Moscamed Brasil combate moscas-das-frutas na Bahia com monitoramento de áreas e controle biológico

A região do Vale do São Francisco é um importante polo da fruticultura brasileira. Juazeiro, por exemplo, é o segundo município com maior valor de produção frutífera do país, tendo a manga como o principal produto em suas áreas plantadas. Essa performance garante grande poder de exportação para a região. Nesse contexto, destaca-se o trabalho da Moscamed Brasil, que,  dentre outras atividades, é a única instituição brasileira signatária do Plano de Trabalho de Exportação de Manga para os Estados Unidos, por possuir condições referendadas no monitoramento das moscas-das-frutas na região.

E aqui cabe a explicação sobre como muitos países liberam a importação de frutas vindas de países como o Brasil. Eles credenciam instituições que tenham a capacidade de realizar monitoramento de moscas-das-frutas nas áreas de plantio, aceitando frutas de pomares que possuam índice abaixo de determinado nível pré-fixado. A Moscamed Brasil realiza, atualmente, o monitoramento de cerca de 16 mil hectares na região do Vale do São Francisco, em um trabalho que vem sendo desenvolvido já há 15 anos.

“Há diferentes formas de controle e combate a pragas que acometem frutas. O mundo, é verdade, exige, cada vez mais, a aplicação de técnicas que empreguem quantidades menores de agrotóxicos e dentro dessa realidade o controle biológico é muito importante. Todos os esforços são para que tenhamos cada vez menos moléculas químicas no Agro”, disse o diretor de Defesa Sanitária Vegetal da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), Celso Carvalho.

Esta ênfase no monitoramento da região do Vale do São Francisco é compreensível. É de lá que saem 98% de toda a uva fresca brasileira exportada para o mundo, assim como 92% da manga exportada.

“A exigência de dados de monitoramento para a exportação, tenho certeza, vai aumentar cada vez mais pelo mundo. Os Estados Unidos já fazem isso, mas darei outro exemplo. Até fins de 2019, a União Europeia não exigia nada dos países que exportavam frutas para a região. Mas, de uma hora para outra, mudou tudo e a EU passou a impor que, dali em diante, só importava de quem monitorava suas áreas e essas estavam sob controle, apresentando ao menos três meses de zero de infestação nos pomares, ou com tratamento pós-colheita. Isso mudou toda a relação de comercialização de frutas naquela importante região do mundo”, disse o diretor-presidente da Moscamed Brasil, Jair Virginio.

Pelo Brasil – A Moscamed Brasil é uma Organização Social (OS) reconhecida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pelo Governo da Bahia. Sediada na cidade de Juazeiro, na região Norte da Bahia, a Moscamed também está presente em outros estados em parceria com as Agências Estaduais de Defesa Agropecuária.

Além do monitoramento de áreas, no tangente à mosca-das-frutas suas atividades ainda abrangem a produção de insetos machos estéreis que depois são liberados no ambiente natural e, ao copular com as fêmeas, fazem com que elas expilam ovos que não eclodem, inviabilizando a descendência, resultando em diminuição da infestação. Além disso, também há uma linha de pesquisa para a criação de insetos predadores, que depois são soltos na natureza com a mesma intenção, diminuir a infestação de pragas que estejam presentes em determinada área.

Sempre lembrando que o controle de pragas é uma atividade que, muitas vezes, exige a aplicação de ações diversificadas. O controle biológico, através de insetos estéreis ou predadores, por vezes é aplicado de forma conjugada ao uso, em outras etapas do enfrentamento, de pesticidas. Porém, o controle biológico diminui significativamente a necessidade do uso do veneno.

“Há países que permitem apenas a identificação de duas ou três substâncias na fruta. Mas o produtor possui diversos problemas em sua área, que, em um controle tradicional, exigiria a aplicação de cinco, seis substâncias. Então, com o controle biológico adequado, o produtor terá uma menor infestação, fazendo-o lançar mão de um número menor de produtos químicos, viabilizando sua produção para a exportação”, comentou Jair Virginio.

Como ensina Celso Carvalho, da Adab, a agricultura brasileira tem um nível de excelência em suas pesquisas que é reconhecido em todo o mundo. Uma agricultura que é desenvolvida com altos parâmetros tecnológicos. Dessa forma, as soluções partem do pressuposto de que, diante de um setor tão importante e dinâmico, não se deve estar fechado ao pensamento de que apenas uma tecnologia irá sempre resolver determinado problema. “Não dá mais para falar de uma tecnologia, mas de tecnologias que podem ser aplicadas em um planejamento de enfrentamento de pragas. É dessa forma que a agricultura brasileira vem se consolidando como uma das mais capazes e competitivas do mundo”.

 

 Ascom SEAGRI