Bolsonaro nega informação privilegiada e diz que gasolina vai baixar após queda internacional

O presidente Jair Bolsonaro (PL) negou nesta segunda-feira (6) ter tido informações privilegiadas da Petrobras, quando disse, no domingo, que a estatal iniciaria nesta semana uma série de reduções nos preços dos combustíveis.
“Precisa ter bola de cristal para saber que tem que diminuir o preço da gasolina, caindo o (petróleo) Brent? Caiu acho que US$ 10. Eu falei isso aí, pronto: ‘informação privilegiada’”, disse a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.
O petróleo Brent caiu da casa dos US$ 80 (R$ 455, pela cotação atual) por barril no fim de novembro e hoje oscila em torno dos US$ 70 (R$ 397) por barril. O mercado espera repasse na queda da cotação internacional do petróleo devido ao avanço da variante ômicron no mundo.
No ano, o preço da gasolina nas refinarias acumula alta de 74%. Já o preço do diesel subiu 65% no mesmo período.
O risco de intervenção nas políticas comerciais da companhia na véspera das eleições é um grande motivo de preocupação do mercado, ainda que a avaliação seja de que a Petrobras tenha mecanismos de controle para evitar ingerências.
No domingo, em entrevista ao portal Poder360, Bolsonaro disse que haveria “pequenas reduções” no valor dos combustíveis, ainda que a política de preços da estatal não tenha prazos definidos para ajustes de preços.
“A gente anuncia agora, esta semana, pequenas reduções, a princípio toda semana, do preço dos combustíveis”, afirmou.
Depois da declaração de Bolsonaro no domingo, a Petrobras divulgou comunicado em que diz não haver decisão tomada a respeito desse assunto, contrariando o presidente.
“A Petrobras não antecipa decisões de reajuste e reforça que não há qualquer decisão tomada por seu Grupo Executivo de Mercado e Preços (GEMP) que ainda não tenha sido anunciada ao mercado”, disse a empresa, em texto enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Depois do comunicado, as ações da Petrobras ganharam impulso na Bolsa.
A mais recente fala de Bolsonaro sobre a queda no preço do combustível levou a CVM abrir, nesta segunda-feira (6), o terceiro processo para investigar declaração do presidente.
No último dia 25, a autarquia já havia aberto procedimento para apurar o que Bolsonaro havia dito sobre privatização da estatal, que gerou impacto nas ações da companhia na Bolsa de São Paulo.

 

Folhapress