Agronegócio aquece as vendas de caminhões no Brasil

A venda de caminhões aumentou 41,42% no Brasil de janeiro a agosto deste ano em relação ao mesmo intervalo em 2018, segundo levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O volume saltou de 46.072 para 65.157 caminhões. Executivos da indústria ouvidos pela Globo Rural avaliam que o agronegócio foi um dos responsáveis pelo aquecimento das vendas.

“Esse ano tivemos, na verdade, o início de melhora do cenário econômico de veículos, na reta final do ano passado, parte dessa melhora veio do setor do agronegócio”, afirma o gerente de vendas de caminhões da Scania no Brasil, Wagner Tillmann. A fabricante sueca conseguiu aumentar as vendas em 55,96% em relação ao último período.
Para o gerente executivo regional de vendas da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Sérgio Pugliese, o agronegócio e o setor de serviços foram fundamentais para o aumento dos negócios. “As locadoras, que também prestam serviços para o agronegócio, expandiram seu portfólio para outros segmentos, como o de cana-de-açúcar”, explica.
O vice-presidente da Anfavea Gustavo Bonini analisa que os caminhões pesados e extrapesados são mais procurados pelo agronegócio por serem feitos para transporte de cargas de longas distâncias. “Ninguém compra caminhão porque mudou o modelo ou cor. Compra porque de fato existe frete, tem algo a ser transportado e isso é sinal de que a economia está andando.”

Outro fator que contribuiu para a melhora das vendas foi a renovação das frotas pelas transportadoras. De acordo com vice-presidente de Vendas e Marketing de Caminhões e Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, Roberto Leoncini, as empresas postergaram as compras por causa da crise financeira e resolveram trocar a frota neste ano. Ele explica que investir em um veículo novo tem um custo-benefício mais alto, já que os reparos são menos recorrentes e a durabilidade é maior.

Estimativas
Segundo Gustavo Bonini, a projeção da Anfavea é fechar 2019 com 92 mil vendidos. Até o momento, as principais marcas alavancaram as vendas. A Volvo teve um aumento de 54,9% nos oito primeiros meses do ano. Foram 3.592 caminhões vendidos a mais do que o mesmo período de 2018. A Volkswagen MAN teve um crescimento de 32,22%. A Mercedes-Benz superou a marca de 2018 com 4.020 caminhões vendidos a mais neste ano, de janeiro a agosto.
Para a Scania, a projeção é de crescer 40% a 50% no segmento de caminhões semipesados e pesados até o fim do ano. A Volkswagen estima um aumento de 15% em relação ao ano passado e a Mercedes-Benz calcula vender no mínimo 30 mil veículos.

Frotas próprias
A greve dos caminhoneiros, no ano passsado, também influenciou o mercado de caminhões. Em meio às discussões relacionadas à tabela de preço mínimo do frete rodoviário, algumas empresas resolveram investir em frotas próprias.

“Naquele momento, a questão do frete caiu em nossos clientes e em nós. Quem utilizava o mercado começou a adquirir caminhões para fugir da tabela. Mas, hoje, não é mais uma questão para nós”, comenta Sérgio Pugliese, da Volkswagen, pontuando que o mercado já se adaptou às condições pós-greve.

Wagner Tilmann, da Scania, acrescenta que a procura por caminhões para frotas próprias sinaliza uma nova configuração de mercado, sem ter relação com o receio de uma nova greve. Para ele, o movimento de 2018 são “águas passadas”.
Mas não deixou de ter seus efeitos também sobre a produção da indústria. “A Mercedes perdeu em produção. Não foi fácil recuperar e somente agora estamos equilibrando as entregas”, diz Roberto Leoncini, da Mercedes-Benz.

Fonte: Globo Rural