Após protesto no Abaeté, Bruno Reis sugere interesse político: “A gente dá risada né?”

Yalorixás, filhos de santo e ambientalistas protestaram contra intervenção no Abaeté

O protesto no bairro de Itapuã no dia do lançamento do programa de urbanização da região do Abaeté voltou às atenções ao local.

Nesta sexta-feira (11), o prefeito de Salvador, Bruno Reis, que teve o carro cercado por manifestantes, sugeriu que o ato que aconteceu nesta quinta, protagonizado por ambientalistas, yalorixás e filhos de santo, teve interesses políticos.

Uma das reivindicações era justamente contra a suposta mudança de nome do local para “Monte Santo Deus Proverá”. Existe um projeto de lei para alterar o nome das “dunas do Abaeté” de autoria do vereador Isnard Araújo (PL), mas, segundo Bruno Reis, não tem como passar pela Câmara Municipal e ser capaz de prosperar, mesmo porque o Parque Metropolitano é gerido pelo Governo da Bahia.

“A gente dá risada, né? Inventam fake news, que ia mudar o nome do local. Esse é um ano de política”, disse o gestor.

Durante o seu discurso no evento, o ex-prefeito ACM Neto pediu silêncio e atenção aos manifestantes para falar, e insinuou que os que continuavam a tocar instrumentos percussivos tinham motivação político-partidária.

“Agora, nós temos que combater a intolerância religiosa, não podemos mais admitir isso”, ponderou Bruno, sem entrar em detalhes.

A justificativa da Prefeitura é que o “receptivo” com auditório, banheiros e “escada ecológica” serão instalados fora da região do Abaeté que está inserido na Área de Proteção Ambiental (APA). Este espaço que vai abrigar a intervenção gerida pela Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) ficará ao lado da pista da Avenida Dorival Caymmi, no areal que ficou conhecido pelos evangélicos que ali frequentam como “Monte Santo”.

O Abaeté tem uma ligação ancestral com religiões de matriz africana, mas nos últimos anos a peregrinação de evangélicos e neopentecostais tem crescido exponencialmente.

Bruno prometeu continuar a atuar em defesa do “povo de santo” e recordou obras e decretos da Prefeitura nos últimos anos em prol das religiões de matriz africana.

“Em relação aos povos de santom pessoas de religião de matriz africana, ficamos tranquilos, pois nunca se fez tanto por elas como nós fizemos. Diversos terreiros tombados, isenção tributária aos terreiros, que não pagam IPTU, homenagem à Mãe Stella de Oxóssi, centro comunitário no Gantois”, listou.

Foto:Reprodução