São funções do vice-prefeito, substituir o prefeito no caso de viagem ao exterior ou impedimentos e sucedê-lo em caso de renúncia, morte ou destituição do cargo por processo de impeachment. Além disso, o vice pode também exercer uma determinada função dentro da administração municipal. Contudo, na ciranda das eleições municipais tudo isso, pelo menos a princípio, é relegado a segundo plano. Cabe ao vice-prefeito a multiplicação dos votos.
A formação da chapa é feita através de diversas articulações e conchavos. Cada passo é minunciosamente calculado. Alguns pontos são sempre lembrados e levados em consideração, tais como: gênero, raça e religião. De acordo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA), a maior parte do eleitorado baiano pertence ao gênero feminino. Ao todo, são 5.473.207 eleitoras, o que representa 52,7% do total. Já o gênero masculino reúne 4.917.620 cidadãos, representando 47,3% do eleitorado. Então, não é estranho que, apesar do preconceito ainda latente em relação a candidaturas femininas, sobretudo na cabeça de chapa, alguns partidos e grupos contemplem alguma mulher como como candidata a vice. Em Salvador, a atual deputada federal, Lidice da Mata, foi, até então, a única mulher a se eleger prefeita. Em 2012, o atual prefeito, ACM Neto, foi eleito tendo em sua chapa Célia Sacramento.
Outro fator diz respeito às questões étnico-raciais. Salvador tem a maior população negra fora da África, entretanto jamais teve um gestor negro à frente do Palácio Tome de Souza. Entretanto, as campanhas contra as diversas formas de racismo e a própria afirmação do povo negro dentro do contexto social, torna quase que obrigatória a presença de um candidato afrodescendente dentro da chapa, nem que seja como simples coadjuvante. A sua presença dá o tom do politicamente correto à determinada chapa. Ou seja, o negro além de usado, é historicamente relegado ao segundo plano. “Eu vejo o futuro repetir o passado”, diria Cazuza. Dentro do Partidos dos Trabalhadores (PT), muitos defendem, além de uma candidatura própria, uma candidata negra. Ainda ontem prefeiturável Bruno Reis chamou à atenção sobre assunto. Destaque também para o PC do B, que lançou a pré-candidatura de uma negra e mulher: Olívia Santana.
Outra questão é aspecto religioso. A conquista do voto dos fiéis, sobretudo das igrejas neopentecostais, é vista como de fundamental importância no bojo eleitoral. A própria eleição do atual presidente da república, Jair Bolsonaro, é creditada ao voto dessa fatia da população. “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, dizia o slogan da sua campanha. Nessa conjuntura não é à toa o “cerca lourenço” em torno do deputado federal Sargento Isidório, cortejado por diversos pré-candidatos da base do governador Rui Costa. Do lado do prefeito ACM Neto, também são inúmeros os apoiadores que professam “em nome do senhor”.
Em tempos de Temer, Mourão e conspiração o seguro morreu de velho.
Tensionamento
Não podemos deixar de abordar sobre as articulações em torno das candidaturas e vice candidaturas. Existem aqueles que tensionam o processo e lançam pré-candidaturas de olho na vaga de vice em uma determinada chapa ou até pensando mais à frente. É o chamado fogo amigo, na popular chantagem. Existem alguns “experts” no assunto…
Orgulho
A questão da vaidade é algo corriqueiro no mundo da política. É comum ver determinado político se negar ao teórico papel de coadjuvante de “fulano” ou “ciclano” por pura vaidade. “Por que ele não vem ser meu vice ao invés de eu ser vice dele? Ele é melhor que eu em que?”, é o papo que rola. A escolha do cacique X pela candidatura de Z em detrimento de W pode ser o motivo de muita ciumeira e até de fim de casamento…