A Baía de Todos-os-Santos (BTS) completa 521 anos de descoberta pelos portugueses nesta terça-feira (1º). Patrimônio Cultural da Humanidade, a segunda maior baía navegável do mundo tem um papel importante para o desenvolvimento econômico do estado e das cidades situadas no entorno, dentre elas a capital baiana.
Pensando nisso, desde junho de 2021, o Comitê Náutico de Salvador vem realizando uma série de iniciativas visando promover as atividades náuticas enquanto vetor de desenvolvimento econômico, turístico e de preservação dos recursos naturais dessa porção marítima tão rica. Nesse período, o comitê atualizou o projeto Estratégias para o Desenvolvimento da Economia Náutica de Salvador e elaborou o Manual de Licenciamento e Legalização de Marinas e Similares, para facilitar a regularização das empresas do setor.
“O ano de 1501 ficou marcado por essa importante descoberta feita pela frota comandada por Gonçalo Coelho e pelo piloto Américo Vespúcio. A Prefeitura Municipal de Salvador busca resgatar essa legítima herança, recolocando a cidade diante do seu destino marítimo, e fazendo valer, sob o ponto de vista socioeconômico, uma das mais vigorosas vocações do nosso povo. Dispondo a Bahia do maior litoral do país, um dos mais belos e propícios do globo para desenvolvimento das atividades náuticas, o segmento vem crescendo impulsionado pelas grandes potencialidades do meio ambiente, pelo turismo, e pela vocação e paixão do seu povo pelo lazer, esporte e convívio com o mar”, conta a coordenadora do Comitê Náutico de Salvador, Eliana Dumet.
A BTS conta com uma área de 1.233 km², com uma profundidade média de 6 metros e uma máxima de 70 metros, de águas mornas, ideais para o banho e mergulho. Dentre as da costa leste brasileira, ela é a única que apresenta dez terminais portuários de grande porte. Além disso, o acidente geográfico conta com duas outras baías de menores dimensões, as de Iguape e de Aratu e com 56 ilhas, sendo a de Itaparica a maior ilha marítima do país. Há de se destacar, ainda, que a cidade é uma das poucas do mundo, cujo espetáculo do pôr do sol acontece na linha do mar.
Iniciativas – Entre as iniciativas mais importantes no âmbito do comitê náutico para a valorização do desenvolvimento econômico, turístico e preservação ambiental desse patrimônio da humanidade, Eliana destaca a construção, recuperação e modernização de nove rampas públicas para atracação de embarcações de pequeno porte e de jet skis. As ações foram realizadas em São Tomé de Paripe, Porto da Barra, Itapuã, Porto dos Tainheiros (Ribeira) e na Baixa do Bonfim.
“Também estamos em fase de elaboração da Via Náutica com projeto realizado pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), que vai conectar os píeres do Porto da Barra, da Praça Cairu e da Ponta de Humaitá, para incentivar os passeios turísticos e o transporte de embarcação”, informou a gestora.
Está prevista ainda a construção do Porto dos Saveiros, em Plataforma, onde se organizará a Feira do Recôncavo, que vai servir para comercializar os produtos da região, transportados em saveiros. “Além disso, estamos com um projeto em curso de Arqueologia Subaquática e Etnografia do Mar, na mesma localidade, para estudar, em parceria com a Universidade Federal da Bahia (Ufba), os 151 naufrágios acontecidos na BTS, bem como os sambaquis do seu litoral. O porto deve conter um equipamento para os visitantes visualizarem em tempo real esses estudos no fundo do mar em painéis de LED”, acrescentou.
A lista de ações também envolve um Calendário de Eventos Náuticos, entre os quais já foram realizados o Rali e Tour das Ilhas de Jet Sky (a partir do Jet Clube da Barão de Cotegipe, na Praia de Cantagalo). Em agosto do próximo ano, a capital receberá o Grand Pavois, um dos maiores salões náuticos do mundo, que traz uma grande oportunidade aos interessados em conhecer as novidades em tecnologias e serviços náuticos, em um esforço para movimentar a economia deste setor na cidade.
“Nossa Baía de Todos-os-Santos será palco de um grande evento internacional em 2023, que vai aquecer o turismo náutico e a economia do município, colocando nossa capital em destaque. Tudo isso só foi possível devido à sensibilidade da Prefeitura em implantar o Comitê Náutico”, destacou a secretária de Cultura e Turismo, Andrea Mendonça.
Parques marinhos – Os Parques Marinhos da Cidade Baixa e Barra, por sua vez, já estão com planos de manejo contratados e devem consolidar a proteção ambiental das localidades onde serão instalados, com o mapeamento e preservação da biologia marinha local – fauna, flora e corais.
“Salvador também deverá ganhar Centro de Atendimento Náutico (CAT), a ser construído no Doca 1, com vistas a desburocratizar os licenciamentos dos velejadores, sobretudo estrangeiros, atraídos para a nossa BTS, considerada uma das dez mais belas do mundo e a maior do Brasil”, concluiu Andrea Mendonça.
Regulamentação – Criado através do Decreto Municipal 28.231/2016, o Comitê Náutico de Salvador foi regulamentado em meados do ano passado. Com 13 membros titulares e respectivos suplentes, o grupo é presidido pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult) e possui como membros governamentais a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur), Empresa Salvador Turismo (Saltur), Secretaria de Turismo do Estado da Bahia (Setur), Superintendência do Patrimônio da União (SPU-BA) e Marinha do Brasil.
Também fazem parte do Comitê Náutico a Associação Comercial da Bahia (ACB), o Yacht Club da Bahia (YCB), Aratu Iate Clube, Empresa Regatta, B3 Estaleiro, Associação dos Transportadores Marítimos da Bahia (Astramab) e Bahia Marina.
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