o programa está atrelado. Nas fazendas, é a NR31, de segurança e saúde do trabalho. Já na UBA, que é uma unidade industrial, quem vigora é a NR12, de segurança do trabalho em máquinas e equipamentos.
“Decidir se submeter a uma certificação é um ato de coragem, em qualquer que seja a área. Significa abrir suas portas e processos a estranhos, e colocar todos os seus procedimentos à prova. Isso também requer investimentos. Quando vemos o dono de algodoeira seguindo neste rumo, com o ABR, ficamos muito contentes, pois se trata de uma mentalidade sustentável que ganha espaço, da fazenda até a indústria”, afirma Barbara Bonfim, coordenadora de Sustentabilidade da Abapa. De modo geral, Barbara diz ter encontrado as algodoeiras em bom grau de adequação antes mesmo de aderirem.
Programas integrados – O ABR que certifica as fazendas também segue em ritmo crescente de adesões. Na Bahia, 84% da área plantada com algodão é certificada pelo ABR/BCI, ou cerca de 60% dos produtores aderidos nesta safra 2020/2021. A novidade desta safra é que, agora, para participar do ABR, o produtor passa, automaticamente, a aderir ao programa Standard Brasil HVI (SBRHVI), voltado à classificação instrumental de algodão. Com isso, cresceram, também, as adesões a essa iniciativa, que tem como objetivo dar transparência e atestar a qualidade dos resultados das análises de algodão por HVI no Brasil. “Os dois programas já eram integrados, mas esse condicionamento vai potencializá-los. Sustentabilidade e transparência já são parte do modo de pensar dos produtores, em linha com as demandas do mercado, e é neste sentido que caminhamos”, diz o presidente da Abapa, Luiz Carlos Bergamaschi.
O ABR e a sua variação ABR-UBA são programas da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), implementados nos estados produtores pelas filiadas, como a Abapa. A Abrapa trabalha em benchmark com a ONG suíça Better Cotton Initiative (BCI), desde 2012, para o licenciamento da pluma BCI.
Fonte/Foto:Seagri/ABAPA