Escolinha Maria Felipa realiza 2ª edição da AfroEducativa – Formações Pedagógicas de 22 a 24 de novembro

A Escolinha Maria Felipa, instituição de educação infantil e ensino fundamental, promove a 2ª edição do ciclo formativo Afroeducativa – Formações Pedagógicas, após renovação e lançamento do novo nome em setembro. Neste novo encontro, o público poderá trocar conhecimentos com a poeta e geógrafa brasileira, Márcia Kambeba, a doutora em ensino, filosofia e história das ciências e idealizadora da Maria Felipa, Bárbara Carine e o escritor Abiola Akandé Yayi, nos dias 22, 23 e 24 de outubro, de 19h às 21h, respectivamente, através do Google Meet. 

Com inscrições de 22 de outubro a 20 de novembro, realizadas através da plataforma Even3 (https://www.even3.com.br/afroeducativaemf/ ), no valor de R$60, esta edição é parte dos importantes encontros que a instituição promove como mecanismos de trocas sobre as relações étnicas-raciais e a elaboração coletiva de um futuro possível, feito por muitas mãos, que não caiba discriminações, preconceitos e violências, mas sim valorização da essência e ancestralidade negra e indígena.

O ciclo, que tem como objetivo avançar nos estudos decoloniais, pensando a partir das matrizes afrocêntrica e ameríndia, em uma nova perspectiva de formação para um currículo educacional mais equânime e diverso, inicia no dia 22 de novembro, das 19 às 21h, com a professora, doutora  e idealizadora da Maria Felipa, Bárbara Carine,  que trará “A decolonialidade em afroperspectiva na construção de uma escola afroreferenciada”,  para falar sobre a idealização do plano didático-pedagógico da Escola Afro-brasileira Maria Felipa, a partir do referencial teórico da descolonização de saberes em afroperspectiva, buscando ressignificar as bases intelectuais ocidentais que nos formam nos espaços acadêmicos e escolares.

Será através de conceitos fundamentais para o entendimento deste apagamento histórico, tais como: pilhagem epistêmica e genocídio epistêmico, que Bárbara vai destacar como as práticas pedagógicas da Escola têm superado o processo ocidental de desumanização pela via de uma história única. Já o segundo encontro dia 23 de novembro fica com a poeta, geógrafa brasileira e pesquisadora sobre o território e identidade da sua etnia indígena, Márcia Kabemba, com o tema “Culturas indígenas na escola básica: seremos conhecidos para sempre pelas pegadas que deixamos”, que promete levantar a dimensão da cultura indígena na educação, diante da importante matriz ameríndia presente no solo e re-existência de todo o país. 

Para finalizar, o público encontrará com o escritor e influenciador digital Abiola Akandé Yayi, dia 24 de novembro, também das 19h às 21h. De Benin, mas residente do Brasil há mais de 10 anos, o também arquiteto e designer trará “O poder da ancestralidade africana na educação escolar”, diante da sua aprofundada pesquisa sobre a influência da ancestralidade africana na constituição da existência humana. O público escutará sobre como o espírito da ancestralidade africana orienta no dia a dia formativo de uma criança, em uma perspectiva na qual é necessária uma comunidade para educá-la. 

Ciclo

A formação iniciou-se em 2019, de forma presencial, na própria escola, e teve sua primeira versão online em 2020. Além de trocas, partilhas, quanto aos conhecimentos antirracistas, segue com o propósito de levantar recursos financeiros para manutenção da instituição, neste momento de pandemia e crise econômica.

Diante de uma sociedade que ainda enfrenta violências que, fruto do racismo, machismo e preconceitos, atravessam o físico, psíquico e emocional de toda a sociedade, a escola e consequentemente a formação são não só mensagens para o futuro, representam a luta pelos símbolos, memória e possibilidades para que haja um mundo que respeite e paute pessoas diversas, complexas e com particularidades culturais que fazem parte do país.

Escola Maria Felipa

A Escola Maria Felipa funciona até o segundo ano do ensino fundamental I, é trilíngue – português brasileiro, inglês e libras, além de ser a primeira escola afrobrasileira do país. Com matrículas abertas para 2022, a instituição de ensino infantil é afroreferenciada,  decolonial, valoriza a diversidade e carrega o nome de uma mulher, uma referência histórica de força, luta e liderança, como compromisso à ancestralidade africana.

Localizada em Salvador, cidade mais negra do mundo fora do continente africano, a EMF foi criada em 2017 por Bárbara Carine, idealizadora e consultora pedagógica da instituição, no processo de adoção de sua filha, uma criança negra. O seu surgimento para todas as crianças parte da  grande preocupação da família em promover uma educação escolar que estivesse fora dos marcadores historiográficos eurocêntricos e subalternizados de existências não-brancas, ao perceber que esse lugar não existia.

Além das ações regulares da escola e da Afroeducativa e consultorias para entidades de setores públicos e privados preocupados com a superação do racismo nos diferentes complexos sociais, a instituição desenvolve o projeto Adote um Educande, que está com edital aberto (@escolinhamariafelipa – https://linktr.ee/MariaFelipa ), até o dia 01 de novembro, com cinco bolsas para crianças negras e/ou indígenas em situação de vulnerabilidade socioeconômica. O projeto, que já beneficia 10 crianças e existe desde 2019, se mantém através de financiamento coletivo (https://www.catarse.me/adote_umx_educandx_maria_felipa_ae78), por doações do público externo. 

Em sua organização didático-pedagógica, cada turma é nomeada por um reino/império africano que norteará os estudos dos grupos, sendo eles, Império Inca (G2 – 02 anos), Reino Daomé (G3 – 03 anos ), Império Maia (G4 – 04 anos), Império Ashanti (G5 – 05 anos) e Reino de Mali (1° ano fundamental). A partir de 2022, a Maria Felipa passa a ofertar a turma do 2° ano fundamental. A instituição ainda desenvolve materiais didático-pedagógicos antirracistas, disponíveis na lojinha virtual da escola.