Inspirado no Tarot de Marselha, montagem faz temporada até 25 de novembro em TCA, com 22 cenários montados nas dependências e áreas externas do teatro, e proposta de fruição imersiva
Deficientes visuais integram amanhã (18) a plateia do espetáculo TAROT em cartaz no Teatro Castro Alves. A sessão acontece das 14h às 17h com o apoio do Instituto de Cegos da Bahia, e é voltada para o público deficiente visual em geral e também do instituto. Alunos de escolas públicas da periferia de Salvador também participam da apresentação, que contará com uma equipe de audiodescritores, atuando como roteiristas e narradores. TAROT é um espetáculo cênico instalativo que, em caráter inédito, monta 22 cenários nas áreas externas e dependências do teatro para realizar a sua proposta de fruição imersiva, quando o público vivencia e o experimenta o espetáculo, no lugar de assisti-lo. A direção artística é do cenógrafo e diretor de arte Luis Parras, e a direção de cena é de Fernanda Paquelet. A montagem segue temporada até o dia 25. Ingressos (R$ 20 e R$ 10) à venda no Sympla.
O diretor artístico de TAROT, Luis Parras, realça que oespetáculo é disruptivo não apenas por montar cenários em locais inusitados do TCA, como o foyer, o jardim suspenso, a antiga bilheteria e as escadas que descem para Concha Acústica, mas também por ser a primeira montagem itinerante realizada no Brasil em que o foco não está no trabalho de ator, mas sobretudo na cenografia e nos efeitos especiais. Reside nesse aspecto a motivação de envolver o público de deficientes visuais na fruição do espetáculo. Tendo a cenografia como protagonista, surge a ideia de proporcionar a todas as pessoas uma construção de visualidade e sensorialidade de sua própria sorte e experiência.
Tudo começa quando cada participante sorteia uma carta do baralho que define seu destino dentro da montagem. Como o nome já sinaliza, a peça inspira-se nos arquétipos e arcanos do tarot, mais especificamente do Tarot de Marselha, e a carta sorteada define o jogo que cada pessoa irá percorrer, cada um composto por 7 ambientes. A visita é guiada por mediadores e acontece coletivamente, uma vez que a plateia se divide em quatro grupos para fazer a sua imersão. O espetáculo é voltado para maiores de 16 anos. Ao final do trajeto, cada pessoa terá percorrido a sua jornada arquetípica, mas não terá conhecido todos os seus ambientes do espetáculo, uma vez que a ideia é seguir a lógica do tarot, onde a escolha das cartas compõe o jogo que irá se revelar.
“Em diálogo com o Instituto dos Cegos sob a produção de acessibilidade de Sandra Rosa e sua equipe, nos dedicamos ao desenvolvimento do material em braille e a audiodescrição. Ao receberemos na mesma sessão deficientes visuais do instituto e do público espontâneo junto com alunos de escolas públicas, realçamos a importância de conceber o encontro entre videntes e não videntes e todos os sentimentos e sensações aflorados por essa experiência”, comenta a produtora executiva e assistente de direção artística do espetáculo, Patrícia Bssa.
Ao fim do trajeto, a narrativa construída vai depender do repertório de cada participante da plateia e da sua reação a determinadas situações dos arquétipos (ambientes) visitados, que trazem reflexões sobre cotidiano, política, filosofia, psicologia, além de uma gama infinita de dispositivos que os oráculos podem acionar em cada pessoa. “O tarot é um jogo do inconsciente. Assim como os sonhos, o tarot possui a capacidade de despertar em nossa consciência aspectos ocultos do inconsciente, então esperamos que ao imergir nesses cenários, inspirados no baralho, o espectador tenha a mesma experiência de um jogo numa cartomante ou diante de um psicólogo, mas ao invés de fazerem isso de uma forma passiva, terão uma vivência completamente sensorial, a partir de cores, temperaturas, sons, imagens, através do tato e do paladar. A proposta é que cada participante vivencie sensorialmente cada arquétipo”, explica o diretor Luis Parras.
O foco na cenografia tem relação com o fato de TAROT ter nascido como resultado do Curso de Formação em Construção do Espaço Cenográfico, ministrado por Luis Parras e pela produtora de arte Patrícia Bssa entre os meses de setembro a outubro de 2022, no qual as cartas do Tarot de Marselha foram o ponto de partida para as criações dos 13 participantes. “Através da análise de seus símbolos, dos arquétipos representados e de uma investigação de seus semelhantes na história das artes, foram construídos os projetos cenográficos. Durante o processo criativo usamos textos dos livros O Caminho do Tarot, de Alejandro Jodorowsky e Jung, e o Tarô de Sallie Nichols”, explica Parras, ele próprio um estudioso do tarot há 26 anos.
Curiosidade – Ao ocupar 22 espaços não convencionais do TCA, TAROT se transformou numa montagem imensa, uma empreitada para a qual foi necessária uma grande mobilização de outros grupos de teatro no sentido de disponibilizar elementos cenográficos prontos, utilizados em outros espetáculos, capazes de viabilizar tamanho desafio, tanto por questões orçamentárias como de tempo.
Sendo assim, a sua cenografia conta com fragmentos de vários outros cenários de espetáculos teatrais baianos dos últimos 20 anos, dos diretores e diretoras Alda Valéria , Bergson Nunes , Anderson Dantas, Andrea Elia, Caio Rodrigo, Duda Woyda, Guilherme Hunder, Thiago Romero, Grupo Teca / Marconi Araponga / Roberto Mezzotino.
“É uma honra para o TAROT retornar a cena objetos e elementos cenográficos que constroem e compõem a história do teatro e da cenografia na Bahia. Um reencontro de público e técnicos com os espetáculos a partir da cenografia e do espaço de cena”, comenta Patrícia Bssa.
O projeto conta com a parceria do Centro Técnico do TCA na cessão do espaço e apoio com figurino, costura e cenotecnia e empréstimo de objetos e mobiliário de outras peças teatrais baianas que fazem a guarda de seu material no Armazém Cenográfico. A produção executiva do espetáculo tem assinatura da Multi Planejamento Cultural, que também assina a realização junto com a Telurica Produções Artísticas e a Banana da Terra Projetos Artísticos.
O Governo da Bahia apresenta o espetáculo cênico instalativo TAROT, contemplado pelo Edital Setorial de Teatro 2019, com apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda, Fundação Cultural do Estado da Bahia e Secretaria de Cultura da Bahia.
SERVIÇO:
Espetáculo Cênico Instalativo TAROT
Local: Dependências do Teatro Castro Alves – TCA
Datas: 17 de novembro (quinta-feira) – 20h às 22h
18 de novembro (sexta-feira) – 14h às 17h – Sessão/ Instituto de Cegos
21, 22, 23, 24 e 25 de novembro (segunda a sexta-feira) – 20h às 22h
Ingressos: R$ 20 e R$ 10
Vendas: Sympla
Link de Vendas: https://www.sympla.com.br/evento/tarot/1782211