Com apenas um voto contrário, o do líder da oposição, o projeto do vereador Luiz Carlos Suíca (PT) foi aprovado na Câmara de Salvador, nesta terça-feira (24), e a Rua das Laranjeiras, no Pelourinho, passa a se chamar ‘Alaíde do Feijão’. A homenagem foi garantida e reforça a relevância social, cultural e política da cozinheira, considerada pelo edil petista como “símbolo da resistência antirracista e feminista”. Ela faleceu devido a complicações da covid-19 durante a pandemia. De acordo com Suíca, Alaíde morreu na “plenitude de seu empoderamento e merecia uma homenagem unânime da Casa, mas o vereador Augusto Vasconcelos [PCdoB] votou contra”.
Para Suíca, é lamentável o voto contrário do líder da oposição, mas considera legítima a votação e reforça sua defesa pela cultura negra e por homenagens a pessoas que, de fato, prestaram serviços para a cidade de Salvador. “Falaram até em rebelião na base política do presidente Geraldo Jr, mas não acredito nisso. É óbvio que um projeto como esse merecia unanimidade e tudo caminhava para isso, afinal, houve debates e mais debates em cima da peça. Mas considero legítimo o voto contrário do vereador do PCdoB. Nada mais me estranha nessa política”, afirma o vereador petista, que é presidente da Comissão de Reparação da Casa Legislativa.
A cozinheira faleceu no dia 31 de janeiro de 2022, assim como milhares de outras vítimas. “Ela, como tantas outras pessoas negras, lutou até o último minuto, enfrentando as complicações provocadas pela covid. E compramos briga com isso porque achamos justo, tem um monte de ruas de Salvador com nome de coronéis que nada fizeram pela cidade. E espero que o prefeito Bruno Reis [UB] sancione e reconheça nesse projeto a resistência das mulheres negras contra o racismo e o machismo, tudo que simboliza Alaíde do Feijão. A não sanção desse projeto de lei em respeito à memória dela, será considerado um ato de racismo e machismo”, completa Suíca.
Sobre a homenageada
Alaíde Conceição, mais conhecida como ‘Alaíde do Feijão’, nasceu no bairro do Comércio, em Salvador. Filha de Maria das Neves, herdou da mãe os talentos culinários e seguindo os seus passos, mantendo viva a tradição da matriarca, com a venda dos quitutes e pratos diferenciados. Em 1993, abriu seu primeiro restaurante no Centro Histórico, ampliando assim a variedade de refeições em seu cardápio. Em 2015, mudou-se da Ladeira da Ordem Terceira de São Francisco, para a Rua das Laranjeiras, transformando o seu antigo endereço em um Centro Cultural.