Audiência discute autonomia em relação à vacina

Debate foi promovido pelo vereador Alexandre Aleluia, no Centro de Cultura da Câmara

O presidente da Comissão de Constituição de Justiça da Câmara Municipal de Salvador, vereador Alexandre Aleluia (DEM), reafirmou na segunda-feira (6) que a adoção de passaporte de vacinação é um atentado contra a liberdade dos cidadãos.

“Estamos vivendo o mais perverso de todos os autoritarismos porque é revestido de falsas virtudes. Dizem que estão preocupados com a vida da sua mãe, dos seus pais, dos seus avós, mas querem implantar uma divisão na sociedade para ter controle. Querem nos dividir entre vacinados e não vacinados”, disse o vereador, durante audiência pública sobre passaporte de vacinação realizado no Centro de Cultura da Câmara.

Alexandre Aleluia apontou que “a Bahia foi o estado que mais lutou contra a tirania do estado moderno, mas é o estado onde mais isso avança”. E completou: “Entrei com projeto de lei proibindo o passaporte da vacina em Salvador, que já foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça e ingressei com algumas ações populares contra o decreto. Mas é preciso fazer uma audiência pública como a de hoje para ouvir a população”.

Durante a audiência pública, foram ouvidos médicos, advogados, professores e cidadãos de Salvador que se manifestaram também durante os debates. Aleluia salientou, durante sua fala, que defender a autonomia dos cidadãos e defender sua plena cidadania é um dever: “Moderação na defesa da verdade é serviço prestado à mentira”.

O vereador lembrou que movimentos contra o passaporte vacinal são realizados na Suíça, na Itália e na Austrália.

 

Passaporte

 

O médico Djalma Duarte, que atende na rede estadual e também na Mansão do Caminho, diz que o passaporte da vacina pode dar uma falsa impressão de segurança. Ele apresentou dados que demonstram que os vacinados apresentam menos sintomas quando contraem a Covid-19, mas não deixam de transmitir a doença.

“No geral, é isso que acontece. O paciente que tem mais possibilidade de sair é o que se vacinou, portanto o vacinado infecta muito mais que o não vacinado. O assintomático é o indivíduo que mais transmite”, disse Duarte, que afirmou ter tratado mais de 400 pacientes com a Covid.

A médica Clarice Sabá, que afirmou ter atendido mais de mil pacientes com Covid-19, inclusive atuando na crise ocorrida em Manaus (AM), defendeu a autonomia tanto do médico quanto do paciente para decidir o que fazer diante da pandemia. “Atendi alguns pacientes já com a segunda dose da vacina. O passaporte vacinal pode ser perigoso, pois quem o tem pode achar que pode transitar tranquilamente por aí”, argumentou a médica.

Ela defendeu também a autonomia médica e do paciente. “É um absurdo obrigar alguém a tomar vacina e proibir acesso ao tratamento. O paciente privado, que tem convênio e acesso ao médico, será tratado de imediato. Tem colegas que gostariam de tratar, na rede pública, e não podem [tratar]”, disse a médica.

Clarice Sabá integra a diretoria do Sindicato dos Médicos da Bahia e aponta que há tratamentos distintos para cada fase de contágio com o vírus da Covid-19. Ela também salientou que a vacinação de crianças não é recomendada, dados os relatos de efeitos adversos e o histórico de baixíssima agressividade da Covid nesta faixa etária.

O médico e ex-vereador de Salvador, Cézar Leite, classificou o momento atual como “uma imbecilidade coletiva”. “Já conhecemos a doença, já tem tratamento, então podem acreditar que nós estamos vencendo a doença também. Os imunizantes são prevenção, mas temos tratamento, sim”, disse.

Ele corroborou a opinião dos outros médicos quando apontou que “os vacinados estão no mundo todo e estão transmitindo [a doença], logo a vacinação não pode ser obrigatória. Isso é para quem tem intelecto honesto. Não tem razão científica para obrigar a vacinação”. Cézar Leite disse que novas variantes são espalhadas pelo mundo por vacinados, que têm licença para viajar, por exemplo.