Ministro do STF e presidente do TSE, Luís Roberto Barroso comentou vazamento de dados de inquérito pelo presidente
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, afirmou que Jair Bolsonaro (PL) “facilitou a vida das milícias digitais” ao vazar dados da arquitetura interna do TSE presentes em um inquérito da Polícia Federal (PF).
A apuração foi aberta para investigar uma tentativa de invasão hacker ao sistema da corte eleitoral. Sem revelar como teve acesso ao material sigiloso, o presidente divulgou parte dele nas redes sociais.
Questionado em entrevista ao jornal O Globo se o ato de Bolsonaro configura crime, Barroso afirmou que “não tem como julgar”. Na abertura do ano Judiciário no TSE, no início deste mês, o ministro repreendeu o vazamento de dados.
“Eu me referi ao relatório da delegada que conduz o inquérito e que tem uma opinião que merece ser respeitada. A delegada tem estabilidade. E isso dá o tom do que de fato aconteceu. Ainda na gestão anterior do TSE, houve uma tentativa de invasão [do sistema]. Foi instaurado um procedimento sigiloso no TSE, um inquérito sigiloso na Polícia Federal no qual foram requeridas informações sensíveis sobre a arquitetura interna do TSE e esse material foi colocado na rede social do presidente. O presidente facilitou a vida das milícias digitais”, declarou.
Questionado sobre os riscos do acirramento nas eleições deste ano, Luís Roberto Barroso afirmou que o Tribunal Superior Eleitoral assegurará “eleições livres, limpas e seguras”.
O atual presidente do TSE disse acreditar que “superamos os ciclos do atraso” e que não haja “risco de retrocesso, apesar de termos tido alguns maus momentos recentes”, lembrando de episódios como o “comício do presidente na porta do quartel-general do Exército, tanques na Praça dos Três Poderes, a minguada manifestação do 7 de setembro com discursos golpistas de desrespeito a decisões judiciais e ataques a ministros”.
“Tudo isso eu acho que mais revela limitações cognitivas e baixa civilidade do que propriamente um risco real”, declarou.