Sessão solene foi requerida pelo vereador Suíca, que destacou a luta antirracista do grupo afro
Em sessão solene dupla, realizada na noite desta terça-feira (12), a Câmara Municipal de Salvador homenageou os 40 anos do bloco afro Olodum, concedendo a Medalha Thomé de Souza ao seu presidente, João Jorge dos Santos Rodrigues, e a Medalha Zumbi dos Palmares ao cantor e compositor Lázaro Araújo Muniz dos Santos, o Lazinho. O evento requerido pelo vereador Luiz Carlos Suíca (PT) foi realizado no Plenário Cosme de Farias, com condução inicial do presidente do Poder Legislativo, vereador Geraldo Júnior (SD).
O Olodum completou quatro décadas no dia 25 de abril deste ano. Ícone do samba-reggae, o grupo é, na visão de Suíca, um dos maiores instrumentos de luta contra o racismo. “Hoje é dia de comemorar os 40 anos do Olodum e todas a ferramentas contra o racismo. O Olodum faz este papel, juntamente como Ilê Aiyê e tantas outras entidades. Pensando em Olodum, não podemos esquecer de seus baluartes, que constituíram todo este significado”, salientou.
Conforme ressaltou, os homenageados sintetizam a ideologia do Olodum, que vai além da música. “João Jorge é um homem generoso e guerreiro; enquanto que Lazinho é sinônimo de luta e debate. É muito importante chegar até aqui e homenagear estes instrumentos de combate ao racismo, porque o Olodum é todo um contexto político de conscientização”, observou Suíca.
Peso da Casa
A Medalha Zumbi dos Palmares é dedicada a pessoas atuantes no combate ao racismo, discriminação e intolerância; e a Medalha Thomé de Souza é concedida a pessoas que tenham prestado relevantes serviços ao Município. As comendas foram entregues aos homenageados por familiares. “É sempre bom ser homenageado. Já aconteceu na Escócia, na França, na Espanha, em todo o mundo, mas faltava o peso daqui, do candomblé, faltava o peso desta Câmara”, disse João Jorge.
Muito emocionado, Lazinho fez questão de agradecer amigos e familiares. Recordou das dificuldades pessoais, da construção do Olodum e constatou: “Nós fizemos história”. Lazinho ainda cantou clássicos do Olodum e lembrou de Neguinho do Samba – inventor do samba-reggae.
Bravos e destemidos
O presidente da Câmara, vereador Geraldo Júnior, exaltou a importância de João Jorge e Lazinho como agentes na luta antirracista e iniciou o discurso citando Martin Luther King: “Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados pela cor da sua pele”. O chefe do Legislativo ainda lamentou os sucessivos casos de racismo. “Não vão conseguir vencer a coragem do povo negro, porque aqui temos bravos e destemidos ativistas”, declarou.
Presidente da Comissão de Reparação na Casa, o vereador Moisés Rocha (PT) afirmou que “se não fosse o Olodum, o Ilê, nossos compositores, músicos, não teríamos tantos avanços. Este é um momento único, que mostra nossa força e o quanto temos avançado”.
A solenidade dupla contou com apresentações da escola percussiva do Olodum e contou com a presença de personalidades ligadas ao movimento negro. A vereadora Marta Rodrigues (PT) e o vereador Sílvio Humberto (PSB) prestigiaram o evento.
Além dos citados, também integraram a mesa solene o presidente do Ilê Aiyê, Antônio Carlos dos Santos (Vovô do Ilê); José Bites de Carvalho (Universidade Estadual da Bahia); Paulo Miguez (Universidade Federal da Bahia); Ana Angélica Rabello (Sindlimp); Zulu Araújo (Fundação Pedro Calmon); Ângela Fraga (Fundação Casa de Jorge Amado); Arlete Soares (Editora Corrupio); major Jamerson Queiróz (18º BPM); delegada Marita Souza (Deltur); Alberto Pita (Cortejo Afro) e Soraya Torres (Hotel Matizes).