Ainda sem data de lançamento no Brasil, o filme “Marighella” foi exibido neste domingo (17) numa sessão esgotada em Lisboa. Em debate após a exibição, Wagner Moura, diretor da produção, disse ser vítima de censura. “A censura no Brasil hoje é um fato. Interditaram a cultura”, afirmou.
“Nós sabíamos que seria dificílimo fazer este filme. Estou muito preparado com isso [ameaças], não tenho problema nenhum em debater. O que eu não estava preparado era para o filme não estrear no Brasil, quando nós já tínhamos uma data de estreia, tudo combinado.”
Previsto para estrear em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra e mês em que a morte do guerrilheiro completa 50 anos, o filme teve o lançamento cancelado em setembro (relembre aqui).
Em nota, a O2 Filmes afirmou que os produtores “não conseguiram cumprir a tempo os trâmites exigidos pela Ancine (Agência Nacional do Cinema)”.
“Vou continuar lutando para que a estreia aconteça. Espero lançar no ano que vem”, disse Moura. Aplaudido em diversos momentos, Moura criticou o presidente Jair Bolsonaro e as políticas culturais do governo. “‘Marighella’ não é um caso isolado. Bolsonaro declarou guerra à cultura”, disse.
Segundo o ator e diretor, Bolsonaro age com “vingancinha” contra a classe artística que o critica.
Esgotada com quase uma semana de antecedência, a exibição de “Marighella” faz parte do Lefest (Lisbon & Sintra Film Festival). Com o sucesso de público, o filme ganhou uma sessão extra, no dia 24.
A exibição deste domingo teve na plateia o ex-presidente do Equador Rafael Correa, a quem Wagner Moura dedicou a apresentação.
Baseada na biografia “Marighella – O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo”, de Mário Magalhães, a obra é estrelada por Seu Jorge, na pele de Carlos Marighella. Adriana Esteves e Bruno Gagliasso também estão no elenco.
Apesar de não ter perspectivas para estrear nos cinemas brasileiros, a obra dirigida por Moura poderá virar uma série exibida em quatro capítulos na Rede Globo. De acordo com a colunista Patrícia Kogut, do O Globo, o longa será exibido nas telas da platinada em 2020.
Por Giuliana Miranda – Folhapress