Nos dias 23, 24 e 25 de setembro, o Guetho Square recebe a nata percussiva mundial, com nomes como Lobo Nuñes, Marcos Suzano, Michele Abu, Japa System e Massamba Diop
Após abrir o ano lançando dois novos álbuns, ser condecorado com a Medalha Luiz Gama (uma das principais honrarias concedidas pelo IAB), lançar o seu primeiro musical infantil, e se apresentar no Carnaval de Londres com o primeiro trio totalmente sustentável da história, Carlinhos Brown se prepara para receber, nos dias 23, 24 e 25 de setembro, no Candyall Guetho Square, expoentes do cenário percussivo mundial no LALATA – II Festival Internacional de Percussão. Para deixar a festa ainda mais especial, o multi-instrumentista vai presentear o público com uma performance histórica: depois de quase dez anos sem desfilar nas ruas, os Zárabes marcam a abertura do LALATA, mostrando a força percussiva que transformou a história do Candeal com ritmos nascidos das experimentações entre este artista que reposicionou a música percussiva no cenário nacional, e os músicos do bairro.
O II Festival Internacional de Percussão é uma realização da Pracatum, com patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com concepção e direcionamento artístico da empreendedora Cultural Selma Calabrich, diretora executiva da Escola de Música e Tecnologia que completa 28 anos de atuação e transformações educativo-sociais no bairro do Candeal.
Mais uma vez a diversidade e a originalidade da música instrumental percussiva irão posicionar a capital baiana como centro de produção, difusão e intercâmbio dessa arte, contemplando três estilos de percussão contemporânea: de Rua, de Efeito e Eletrônica. Mais do que um evento para ser vivido e celebrado pelo público, o LALATA é a celebração da história do bairro do Candeal, que há muitas gerações vem revelando ao mundo sua musicalidade, nascida de uma população visceralmente ligada às suas matrizes africanas e que tem no tambor seu ícone de libertação. Além disso, o festival faz o devido reconhecimento à música instrumental percussiva, traço cultural intrínseco da Bahia.
A abertura do LALATA acontece dia 23 com Carlinhos Brown e os Zárabes, às 16h. No mesmo dia, sobem ao palco do Ghetho Square SKLAU – Manifesto ao Tambor, com Mestre Mario Pam (Salvador); Bira Lourenço e Catatau (Rondônia) com o show Sons de Beira; Japa System (Salvador); o senegalês Massamba Diop; e a banda Trietá (Salvador).
No dia 24, o II Festival Internacional de Percussão traz o projeto Lactomia (Salvador) abrindo a programação às 15h, seguido de Dede Mundo (Salvador); Pandeiro Repique Duo (Rio de janeiro); Buginganga (Salvador); Orlando Costa (Salvador); Lobo Nuñes (Uruguai); e Atabasabar (Salvador), com Marcus Musk.
O terceiro dia de festival abre com a Roda de Timbau do Candeal, também às 15h, e na sequência temos Território Sonoro (Salvador); Michele Abu (São Paulo); Aguidavi do Jêje (Salvador); Marcos Suzano (Rio de Janeiro); Roberto Vizcaino (México); e, fechando a noite, Carlinhos Brown. E tudo isso sob um cenário exclusivo assinado pelo consagrado artista plástico baiano Bel Borba, que vem buscando inspiração nas especificidades da comunidade do Candeal para cumprir essa missão.
Carlinhos Brown e os Zárabes – Tudo começou com o movimento musical de vanguarda Vai Quem Vem, que funcionou, nos anos 1980, como um laboratório na criação de sons e de novos instrumentos, deixando um legado de mais de 30 ritmos e desencadeando um processo de invenção rítmica na qual se destacam inovações performáticas e instrumentais. Do movimento, que consolidou o timbau como uma marca da estética musical do bairro Candeal, surgiu o Zárabes em 1995, onde centenas de percussionistas se reúnem para uma homenagem à cultura muçulmana, presente na formação étnica e cultural de África, que também passou parte de sua herança para a Bahia.
Intérprete de cultura, criador de movimentos, compositor de versos, instrumentos e sonoridades e nome fundamental para a música e a cultura brasileira e mundial, Carlinhos Brown traçou uma potente trajetória artística que dedica aos mestres encontrados no caminho, tendo lugar cativo e especial o Mestre Pintado do Bongô. “Vindos de sua filosofia vital e musical, os ritmos são ativos da natureza, como as árvores, motores que fazem com que a roda da Terra gire. O cosmos escuta quando soa a batucada, e então tudo ganha mais chances de fluir naturalmente”, pontua o mestre rítmico que já formou mais de 15 mil percussionistas pelo mundo.
Estando entre os precursores do movimento Axé Music, criou, também, a Timbalada, a Bolacha Maria, a Pracatum, o Guetho Square, o histórico e lendário estúdio Ilha dos Sapos, o Museu du Ritmo, o Selo/Editora Candyall Music, entre outros milhares de projetos, além de contabilizar mais de 800 canções registradas e mais de mil gravações cadastradas no banco de dados do Ecad – Escritório Central de Arrecadação e Distribuição. É ainda o primeiro músico brasileiro a fazer parte da Academia do Oscar e a receber os títulos de Embaixador Ibero-Americano para a Cultura e Embaixador da Justiça Restaurativa da Bahia.
Há 28 anos a Pracatum atua através de uma metodologia participativa, comunitária, articulando com parceiros, desde empresas, órgãos governamentais e pessoas físicas, que mobiliza um conjunto de possibilidades e parcerias. Afinal, uma comunidade forte é aquela que tem o coletivo como ideal.
Sobre a Pracatum – Desde a sua criação, a Associação Pracatum tem desenvolvido uma sistemática de ações a partir de três eixos: educação, cultura e desenvolvimento comunitário, por meio de seus dois programas, a Pracatum – Escola de Música e Tecnologias e o Tá Rebocado.
De maneira fluida, a Associação Pracatum foi se organizando e crescendo no decorrer dos anos através da oferta de cursos de capacitação e qualificação de nível básico, médio, profissional, o fomento de pesquisas e a promoção de eventos culturais, mostras, oficinas, workshops e festivais. Iniciativas legitimadas pela própria comunidade do Candeal Pequeno e ancoradas na missão de valorizar os saberes e demandas do bairro, tendo como marca o transbordamento social, fortalecendo e ampliando os trabalhos direcionados à tríade de atuação com outras comunidades a nível nacional e internacional.
Movida por um olhar integrado e sistêmico, desenvolve seus programas pautada em uma metodologia participativa, baseando-se na descentralização do poder, na transversalidade das relações, no compartilhamento e democratização dos saberes junto à comunidade.
O resultado de décadas de atuação da Associação Pracatum tem sido um sentimento de corresponsabilização e de pertencimento dos agentes envolvidos com a memória coletiva viva do Candeal Pequeno, pulsando em um só corpo coletivo as marcas, riquezas e lutas que tecem este território cultural percorrido de profundas histórias.
CONHEÇA AS ATRAÇÕES DO LALATA
Roberto Vizcaino (México) – Roberto Vizcaino trabalhou ao lado do maior número de artistas e grupos relevantes de seu tempo: Grupo Proyecto liderado por Gonzalo Rubalcaba, Silvio Rodriguez, Orlando Valle “Maraca” e Otra Visión, Compay Segundo (com quem gravou o álbum “Calle Salud”). Menção especial merece para o trabalho no Quarteto de Jazz do Pianista Chucho Valdés
Massamba Diop (Senegal) – Um dos mais renomados mestres do tama, um tambor falante do Senegal, África Ocidental, conhecido por sua capacidade de replicar os sons da fala humana. Entre seus trabalhos mais recentes, está uma apresentação solo de percussão entre as canções da trilha sonora do filme Pantera Negra.
Bira Lourenço e Catatau (Rondônia) – A dupla tem uma proposta de imersão sonora, explorando as sensações, a percepção e a memória, através da captura de sons do cotidiano e da brasilidade amazônica. Sons de Beira é um espetáculo percussivo construído através de pesquisas de sons em ambientes naturais, com laboratórios e audições in loco, relatos de ribeirinhos e indígenas, apresentando um conjunto de timbres e ritmos do cotidiano amazônico.
Trietá (Salvador) – Grupo percussivo performático que nasceu da união de três mulheres percussionistas que atuavam a mais de vinte anos no mercado musical acompanhando grandes artistas, o Trietá reúne a percussividade de Daniela Penna, Lenynha Oliveira e Ratinha, e conta também com a presença do experiente coreógrafo e diretor Jorge Silva.
Lobo Nuñes (Uruguai) – Músico e luthier de tambores uruguaio, Lobo Nuñes nasceu no Bairro Sul de Montevidéu e é descendente de uma família de músicos. Quando não toca tambor, dedica-se a construí-lo. Tocou e gravou com Opa, Rubén Rada, Jaime Roos, os irmãos Hugo e Osvaldo Fattoruso, Mariana Ingold, Eduardo Mateo, Ketama, Jorge Drexler, entre outros.
Pandeiro Repique Duo (Rio de Janeiro) – Pandeiro Repique Duo traz a dupla Bernardo Aguiar e Gabriel Policarpo, que seguem os passos de grandes pandeiristas, expandindo ainda mais as capacidades deste instrumento incrivelmente poderoso, também desenvolvendo rica paleta timbrística no repique, que antes estava ligada quase exclusivamente à tradição do samba.
Marcos Suzano (Rio de Janeiro) – com sua técnica de tocar o pandeiro “ao contrário”, trabalhando a utilização dos graves, e a aplicação do instrumento em ritmos brasileiros, além do uso de elementos eletrônicos.
Orlando Costa (Salvador) – Conhecedor e pesquisador de instrumentos percussivos de diversas origens e estilos, Orlando Costa atua como percussionista há mais de 35 anos e conseguiu criar sua forma única de tocar, acompanhando artistas brasileiros e estrangeiros e participando de diversas turnês Internacionais.
Aguidavi do Jêje (Salvador) – Criado pelo percussionista Luizinho do Jêje, o Aguidavi do Jêje é um grupo Afro percussivo inovador, referendado nos toques de candomblé da nação Jeje-Mahin. Uma orquestra de atabaques que se auto intitula Ritual Percussivo, e que traz uma das mais interessantes e diferentes sonoridades na música contemporânea baiana.
SKLAU – Manifesto ao Tambor, com Mestre Mario Pam (Salvador) – Percussionista, compositor, professor de música, Mario Pam é militante e pesquisador da Música Afro Brasileira.
Japa System (Salvador) – Percussionista, produtor e compositor, Japa System passou por grupos como a Timbalada e o Baiana System, e entregou ao público o primeiro álbum em carreira solo em 2021, intitulado “Sistema Percussivo Integrado”, onde juntou timbau e atabaque a baldes e frigideiras, sonoridades tiradas de barras de ferro e cascas de árvores com sintetizadores, samplers e bases eletrônicas, ressaltando sua identidade musical.
Buginganga (Salvador) – Apresentando a sonoridade do tambor com bases rítmicas e a percussão de efeitos com melodias no tempo certo, dando nova roupagem e suavidade nas composições musicais, o Bugiganga traz à frente o músico Boghan Gaboott, nascido no bairro do Candeal, que já tocou com grandes artistas a exemplo de Caetano Veloso, Carlos Santana, Gilberto Gil, Marisa Monte, Daniela Mercury, Sérgio Mendes e o mestre Carlinhos Brown.
Michele Abu (São Paulo) – Multi-instrumentista de atuação diversificada, Michelle Abu transita facilmente por diferentes estilos musicais, que vai desde a música popular ao rock nacional, até ritmos regionais e de raiz, imprimindo em todos eles suingue e marcas próprios, resultado de 25 anos de estrada.
Território Sonoro (Salvador) – Resgatando ritmos do grande acervo musical da cultura afro-baiana e latino-americana, o grupo Território Sonoro, nascido no Candeal, reúne os músicos Eric Costa, Fagner Batista, Vinícius Santana e Lucas Vinícius, que juntos desenvolvem um trabalho instrumental percussivo com influências mundiais.