Projeto foi apresentado ao Congresso Nacional pelo deputado Nivaldo Albuquerque (PTB-AL) e será apreciado e votado no início de 2022
Uma das atividades mais importantes no meio equestre, na qual milhares de pessoas trabalham no anonimato, está prestes a ser regulamentada no Brasil. Se aprovado, o Projeto de Lei 4384/2021, apresentado no Congresso Nacional pelo deputado Nivaldo Albuquerque (PTB-AL), cria e regulamenta o exercício da profissão de domador de cavalos, asininos e muares.
A ideia de buscar a regulamentação da profissão é uma iniciativa dos amigos Max Heller, Rodrigo Alegrete, Aurélio Casara e Pablo de Souza, todos do Rio Grande do Sul. Este último é neto de Vilson Chalart de Souza, eleito ginete do século e verdadeira lenda do Freio de Ouro. “O objetivo é tornar profissão essa atividade tão antiga. O projeto também é uma homenagem ao meu avô que começou sua vida domando cavalos, foi um grande domador. Depois teve todo o destaque que conquistou, mas tudo começou com a doma”, afirma Souza.
De acordo com o artigo 2º, é classificado como domador todo profissional com formação técnica específica, experiência decorrente de anos do exercício da profissão ou ainda que tenha empreendido estudos pessoais, como autodidata, no intuito de aperfeiçoar sua abordagem educacional com os equídeos.
Conforme a propositura, o domador, no exercício das suas atividades e atribuições, deve seguir algumas regras, tais como: observância de princípios éticos; relação de transparência com os donos dos animais, prestando-lhes o atendimento adequado e os informando sobre técnicas, produtos utilizados e orçamento dos serviços e observar a segurança dos animais e das demais pessoas envolvidas no processo de domesticação, evitando exposição a riscos e potenciais danos.
De família intimamente ligado ao Agronegócio no estado de Alagoas, o deputado Nivaldo Albuquerque conta que decidiu encampar o projeto por reconhecer a importância do domador no desenvolvimento dos equinos, quer seja para o trabalho ou esporte. “A profissão de Vaqueiro já é reconhecida aqui no Nordeste. Com esse projeto tornamos de abrangência nacional. O domador de equinos tem de ser reconhecido como profissão, porque esse trabalho é a base para qualquer finalidade do cavalo. Sendo lei, é uma garantia para esse profissional, um reconhecimento mais do que justo”, afirma.
O deputado diz que a expectativa é que o projeto comece a tramitar nas Comissões já no início do ano e a partir daí tenha celeridade necessária para que seja aprovado no Plenário e traga aos domadores de cavalos o reconhecimento que eles merecem.
Lei Vilson Souza
Hoje representante comercial em Porto Alegre, durante muitos anos Max Heller viveu do trabalho de doma profissional. Segundo ele, se aprovada, a Lei será denominada de Vilson Souza, primeiro ganhador do Freio de Ouro, eleito ginete do século e uma das maiores personalidades no universo do Cavalo Crioulo, que, durante boa parte dos seus 86 anos de vida trabalhou como domador.
Heller diz que vê a regulamentação da profissão como um reconhecimento a milhares de pessoas, de famílias que vivem em função desse trabalho e não são reconhecidos. “Passei uma situação muito constrangedora quando fui registrar o meu filho e disse que minha profissão era domador de cavalos. “A moça me perguntou se não tinha outra profissão”, ressalta.
Para Heller, a maioria das pessoas que trabalham com essa atividade são registrados como caseiro, tratador e não domador. Defende que é uma profissão que merece ser regulamentada e não trará apenas valorização e reconhecimento, como a partir da carteira assinada poderão ter acesso a financiamento, linhas de créditos para melhorar a estrutura do seu centro de doma.
Livro e Escola de ginetes
Além de emprestar seu nome à futura Lei que institui a profissão de domador, o ginete do século, Vilson de Souza também será o nome da Fundação que seu neto, Pablo de Souza está criando. Outra homenagem foi o livro “Coração de Cavaleiro”, lançado recentemente e que traz um pouco da longa vida do eterno ginete com os cavalos.
Pablo explica que sua missão é manter o legado do avô vivo, razão pela qual trabalha na criação da Fundação Vilson Chalart de Souza, que terá entre outras atividades, a Escola de Ginetes, coordenada por Felipe Silveira, também ginete Freio de Ouro. A ideia é pegar jovens do 9º Ano das escolas públicas e proporcionar a equitação gaúcha. Ensinar a conhecer cavalos, conhecer a lida. Caso tenha talento, terão continuidade. “Isso proporciona a renovação na profissão de ginete, criada pelo meu vô lá nos anos 1990. Até então, o Freio de Ouro era montado por capatazes, peões de Estância e domadores. A partir de 1990 ele profissionalizou porque abriu o primeiro Centro de Treinamento de cavalo Crioulo, que foi em Bagé (RS). A partir dali e deu a oportunidade para que todo mundo que desejasse levar o cavalo para o Freio de Ouro”, conclui Pablo.