Jornal inglês aponta Bahia como ‘o clube mais progressista do Brasil’

O Bahia foi tema de uma reportagem especial do The Guardian, um dos principais jornais da Inglaterra. Com o título de “Como o Bahia se tornou o clube de futebol mais progressista do Brasil”, a matéria aborda, em especial, as recentes ações realizadas pelo clube baiano voltadas para questões sociais. “O Bahia reduziu preços, deu voz aos torcedores, abordou questões políticas e se dedicou ao ‘carinho, integração e amor'”, resume a reportagem antes iniciá-la.

O primeiro assunto abordado é o manifesto feito pelo Bahia em defesa das praias do Nordeste, que foram atingidas por manchas de petróleo desde o início de setembro. No jogo contra o Ceará, em 21 de outubro, o time tricolor entrou em campo com um uniforme manchado de óleo.

O texto destaca que a ação feita pelo clube não foi uma surpresa para os torcedores do Brasil, uma vez que, ‘ao longo dos últimos dois anos, o clube tem desenvolvido uma reputação como o clube mais democrático e socialmente engajado do país, desenvolvendo campanhas para problemas como o racismo, direitos LGBTQ, a demarcação de terras indígenas e o tratamento das torcedoras nos estádios de futebol’. A matéria tem o presidente Guilherme Bellintani como um dos principais personagens. Entrevistado pelo tabloide inglês, ele afirma que seu mandato é focado em três objetivos: garantir o clube financeiramente, alcançar sucesso no campo e implementar ações afirmativas. O mandatário tricolor recorda os momentos de crise vividos pelo Bahia, incluindo o ano de 2013, quando o Bahia passou a contar com eleições diretas. “O clube foi efetivamente administrado por três famílias ou personalidades por décadas. Todos eles tinham características muito semelhantes: antidemocráticas e populistas. Eles acumularam muita dívida e seus projetos foram de curto prazo”, conta Bellintani.

O racismo é outro tema abordado pela reportagem, dando destaque para Roger Machado, um dos dois técnicos negros na Série A. ‘Ele ganhou as manchetes no mês passado, quando fez um discurso poderoso em uma entrevista coletiva pós-partida, condenando o racismo estrutural na sociedade brasileira’, diz o texto, recordando a histórica entrevista de Roger após o jogo contra o Fluminense, do técnico Marcão, pela 25ª rodada do Brasileiro.

“Acordei com um sentimento tão grande de pertencer a Salvador. A Bahia [Estado] e o Bahia [o clube] me capacitaram, me deram a coragem de fazer essa declaração. Ser inserido nesse contexto realmente me ajudou a responder à questão dessa maneira. Se, no final do livro da minha vida, estiver escrito: ‘Esse indivíduo ajudou a construir o esporte, mas, acima de tudo, ajudou a usar o esporte como uma ferramenta de transformação’, poderei morrer em paz'”, recorda o The Guardian.

Fonte: Uol