Impacto do clima sobre lavouras reduziu expectativas de produção, afetando o desempenho do setor no ano passado
A Agropecuária encerrou o ano de 2021 próxima da estabilidade, com retração de 0,2% em comparação com o ano de 2020, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (4/3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado foi na contramão de setores como a Indústria e os Serviços, que terminaram o ano passado com crescimento, puxando o desempenho da economia do país.
O IBGE atribuiu o resultado da agropecuária ao desempenho de segmentos como cana-de-açúcar, milho e café, além de bovinocultura de corte e de leite. De acordo com o instituto, as condições climáticas adversas, registradas no ano passado, tiveram impacto nos resultados.
“Apesar do crescimento anual da produção de soja (11%), culturas importantes da lavoura registraram queda na estimativa de produção e perda de produtividade em 2021, como a cana-de-açúcar (-10,1%), o milho (-15%) e o café (-21,1%). O baixo desempenho da pecuária é explicado, principalmente, pela queda nas estimativas de produção dos bovinos e de leite”, detalha Rebeca Palis, coordenadora de contas nacionais do instituto, em nota.
No quarto trimestre de 2021, a agropecuária cresceu 5,8% em comparação com o trimestre anterior. Em comparação com o mesmo período no ano passado, o setor registrou retração de 0,8%. Nos últimos três meses de 2021, o PIB da Agropecuária em 2021 em valores absolutos foi de R$ 81 bilhões. Em todo o ano passado, o valor foi de R$ 581 bilhões.
Resultado geral
No geral, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 4,6% na comparação de 2021 com 2020, com um crescimento de 4,5% na indústria e 4,7% nos serviços. Na avaliação do IBGE, a economia brasileira conseguiu se recuperar das perdas sofridas em 2020, quando houve uma retração de 3,9% por causa dos efeitos da pandemia de Covid-19.
No quarto trimestre de 2021, o PIB cresceu 0,5% em comparação com o terceiro e 1,6% em relação ao intervalo de outubro a dezembro de 2020. “A agropecuária cresceu 5,8%, mas o fator determinante para o crescimento do PIB no quarto trimestre foram os serviços (0,5%), que têm peso maior na economia”, destaca Rebeca Palis.
Entre os componentes da demanda no cálculo do Produto Interno Bruto, houve crescimento em todos os segmentos analisados. Especialmente a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que mede o volume de investimentos nas cadeias produtivas. No acumulado do ano, a alta foi de 17,2% em relação a 2020. No quarto trimestre, houve alta de 0,4% em relação ao terceiro e de 3,4% quando se compara com os últimos três meses de 2020.
O consumo das famílias teve altas de 3,6% no ano; de 0,7% na comparação entre o quarto e o terceiro trimestre de 2021; e de 3,4% na relação entre os últimos meses do ano passado e o mesmo período em 2020.
O consumo do governo teve altas de 2% no ano; de 0,8% na comparação entre o quarto e o terceiro trimestre de 2021; e de 2,8% na relação entre os últimos meses do ano passado e o mesmo período em 2020.
“Houve uma recuperação da ocupação em 2021, mas a inflação alta afetou muito a capacidade de consumo das famílias. Os juros começaram a subir. Tivemos também os programas assistenciais do governo. Ou seja, fatores positivos e negativos impactaram o resultado do consumo das famílias no ano passado”, afirma Rebeca Palis.