Dependência química: a experiência de quem saiu do fundo do poço

Não existe apenas luz no fim do túnel, existe um farol.” Com essa frase João Guilherme Farias, 38  anos, começa a contar sua experiência com as drogas. “Eu comecei a usar drogas aos 11 anos e logo com a cocaína.  Experimentei de tudo, drogas injetáveis, sintéticas; o namoro com a droga dura no máximo 3 anos. Depois vira um trem fantasma, quando eu tentei tirar minha vida duas vezes.  Meu próprio psiquiatra desacreditou de mim, disse que não tinha mais jeito.

O tratamento

O start foi perceber que eu não sentia mais prazer com a droga. Me dava desespero. Me internei em várias clínicas. O que me fazia recair era o excesso de tudo. Eu tinha três mães, dois pais, a não moderação me fazia ter comportamento compulsivo. Eu tinha um baixo limiar para frustração. Eu não sabia o que era resiliência,” relatou João Guilherme.

Aprendendo sobre seus próprios limites, João Guilherme pediu ajuda à família para se tratar. Ele defende ainda a internação involuntária – quando o paciente é levado pela família com indicação do médico, mesmo contra sua vontade – é benéfica e pode salvar vidas. “No começo o paciente pode ficar zangado, mas durante o processo de internação ele vai entender que foi o melhor porque não só a vida dele, mas da família dele, estava em frangalhos,” frisa João

O sucesso no tratamento

A fórmula é simples para o sucesso do tratamento: entrega total. Admitir que perdeu para droga. Reconhecer que aquilo só traz dor, sofrimento, destruição, aflição, desespero. Mas existe o processo de negação que todo dependente precisa vencer,” relatou.

Outros transtornos

O uso prolongado de substâncias psicoativas provoca o que os especialistas chamam de ‘adicção cruzada’, ou seja, com outras comorbidades, como transtornos mentais.  O adicto é prisioneiro das drogas. Não é falta de caráter. É uma doença que tem um código internacional (CID F17). No Brasil, segundo o levantamento nacional de álcool e drogas, 36% da população declara beber álcool regularmente, mais de uma vez durante a semana. A partir dele, há usuários que, motivados pelo próprio ambiente, procuram também experimentar anfetaminas, heroína, maconha, etc.

A dependência cruzada, como toda aquela relacionada a drogas, é extremamente prejudicial para a saúde e para a vida do paciente.  A dependência química tem a capacidade destrutiva de alterar os sentimentos e as ações dos dependentes, fazendo com que se afastem ou sejam afastados daqueles de seu convívio. Em um ambiente familiar, por exemplo, comportamentos violentos e depressivos podem resultar em brigas que tornam o contexto ainda mais delicado. Na situação de dependência cruzada, os problemas são potencializados, já que agem os efeitos colaterais de duas ou mais drogas.

O uso de drogas combinadas promove alterações danosas no sistema nervoso que podem tanto piorar quanto contribuir para o desenvolvimento de um quadro depressivo, especialmente em pessoas que já tenham predisposição genética.

O ambiente do tratamento

A internação é o caminho para o tratamento. Mas é preciso ter um ambiente adequado, com uma equipe multidisciplinar que conheça os processos e saiba o que fazer. “É importante que a instituição tenha um corpo clínico completo porque a desintoxicação sem o uso de farmacológico é quase impossível. A droga se reinventa e todo ano as grandes indústrias farmacêuticas progridem para se ajustar às novas substâncias,” explica João Guilherme.

João Guilherme usou a experiência com as drogas e a vitória no tratamento para uma mudança de vida. Longe das drogas há três anos, ele é diretor geral da Clínica Hospitalar Vida Serena, que atende dependentes químicos do Vale do São Francisco.

Além do internamento, a clínica oferece o serviço de ‘hospital dia’, quando o paciente passa o dia fora da clínica e volta para dormir. “Isso é quando o paciente não se sente totalmente seguro para o internamento,” destacou João.

Clínica Hospitalar Vida Serena

A Clínica Hospitalar Vida Serena está localizada numa área verde de 25 mil metros quadrados, a clínica oferece infraestrutura moderna e acolhedora. Com 600 metros quadrados construídos, a clínica tem capacidade para receber 37 pacientes. São dois consultórios, recepção, administração, escritório, salão polivalente, piscina, jardim e quadra poliesportiva.

Endereço: Rodovia Centro Pedrinhas – Condomínio Recanto das Águas, Chácara Vida serena, 620.O espaço fica aberto 24 horas de domingo a domingo. Para os pacientes e familiares, o contato pode ser feito através dos números: 87 – 99209-6678. Outras informações no Instagram:
clinicavidaserena_vsf.